Nesta segunda-feira (18), a moeda norte-americana avançou 1,23% e foi cotada R$ 5,5194. --------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++--------- Por g1 Postado em 19de outubro de 2021 às 10h35m
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O dólar
fechou em alta de 1,23%, cotado a R$ 5,5194, nesta segunda-feira (18),
mesmo depois de o Banco Central inserir mais de US$ 1 bilhão no mercado
de câmbio por meio de venda líquida de contratos de swap cambial
tradicional, em meio a riscos que vão da inflação global às incertezas
fiscais domésticas.
Com resultado, a moeda norte-americana fechou com alta de 1,35% no mês e de 6,40% no ano.
No exterior, o dia começou negativo, com aumento de temores de piora na
situação da inflação global, devido à alta nos preços de energia, em
especial na Europa.
Dados da China também reforçam o sentimento negativo: dados divulgados mais cedo mostraram que a economia do país cresceu 4,9% no terceiro trimestre, em bases anuais – o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2020, afetado pela pandemia da Covid.
O resultado também ficou abaixo das previsões. Analistas consultados
pela agência AFP projetavam um crescimento de 5%. A segunda maior
economia do mundo se recuperou da pandemia, mas a recuperação está
perdendo fôlego, prejudicada também pela atividade fabril vacilante e
desaceleração no consumo.
Nos EUA,a produção industrial caiu 1,3% emsetembro,
na comparação com o mês anterior, indicando mais uma desaceleração – o
indicador já havia caído 0,1% em agosto (houve uma revisão, antes havia
um ganho de 0,4% no período), após uma alta de 1% em julho.
O dado ficou bastante descolado da estimativa dos economistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, de alta de 0,2%.
Bolsonaro, sobre a conta de luz: ‘Vou determinar que bandeira volte ao patamar normal’
Levantamento do Ibre/FGV, com base em relatório do FMI, aponta que disparada dos preços foi mais intensa aqui do que no restante do mundo; explicação, segundo economistas, está na desvalorização do real frente ao dólar devido à crise institucional e às incertezas fiscais. --------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++--------- Por Bianca Lima e Luiz Guilherme Gerbelli, GloboNews e g1 19/10/2021 06h01 Atualizado há 2 horas Postado em 19 de outubro de 2021 às 08h25m
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Inflação do Brasil em 2021 será maior que a de 83% dos países
A inflação é um problema global – mas não é igual no mundo todo. No Brasil, ela deve encerrar o ano maior que a de 83% dos países, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Os dados utilizados pelo estudo do Ibre foram colhidos do último relatório "World Economic Outlook", elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e divulgado na semana passada – e que alertou para os riscos da alta generalizada de preços.
"Países que tinham zero [de inflação], agora estão em 4%, 5%. Países que tinham 4%, 5%, agora estão em 8%, 9%. Isso acontece, mas tem de haver resposta política", afirmou ele no início deste mês.
A estimativa do FMI é a que a inflação brasileira encerre o ano em 7,9% – no acumulado de 12 meses até setembro, oÍndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)chegou a 10,25%. Se a projeção do fundo se confirmar, o Brasil vai registrar uma inflação bem acima da apurada entre os países emergentes (5,8%) e também da média mundial (4,8%).
IPCA tem alta de 1,16% em setembro e atinge 10,25% em 12 meses
Todos os anos, nos meses de abril e outubro, o FMI atualiza as suas projeções para diversos indicadores macroeconômicos, como inflação, Produto Interno Bruto (PIB) e investimento, para um grupo de quase 200 países.
Ranking da inflação — Foto: Economia g1
O levantamento deixa evidente que a piora da inflação tem sido mais intensa no Brasil que no restante do mundo. No relatório de outubro do ano passado, por exemplo, a previsão era que a nossa economia teria uma inflação maior que a de 57% dos países. No relatório de abril, esse patamar subiu para 70%. E agora está em 83%.
"O que agrava a situação do Brasil é a nossa moeda, que segue desvalorizando mais do que a média das outras divisas", afirma André Braz, pesquisador do Ibre.
A previsão do FMI para a inflação brasileira pode ser considerada conservadora. No relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, os analistas consultados estimam um IPCA de 8,69% para 2021. Nesse cenário, a alta de preços no Brasil supera a de 86% das nações.
Inflação é problema global
Quase todos os países passaram a lidar com uma alta de preços mais intensa neste ano.
Com a retomada da economia, depois de superada a fase mais aguda da pandemia, a cotação das commodities subiu e se somou ao desarranjo nas cadeias de produção – a crise sanitária paralisou ou reduziu a produção em muitos setores industriais. Essa interrupção provocou uma escassez de produtos, pressionando os custos em todo o mundo.
"O mundo está se recuperando mais rapidamente por causa dos estímulos fiscais adotados pelas grandes economias. São investimentos importantes para aquecer a atividade", afirma Braz. "Mas o efeito colateral desse aquecimento rápido é uma busca muito grande por recursos de commodities, como petróleo e carvão."
A piora do quadro inflacionário em todo o mundo fica evidente no aumento das projeções do FMI - entre os relatórios de outubro de 2020 e deste ano. Aqui, também fica claro que a disparada da inflação no Brasil foi mais intensa do que no restante dos países.
Brasil tem a 3ª inflação mais alta entre os países do G20
Por que no Brasil é pior?
Desde o ano passado, a inflação brasileira passou a ser pressionada pela alta dos preços dos alimentos, resultado justamente da valorização das commodities.
Em tese, a alta das commodities deveria fazer com que o real se valorizasse em relação ao dólar, ajudando no combate à inflação. Isso porque o Brasil é um grande exportador de produtos básicos, como soja e milho. Portanto, a entrada de dólares no país deveria fortalecer a moeda brasileira. Mas esse cenário não tem se confirmado: o real segue desvalorizado diante das incertezas nas áreas fiscal e política.
"A causa para a taxa de câmbio apreciar em vez de depreciar foi provocada pela crise institucional e por um certo flerte com a irresponsabilidade fiscal", afirma Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital e ex-diretor do BC. "Essas duas incertezas geraram uma percepção de risco dos investidores sobre o Brasil mais alta, e a taxa de câmbio depreciou."
O Brasil ainda lida com uma forte alta dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Em agosto, o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram a criação da bandeira tarifária "escassez hídrica", a mais cara desde a criação do sistema de bandeiras, em 2015.
‘Bandeira escassez hídrica’: governo anuncia tarifa ainda mais cara que a vermelha nível 2
O objetivo é compensar o custo do uso das termelétricas na geração de energia no país, em razão da ausência de chuvas, que vem reduzindo o potencial das hidrelétricas.
Juros em alta e crescimento em queda
Com a inflação em dois dígitos, o Banco Central tem sido obrigado a subir a taxa básica de juros (Selic) para tentar conter a escalada dos preços.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom),a Selic subiu 1 pontopercentual e alcançou 6,25%. Os analistas avaliam que mais aumentos devem vir pela frente. No relatório Focus, a previsão é que os juros encerrem o ano a 8,25%.
BC sobe juros para 6,25% ao ano para tentar conter inflação
"O Banco Central está subindo os juros de 1 ponto percentual em 1 ponto. É uma alta forte. E ele está dizendo que vai (subir) até onde precisar", afirma Figueiredo. "Aos números de hoje, a Selic deve ficar entre 8,5% e 8,75%."
Quando o BC sobe os juros, ele quer esfriar a economia, retardando o consumo das famílias e o investimento das empresas, com o objetivo de conter a escalada dos preços. Na prática, todo esse movimento da política monetária faz com que a economia cresça menos. Não à toa, já há economistas projetando um avanço do PIB abaixo de 1% em 2022.
"À medida que a gente tem que forçar o aumento de juros para conter ao máximo o espalhamento das pressões inflacionárias - ainda que não sejam por demanda, mas por fatores de custos de produção, energia e petróleo -, isso gera um desafio para o ano que vem", diz Braz.
"O efeito colateral desse aumento de juros é exatamente ter um crescimento econômico menor. Você está convencendo os agentes econômicos a adiar o investimento, que é fundamental para ter geração de emprego. E está tentando convencer as famílias a não comprar carro, apartamento, a não viajar", acrescenta.