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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Produção industrial cai 0,6% em agosto, aponta IBGE

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Queda na produção de combustíveis pressionou desempenho negativo do total da indústria. No ano, setor acumula queda de 1,3% e, em 12 meses, o recuo é de 2,7%, resultados que mantêm o setor abaixo do patamar pré-pandemia.
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Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 05 de outubro de 2022 às 11h00m

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Replan, a maior refinaria de petróleo da Petrobras, fica am Paulínia (SP), em registro feito em maio de 2022 — Foto: Júlio César Costa/g1
Replan, a maior refinaria de petróleo da Petrobras, fica am Paulínia (SP), em registro feito em maio de 2022 — Foto: Júlio César Costa/g1

A produção industrial brasileira caiu 0,6 % na passagem de julho para agosto, impulsionada pela retração na produção de combustíveis. Trata-se do pior resultado para o oitavo mês do ano desde 2018, quando recuou 0,9%. É o que apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com agosto de 2021, houve crescimento de 2,8%. No ano, a indústria acumula queda de 1,3% e, em 12 meses, de 2,7%.

O resultado de agosto, que elimina o avanço de 0,6% registrado em julho, mantém o setor distante do patamar pré-pandemia, operando 1,5% abaixo do que se encontrava em fevereiro de 2020, e ainda mais longe do pico da produção, alcançado em maio de 2011 - está 17,9% abaixo deste marco.

Apesar disso, o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, avalia que há melhora no ritmo da produção industrial brasileira em 2022. Segundo ele, isso é expresso "na maior frequência de resultados positivos ao longo do ano", já que nos primeiros oito meses foram registradas cinco taxas positivas.

"Nesse mês, volta a marcar queda na produção, mas com a característica de ser um recuo concentrado em poucas atividades, uma vez que somente oito das 26 apontaram taxas negativas., destacou Macedo.

O resultado acumulado em 12 meses mostra que, a despeito da taxa mensal negativa de agosto, houve ganho de fôlego na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores, revertendo a trajetória de queda do indicador.


Combustíveis impulsionam queda

A retração na produção de combustíveis foi o que mais impulsionou, dentre as oito atividades que tiveram queda, o recuo da indústria geral na passagem de julho para agosto, segundo o gerente da pesquisa. A atividade classificada como coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis caiu 4,2%, em agosto, após ter crescido 1,7% em julho, exercendo a principal influência negativa sobre o resultado mensal.

Houve uma perda disseminada entre os produtos desse ramo industrial, com redução na produção de óleo diesel, óleos combustíveis, gasolina, álcool, entre outros. Mas essa atividade, em comparações mais alongadas, mostra um comportamento positivo. Ou seja, esse comportamento de queda de agosto é algo mais pontual, esclarece o pesquisador.

Outras influências negativas relevantes sobre o resultado de agosto partiram das indústrias de produtos alimentícios e das indústrias extrativas - a primeira com recuo de 2,6%, interrompendo três meses seguidos de alta em que acumulou crescimento de 6,0%, e a segunda com queda de 3,6%, eliminando a maior parte do ganho de 4,6% acumulado em junho e julho.

Esses três segmentos – derivados de petróleo, alimentos e extrativo – são os que mais pressionam a indústria como um todo. Juntos, eles respondem por cerca de 36% do setor industrial, enfatizou Macedo.

Veículos, máquinas, equipamentos e produtos químicos em alta

Dentre as 18 atividades que tiveram resultado positivo em agosto, as que mais se destacaram foram as de veículos automotores, reboques e carrocerias (10,8%), máquinas e equipamentos (12,4%) e outros produtos químicos (9,4%). As três têm peso relevante sobre o setor como um todo e haviam recuado em julho

A atividade de veículos automotores eliminou a queda de 6,0% verificada no mês anterior; a de máquinas e equipamentos interrompeu dois meses consecutivos de redução na produção, período em que acumulou perda de 13,7%; e outros produtos químicos voltou a crescer após recuar 7,8% em julho, destacou Macedo.

Bens de capital e duráveis avançam

As quatro grandes categorias econômicas mostraram, na passagem de julho para agosto, comportamento oposto ao que haviam registrado de junho para julho - duas voltaram a crescer, enquanto as outras duas tiveram queda. Veja abaixo o resultado de cada uma delas:

  • bens de capital: cresceu 5,2% - após ter recuado em junho e julho, acumulando queda de 5,2%;
  • bens de consumo duráveis: cresceu 6,1%, após ter recuado 6,7% em julho;
  • bens intermediários: caiu 1,4%, após ter avançado 1,5% em julho
  • bens de consumo semi e não duráveis: caiu 1,4%, após ter avançado 1,8% em julho

Com esses resultados, o setor industrial ainda não recupera as perdas do passado recente e apesar da melhora no fluxo de insumos, matérias-primas e dos estoques, a situação permanece ainda distante da normalidade, o que afeta diretamente o custo de produção, apontou o gerente da pesquisa.

Pelo lado da demanda doméstica, Macedo também ressaltou que, apesar das medidas de incremento de renda, as famílias continuam sendo afetadas negativamente por juros e inflação em patamares elevados. Isso aumenta os custos de créditos, diminui a renda disponível e faz com que as taxas de inadimplência fiquem em níveis mais elevados, acrescentou.

Crescimento interanual X base de comparação baixa

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a produção industrial brasileira cresceu 2,8%, resultado que interrompe dois meses consecutivos de queda neste tipo de comparação. Todavia, esse crescimento se deve, sobretudo, à baixa base de comparação, conforme enfatizou o gerente da pequisa.

É importante destacar que o crescimento observado no índice mensal de agosto foi influenciado não só pelo efeito calendário, já que agosto desse ano teve um dia útil a mais do que em 2021, mas também pela baixa base de comparação, uma vez que em agosto de 2021 a atividade industrial recuou 0,6% e interrompeu, naquele momento, 11 meses consecutivos de taxas positivas, ponderou Macedo.

Houve predomínio de taxas positivas na comparação interanual, com aumentos em todas as quatro grandes categorias econômicas e em 15 dos 26 ramos pesquisados.

Entre as atividades, as principais influências positivas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (19,3%), outros produtos químicos (10,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,0%) e produtos alimentícios (3,2%).

Do lado oposto, entre as 11 atividades em queda, partiu das indústrias extrativas (-7,3%) a influência negativa mais intensa, pressionada pela menor produção de minérios de ferro e óleos brutos de petróleo.

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