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No acumulado em 2020, IPCA registra avanço de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%, ficando agora acima do piso da meta central do governo para o ano, que é de 2,5%. Alta no mês foi puxada pelo aumento nos preços de carnes, arroz, óleo de soja, leite e gasolina. ===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Darlan Alvarenga e Daniel SIlveira, G1
09/10/2020 09h01 Atualizado há 3 horas
Postado em 09 de outubro de 2020 às 12h05m
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IPCA registra alta de 0,64% em setembro, maior alta para o mês desde 2003
Puxada pela alta nos preços de alimentos e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, avançou 0,64% em setembro, acima da taxa de 0,24% registrada em agosto, divulgou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da maior alta para um mês de setembro desde 2003 (0,78%) e da maior taxa do ano.
No acumulado em 2020, o IPCA passou a registrar alta de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%, acima dos 2,44% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Com o resultado, a inflação segue abaixo da meta central do governo para o ano, que é de 4%, porém agora acima do piso para 2020, que é de 2,5%.
IPCA - setembro/2020 — Foto: Economia G1
O resultado ficou acima da mediana das projeções de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de 0,54% de aumento. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,40% até 0,65%.
Alimentos puxam alta
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 7 tiveram alta em agosto. A maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 ponto percentual) no índice geral vieram do grupo alimentação e bebidas, puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%.
Outros produtos que subiram na cesta das famílias foram o tomate (11,72%), o leite longa vida (6,01%) e as carnes (4,53%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-11,80%), da batata-inglesa (-6,30%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).
Já os preços dos transportes (0,70%) avançaram pelo quarto mês seguido, com a gasolina registrando alta de 1,95% em setembro e representando, sozinha, uma contribuição de 0,09 ponto percentual na taxa oficial de inflação do mês. A gasolina é o subitem de maior peso no índice geral. No acumulado no ano, porém, ainda tem queda de 4,10%.
Dos cinco principais impactos individuais no IPCA de setembro, 4 foram do grupo de alimentação e bebidas (carnes, arroz, óleo de soja e leite longa vida) e um de transportes (gasolina).
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta nos preços de alimentos como arroz e óleo está relacionada ao dólar alto e à maior demanda interna.
"Pelo lado da demanda, tem um impacto do auxílio emergencial, que tem garantido a manutenção do consumo, sobretudo das famílias mais pobres. Pelo lado da oferta, tem também o impacto do câmbio, com aumento significativo das exportações de produtos como o arroz e a soja", destacou.
O grupo vestuário apresentou alta (0,37%), após quatro meses em queda, acompanhando a recuperação das vendas do comércio.
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Alimentos e transportes foram os grupos com maior impacto na taxa de inflação de 0,64% em setembro — Foto: Divulgação/IBGE
- Alimentação e bebidas: 2,28%
- Habitação: 0,37%
- Artigos de residência: 1%
- Vestuário: 0,37%
- Transportes: 0,70%
- Saúde e cuidados pessoais: -0,64%
- Despesas pessoais: 0,09%
- Educação: -0,09%
- Comunicação: 0,15%
De acordo com o IBGE, o maior impacto negativo em setembro, ou seja, que ajudou a segurar o indicador, partiu dos planos de saúde (-2,31%), que contribuiu com -0,10 p.p. O gerente da pesquisa destacou que o aumento nos preços dos planos foi suspenso pela ANS, o que retirou peso da inflação. "Com isso a gente retirou do índice de setembro as parcelas que haviam sido incluídas de maio a agosto”, disse.
Serviços ainda acumulam deflação no ano
Os custos de serviços avançaram 0,17% em setembro, após deflação de 0,47% em agosto, confirmando a recuperação mais lenta do setor, que tem se mostrado o mais impactado pela pandemia de coronavírus. No acumulado no ano, os preços de serviços ainda registram deflação de 0,05%.
Entre as quedas no mês, destaque para os custos com costureira (-0,59%), cabeleireiro (-0,37%), cursos diversos (-0,77%) e hospedagem (-0,47%).
Em meio à flexibilização das medidas de restrição e do isolamento social, alguns serviços já começam a registrar aumento nos preços. A alimentação fora, por exemplo, teve alta de 0,82% em setembro, após deflação de 0,11% no mês anterior. As passagens aéreas tiveram a maior variação, de 6,39%, ante recuo de 1,97% em agosto. Já o aluguel de veículos teve aumento de 5,14%.
Preços sobem em todas as regiões do país
Em setembro, todas as 16 regiões pesquisadas tiveram alta nos preços. Campo Grande (1,26%) teve o maior índice. Outros destaques de alta foram Fortaleza (1,22%), Rio Branco (1,19%), Goiânia (1,03%) e São Luís (1,00%). Já a menor inflação foi registrada na região metropolitana de Salvador (0,23%),
O IPCA é calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos. A pesquisa abrange dez regiões metropolitanas e seis municípios.
Perspectivas e meta de inflação
Apesar da disparada nos alimentos nos últimos meses, a expectativa de inflação para este ano segue bem abaixo da meta central do governo, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 2,12% em 2020, conforme a última pesquisa Focus do Banco Central.
Após a divulgação do resultado de setembro, o Itaú anunciou que revisou sua projeção para o IPCA de 2,5% para 3,% em 2020, "incorporando aceleração adicional no preço de alimentos até o final do ano". O banco estima alta próxima de 15% em alimentação no domicílio em 2020.
Para 2021, foi mantida a projeção de 2,8%. "Os principais riscos para as projeções são de desancorarem fiscal e perda de credibilidade das políticas fiscal e monetária, com efeitos potenciais sobre as expectativas inflacionárias", observou.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano, subindo para 2,5% no final de 2021.
Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
Embora a inflação oficial permaneça sob controle no país, a alta do custo de vida tem pesado mais no bolso dos mais pobres. O índice da FGV que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos, por exemplo, acumula alta de 4,54%, permanecendo em nível superior ao da inflação sentida pela população de maior renda.
INPC tem maior alta para setembro desde 1995
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice de referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, teve alta de 0,87%, maior resultado para um mês de setembro desde 1995 (1,17%). No ano, o INPC acumula alta de 2,04% e, nos últimos 12 meses, de 3,89%.
Inflação foi maior para os população com menor renda
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