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quinta-feira, 27 de junho de 2024

Dólar volta a operar em alta e bate R$ 5,53, com juros americanos e falas de Lula no radar; Ibovespa sobe

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No dia anterior, a moeda norte-americana teve alta de 1,20%, cotada em R$ 5,5188, no maior nível desde janeiro de 2022. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em alta de 0,25%, aos 122.641 pontos.
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Por g1

Postado em 27 de junho de 2024 às 15h15m

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Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik
Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik

O dólar inverteu o sinal observado pela manhã e voltou a operar em alta nesta quinta-feira (27), com investidores de olho em novos dados da economia norte-americana e segue repercutindo falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos Estados Unidos, o número de pedidos semanais por seguro-desemprego veio abaixo das expectativas do mercado, demonstrando uma continuidade da força da economia, o que pode atrasar ainda mais o início do ciclo de corte nos juros no país.

Já no cenário interno, o mercado ainda repercute uma entrevista do presidente Lula na véspera, em que ele disse que não indica o presidente do Banco Central (BC) para o mercado, mas sim para "tomar conta dos interesses do Brasil".

Hoje, Lula afirmou que "quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara".

Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, opera em alta, puxado pela Petrobras e empresas de papel e celulose.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Às 14h20, o dólar subia 0,11%, cotado a R$ 5,5251. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5384. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,20%, cotado a R$ 5,5188.

Com o resultado, acumulou:

  • avanço de 1,43% na semana;
  • ganho de 5,14% no mês;
  • alta de 13,73% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,65%, aos 123.439 pontos.

Na véspera, o índice fechou em alta de 0,25%, aos 122.641 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 1,07% na semana;
  • ganhos de 0,44% no mês;
  • perdas de 8,60% no ano.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

O que está mexendo com os mercados?

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a condução dos juros por parte do Banco Central (BC) em entrevista ao portal "Uol". Esse é um tema sensível para o mercado, que aguarda saber quem será o sucessor de Roberto Campos Neto na cadeira da presidente da instituição no ano que vem.

Sobre Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por seu governo e um dos mais cotados para a posição, Lula disse que "é um companheiro altamente preparado, conhece sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central."

"Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. Mercado tem que se adaptar a isso", argumentou Lula.

Lula também comentou as contas públicas, e disse que o governo está fazendo uma análise dos cortes de gastos que podem ajudar a equilibrar as contas.

"O gasto está sendo bem feito? O dinheiro está sendo utilizado para alguma coisa que vai melhorar o futuro deste país? Eu acho que está. Nós estamos agora fazendo uma análise aonde é que tem gasto exagerado, aonde é que tem gasto que não deveria ter, aonde é que tem pessoas que não deveriam receber e que estão recebendo. Isso com muita tranquilidade, sem levar em conta o nervosismo do mercado. Levando em conta a necessidade de manter política de investimento", disse o presidente.

Segundo Lula, o problema não é cortar, mas ter um panorama claro do que fazer.

"O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se a gente precisa aumentar a arrecadação", emendou Lula.

Ainda sobre corte de gastos, Lula disse garantir que não tomará medidas que mexam em salário mínimo e em benefícios sociais — por exemplo, desobrigando a correção desses valores pela inflação do período. "Garanto, salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República", disse.

Na terça-feira, um dos fatores de piora do câmbio foi divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Após sete reduções seguidas na taxa Selic o colegiado decidiu fazer uma pausa no ciclo de cortes e manter os juros em 10,50% ao ano.

A decisão veio em linha com as atuais expectativas do mercado, mas ainda representa uma previsão maior de juros para 2024 em relação ao observado no começo do ano, além de indicativos de que os riscos que o BC leva em conta para mexer na Selic estão mais preocupantes.

O comitê informou, no documento, que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma "atuação firme" da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá "vigilante". Além disso, avaliou que "eventuais ajustes futuros" na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, "serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".

Lula voltou a criticar a decisão, reforçando no mercado as dúvidas sobre o futuro dos juros no país. "O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de 10,50% quando a inflação está a 4%? Não é culpa sequer do BC, é culpa da estrutura que foi criada. BC vai ter plano de meta de crescimento? A gente vai avançar para isso".

"Continuo criticando a taxa. Acho que não deveria ser o presidente que criticasse, mas é preciso que empresários do setor produtivo, CNI [Confederação Nacional da Indústria], Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], ao invés de reclamar do governo deveriam fazer passeata contra taxa de juros", completou.

Outro ponto que deu força ao dólar nos últimos dias e continua a repercutir foi a declaração da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros dos Estados Unidos estável "por algum tempo" provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle.

Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes menos atrativos, o que inclui o Brasil. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.

"A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva", disse Bowman em comentários preparados para uma apresentação em Londres.

Bowman disse ainda que conflitos regionais podem pressionar para cima os preços da energia e dos alimentos, e condições financeiras mais frouxas ou estímulos fiscais também podem estimular a inflação.

"Se os dados que estão chegando indicarem que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à nossa meta de 2%, será apropriado em algum momento reduzir gradualmente a taxa de juros para evitar que a política monetária se torne excessivamente restritiva", disse ela.

Entretanto, Bowman destacou que a economia "ainda" não chegou a esse ponto, acrescentando que "permanecerá cautelosa" em sua abordagem da política monetária e previu que os bancos centrais de outros países poderão afrouxar mais cedo ou mais rapidamente do que o Fed.

Os investidores estarão atentos à divulgação na sexta-feira de números do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, para reiterar a posição de Bowman. Analistas projetam estabilidade, ante alta de 0,3% em abril.

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