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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Bovespa cai quase 5% com intervenção na Petrobras; ações da estatal recuam em 20%

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Papéis da estatal tiveram forte queda com troca no comando da petroleira e temores de intervenção do governo na política de preços de combustíveis. Banco do Brasil também desaba.  
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Por Darlan Alvarenga e Raphael Martins, G1  
22/02/2021 09h45 Atualizado há uma hora
Postado em 22 de fevereiro de 2021 às 11h00m

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Bovespa cai mais de 5%; Petrobras despenca 20%
Bovespa cai mais de 5%; Petrobras despenca 20%

A bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em forte queda nesta segunda-feira (22), após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na noite de sexta-feira a indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras e com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco de ingerência governamental nas demais estatais.

O Ibovespa caiu 4,87%, a 112.667 pontos. Na mínima do dia, o índice foi a 111.650 pontos. Veja mais cotações.

A principal pressão no índice vem do tombo nos papéis da Petrobras. As ações ordinárias (PETR3) derretiam 20,48%, a R$ 21,55, e as preferenciais (PETR4) tinham baixa de 21,51%, a R$ 21,45. A empresa tem peso de 10,27% no Ibovespa.

Na bolsa de Nova York, a Nyse, o tombo era semelhante. As ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras recuavam 20,25%.

Segundo levantamento da Economatica, com o tombo nas cotações, a Petrobras perdeu em poucas horas nesta segunda-feira quase R$ 75 bilhões em valor de mercado. Foi a segunda maior queda diária em valor da mercado da Petrobras desde o início do plano Real. Na sexta-feira, a petroleira já tinha encolhido R$ 28 bilhões.

Os temores se estendem à intervenção do governo federal na política de preços do setor de energia e na gestão de estatais. Além da petroleira, o Banco do Brasil acumulou perda expressiva. A Eletrobras começou o dia em queda, mas se recuperou.

  • Banco do Brasil (BBAS3): -11,65%
  • Eletrobras (ELET3): -0,69%
  • Eletrobras (ELET6): -0,17%
  • Petrobras (PETR3): -20,48%
  • Petrobras (PETR4): -21,51%

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,64%, a 118.420 pontos, acumulando baixa de 0,84% na semana. Na parcial do mês, o índice acumulou queda de 2,01%. No ano, a queda está em 5,26%.

O dólar também teve dia turbulento. A moeda norte-americana teve alta de 1,26%, a R$ 5,4554.

Variação do Ibovespa em 2020 — Foto: G1 Economia
Variação do Ibovespa em 2020 — Foto: G1 Economia


Juliana Rosa: ‘Clima de incerteza vai além da Petrobras’
Juliana Rosa: ‘Clima de incerteza vai além da Petrobras’

Cenário

Na noite de sexta-feira, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando muitas críticas. Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).

No sábado, Bolsonaro disse que precisa "trocar as peças que porventura não estejam funcionando". E que, "na semana que vem, teremos mais", sem dar mais detalhes. Bolsonaro também disse no sábado que vai "meter o dedo na energia elétrica", e que, se a imprensa está preocupada com a troca, "na semana que vem teremos mais".

A decisão e Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras repercutiu negativamente entre investidores, com vários analistas cortando a recomendação dos papéis, bem como reduzindo preços-alvo. A XP Investimentos, por exemplo, cortou a recomendação para os papéis da Petrobras de "neutro" para "venda" no domingo, em relatório sob o título "Não há mais como defender".

"As declarações recentes do presidente acendem um enorme sinal amarelo – senão vermelho ao cenário político local", afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, em comunicado a clientes.

Na cena doméstica, os investidores continuam de olho também nas discussões em torno de mais gastos com Auxílio Emergencial para a população vulnerável, em meio às preocupações com a saúde das contas públicas e rompimento do teto de gastos – considerado a âncora fiscal do país neste momento.

O relator da proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC), divulgou o parecer sobre o assunto nesta segunda.

O texto propôs que os gastos com o auxílio neste ano fiquem fora da regra do teto de gastos, criada para controlar o aumento das despesas públicas e ajudar a reverter a trajetória de alta da dívida. De acordo com o texto divulgado pelo senador, o dinheiro para pagamento das novas parcelas do auxílio deve vir de crédito extraordinário, o que permite que essa despesa fique fora do teto de gastos.

Além disso, a proposta acaba com os pisos para gastos em saúde e educação dos estados e municípios. Com isso, caso a proposta passe pelo Legislativo, os governantes ficam desobrigados de efetuar gastos mínimos nessas áreas.

Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda mostrou que os analistas do mercado elevaram a estimativa de inflação em 2021 para 3,82%, acima da meta central, que é de 3,75%. A expectativa para a taxa Selic no fim de 2020 subiu de 3,75% para 4% ao ano. Já a projeção para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 foi reduzida de 3,43% para 3,29%.

'Medida de caráter altamente populista', diz ex-secretário sobre mudanças na Petrobras
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