Estão em situação pior que a do real moedas de países como Sudão do Sul, Nigéria e Egito, com histórico de conflitos civis. Argentina e Venezuela também têm perdas maiores. Levantamento foi feito pela agência classificadora de risco Austin Rating, com base em dados do BC. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por André Catto, g1
Postado em 28 de novembro de 2024 às 16h10m
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Notas de dólar. — Foto: Reuters
O real é a oitava moeda que mais perdeu valor frente ao dólar em 2024. É o que mostra um levantamento feito pela agência classificadora de risco Austin Rating, com base em dados do Banco Central do Brasil(BC).
A disparada da moeda norte-americana é uma reação do mercado aonovo pacote de corte de gastos do governo federal, anunciado na véspera pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e detalhado na manhã de hoje.
Os efeitos negativos das medidas refletem o cenário de incerteza em relação à sustentabilidade das contas públicas do país, apontam analistas. Apesar do corte de R$ 70 bilhões para os próximos dois anos, a interpretação do mercado é que o pacote é insuficiente para reduzir a dívida bruta em relação ao PIB.
Tanto o pacote de corte de gastos quanto a mudança no IR ainda precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional.
Veja o ranking de moedas abaixo:
Apesar da 8ª posição entre as moedas com maiores perdas, o real já chegou a ocupar, em junho, a 5ª posição no ranking de desvalorização, em uma lista de 118 países.
Na máxima desta quinta, o dólar comercial chegou a R$ 6,0029. Para a elaboração do ranking, entretanto, a Austin Rating considera as taxas de câmbio de referência Ptax, divulgadas diariamente pelo BC. Nessa modalidade, o dólar ficou cotado a R$ 5,9865.
Segundo o levantamento, a moeda do Sudão do Sul é a que mais se desvalorizou frente à moeda norte-americana em 2024, com perdas de 69,80%. Na sequência, estão as moedas da Etiópia e da Nigéria, com quedas de 56% e 47%, respectivamente.
Ocupa a outra ponta a moeda do Quênia, que se valorizou 21,20% no ano, seguida pelas moedas do Sri Lanka e da Libéria, que avançaram 11,40% e 8,30%, respectivamente.
"Entre os países piores do que o Brasil, temos nações que enfrentam algum problema de confronto civil, como Nigéria, Egito, Sudão do Sul e Gana, o que justifica a desvalorização", explica o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Na variação diária, o real atingiu nesta quinta-feira a maior desvalorização frente ao dólar entre as 118 moedas analisadas, com perdas de 2,6%. Em seguida, estão as moedas da Armênia, do Cazaquistão e do Tajiquistão, todas com quedas de 1,8% em relação à moeda norte-americana.
'Pacote saiu pela culatra': comentaristas analisam disparada do dólar após pacote de corte de gastos
Com mercado financeiro esperando o anúncio de um pacote de corte de gastos, surgiu a notícia de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve anunciar também nesta quarta-feira a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil a partir de 2026. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Redação g1 27/11/2024 09h02 Atualizado há um dia Postado em 28 novembro de 2024 às 06h00m
$.# Postagem - Nº 0.926#.$
— Foto: Freepik
O dólar disparou nesta quarta-feira (27) e chegou ao maior valor nominal da história: R$ 5,9124. A cotação bate o recorde anterior, registrado em maio de 2020, em meio à pandemia de Covid, quando a moeda americana atingiu R$ 5,9007.
A expressiva alta do dólar aconteceu assim que veio à tona uma notícia de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
deve anunciar a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$
5 mil por mês a partir de 2026. Essa é uma promessa de campanha do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT).
Acontece que o mercado financeiro esperava há semanas os detalhes de um
pacote de corte de gastos públicos por parte do governo federal, que
precisa reduzir as despesas para cumprir a meta de zerar o déficit
público em 2024.
A meta fiscal para 2024 e 2025 é de déficit zero — ou seja, de igualar
receitas e despesas para não aprofundar a dívida federal.
Atualmente, estão isentos os contribuintes que ganham até R$ 2.259,20
mensalmente. Caso se concretize, a leitura é que o anúncio deve acabar
se sobrepondo à divulgação das medidas de cortes de gastos e
representaria uma renúncia de impostos tamanha que dificultaria o
cumprimento das metas do arcabouço fiscal no futuro. (entenda mais abaixo)
Com a virada do mercado, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, também sofreu uma forte queda.
O dólar fechou em alta de 1,80%, cotado a R$ 5,9124. Na máxima do dia, bateu os R$ 5,9288. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,70% na semana;
ganho de 2,27% no mês;
alta de 21,84% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,04%, cotada a R$ 5,8080.
Ibovespa
O Ibovespa encerrou em queda de 1,73%, aos 127.669 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,12% na semana;
perdas de 1,57% no mês;
recuo de 4,85% no ano.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,69%, aos 129.922 pontos.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O real tem sofrido uma desvalorização acentuada há semanas, conforme
aumenta a cautela dos investidores com a condução das contas públicas
brasileiras. Quando os gastos públicos estão elevados, o mercado passa a
desconfiar da capacidade do país de arcar com suas dívidas no médio e
longo prazo.
Havia uma grande expectativa do mercado financeiro de que a equipe
econômica do governo federal apresentasse algum pacote de cortes nos
gastos públicos logo após o segundo turno das eleições municipais no
Brasil. Foram vários adiamentos desde então.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou
que faria um "pronunciamento à Nação" em cadeia nacional de rádio e
televisão. O tema do discurso não foi detalhado pelo governo. Uma imagem
foi divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da
República, no entanto, com o lema: "Brasil Mais Forte. Governo
eficiente. País justo."
Segundo o ofício do governo enviado à Empresa Brasil de Comunicação
(EBC), o pronunciamento tem 7 minutos e 18 segundos de duração.
Com uma grande espera do mercado pelo anúncio de um novo pacote de
cortes de gastos pelo governo, a notícia, que tinha tudo para ser bem
recebida pelos investidores, se mostrassem um comprometimento do governo
em cumprir com o arcabouço fiscal (conjunto de regras de equilíbrio
orçamentário). Mas o efeito foi o contrário.
Com os rumores de que Haddad também deve anunciar a isenção do Imposto
de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026, os
agentes entendem que o pacote de cortes pode perder a força, e até
comprometer a trajetória da dívida pública no futuro.
Segundo a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, se
de fato acontecer, a medida, que era uma promessa de campanha de Lula
(PT), será considerada uma vitória da ala política do governo, já que
tudo indica que a equipe econômica foi contra o anúncio neste momento.
De acordo com a economista, a estimativa é que a medida, se aprovada, poderá custar R$ 40 bilhões por ano aos cofres públicos.
"Ou
seja, o dia, que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção
de despesas, poderá contar também com um aumento considerável nos gastos
do governo. Na dúvida sobre se o anúncio será conjunto ou não, e sobre
se o financiamento da isenção do IR será outro além do pacote de gastos,
o mercado, claro, se posicionou de forma bastante defensiva", explicou
Veronese.
A leitura, segundo a economista, é que se o financiamento da isenção de
IR vier do pacote de gastos, o valor de R$ 70 bilhões "passa a ser
irrisório".
"O que se viu a partir de então foi uma escalada do dólar, a abertura
dos juros e a queda na bolsa. A única coisa que nos resta é aguardar
pelo pronunciamento de Haddad e entender as medidas, as fontes de
financiamento e a estrutura do pacote", acrescentou.
Apesar de o detalhamento do pacote ainda não ter sido anunciado pelo
governo, já se especula no mercado, pelas apurações da imprensa ao longo
dos últimos dias, de onde deve vir a contenção de despesas.
Entre as medidas previstas, estão:
A inclusão da política de aumento do salário mínimo nas limitações do arcabouço fiscal; na prática, o mínimo poderá ser reajustado em patamares inferiores aos atuais;
Uma proposta, enviada ao Congresso, para acabar com salários acima do teto constitucional, os chamados supersalários;
Um chamado para que beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), atualizem seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos;
E mudanças nas regras de aposentadorias e pensões dos militares.
Mesmo assim, o mercado ainda aguarda as demais medidas para entender
como o governo pretende lidar com as contas públicas nos próximos anos.
A ideia é que, com os cortes, o governo consiga equilibrar a situação das contas públicas e honrar o arcabouço fiscal. Contas
mais controladas são bem vistas por investidores porque aumentam a
confiança de que o país será capaz de arcar com suas dívidas.
A decisão de atrelar o anúncio ao pacote de cortes tem como objetivo
passar a mensagem de que o governo Lula não está fazendo o ajuste fiscal
apenas em cima dos mais pobres.
O custo estimado para a isenção é de R$ 50 bilhões por ano, que supera a
economia prevista com as medidas de contenção de gastos, entre R$ 30
bilhões e R$ 40 milhões.
Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o mercado recebe
negativamente a notícia da isenção porque "não tem como pensar em um
cenário em que essa isenção vá beneficiar o consumo das famílias em um
nível suficiente para compensar o que seria ganho através da cobrança do
imposto de renda para essa população".
Assim, os investidores esperam maior previsibilidade e clareza sobre
como o governo pretende fazer essa compensação de gastos e receitas,
para avaliar se a medida será sustentável.