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Com a alta dos preços dos produtos, o lucro nominal das empresas aumenta e, portanto, a base de arrecadação também. É a mesma inflação que come a renda da população.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/05/10/inflacao
Postado em 10 de maio de 2022 às 23h30m
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Seja para um brasileiro ou para o Brasil, equilíbrio financeiro é gastar menos do que ganha. A diferença entre receita e despesa para o país deixa um saldo positivo. Resultado de seguidos recordes de arrecadação. Foram mais de R$ 164 bilhões em impostos e contribuições em março.
“Desde o ano passado, a gente tem assistido sucessivos recordes na arrecadação mesmo com alguns setores da economia não desempenhando tão bem quanto o esperado, dando alguns sinais de fraqueza e volatilidade. Isso acontece principalmente por causa de alguns fatores extraordinários e conjunturais que têm puxado a arrecadação”, explica Juliana Damasceno, economista da Tendências Consultoria.
Vai de contêiner o motivo da expansão da arrecadação do governo. O aumento das vendas de matérias-primas somado à alta de preços dessas commodities no mercado externo. E o aumento do lucro das empresas ligado à inflação. É o chamado imposto inflacionário.
Com a alta dos preços dos produtos, o lucro nominal das empresas aumenta e, portanto, a base de arrecadação do governo federal e dos governos estaduais também.
É a mesma inflação que come a renda da população aumenta a receita dos governos. Mas, no final das contas, o saldo é negativo para as finanças domésticas e públicas, porque para conter a escalada de preços, o Banco Central aumenta os juros. E assim, como a maioria das famílias brasileiras, o Brasil também carrega uma dívida.
“A gente tem dificuldades para identificar uma tendência estrutural de recuperação da receita. Nós não temos indícios suficientes para garantir que na ausência desses fatores conjunturais, dessas receitas extraordinárias, que foram motivadas no ano passado por conta da inflação, da depreciação do câmbio, por conta do maior preço das commodities, a gente não tem evidências de que na ausência desses fatores a nossa arrecadação conseguiria manter o seu nível”, afirma Juliana Damasceno.
“Como eu vou investir? Como alguém vai aplicar num negócio de longo prazo se aquela sociedade não consegue se entender como que ela paga as próprias contas dela? A gente ainda tem um buraco fiscal, na minha conta, de alguma coisa na ordem de R$ 200 a R$ 250 bilhões que a sociedade vai ter que resolver, seja por forma de aumento de impostos, seja por meio de redução de subsídios ou por meio de reformas que reduzam os gastos, para que a gente consiga construir uma situação fiscal que seja ao longo do tempo sustentável”, explica Samuel Pessoa, economista e pesquisador do Ibre/FGV.
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