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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Banco Mundial prevê alta de 3% do PIB do Brasil em 2021, abaixo da média mundial

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Crescimento também será menor que a média de países emergentes e que da região da América Latina e Caribe. Falhas no sistema de vacinação contra a Covid-19 para normalização da economia podem fazer os números ficarem ainda mais modestos.  
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Por G1  
05/01/2021 13h00 Atualizado há um dia
Postado em 06 de janeiro de 2021 às 13h30m

 .*  Post. N. = 0.183  *. 

PIB: Além de controlar a pandemia, o Banco Mundial reforça que é necessário esforço para implementar reformas que incentivem investimentos para retomada do crescimento. — Foto: Divulgação/Aen
PIB: Além de controlar a pandemia, o Banco Mundial reforça que é necessário esforço para implementar reformas que incentivem investimentos para retomada do crescimento. — Foto: Divulgação/Aen

O Banco Mundial estima um crescimento de 3% para o Brasil em 2021, segundo projeções divulgadas nesta terça-feira (5) no relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais". A quantia está abaixo do crescimento da economia global, que deve ser de alta de 4%.

Os cálculos também dão conta que o Brasil deve ficar para trás também em relação a outros países da região. A América Latina e Caribe devem acumular crescimento de 3,7% em 2021. Ao menos neste comparativo, a queda brasileira em 2020 será menor que os vizinhos: -4,5% contra -6,9%, sempre segundo o Banco Mundial.

O Brasil vem abaixo da média do PIB agregado dos emergentes, que deve ser de 5%, puxada pela China. Os asiáticos devem crescer 7,9% em 2021. Mas mesmo excluindo-se os chineses, a alta seria de 3,4%.

As contas também são mais pessimistas que a previsão de crescimento do mercado financeiro brasileiro. O boletim Focus desta segunda-feira (4) traz expectativa média de alta de 3,40% do PIB para 2021.

A entidade condiciona os números à "implementação inicial generalizada" da vacina contra a Covid-19 ao longo do ano. Além de controlar a pandemia, o Banco Mundial reforça que é necessário esforço para implementar reformas que incentivem investimentos.

Embora a economia mundial pareça ter entrado em um período de recuperação moderada, os formuladores de políticas públicas enfrentam desafios tremendos — em termos de saúde pública, gestão da dívida, políticas orçamentárias, banco central e reformas estruturais — ao tentar garantir que esta recuperação global ainda frágil ganhe força e estabeleça a base para o crescimento robusto, afirma em nota o Presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass.

Estimativa do Banco Mundial para o PIB — Foto: G1 Economia
Estimativa do Banco Mundial para o PIB — Foto: G1 Economia

Revisão para cima

Nesta edição do relatório, a entidade afirma que a queda em 2020 será de 4,3%. Segundo o Banco Mundial, as contrações foram menos profundas nas economias avançadas e a retomada foi mais robusta que o previsto na China.

No primeiro impacto da pandemia, a entidade havia estimado uma queda de 5,2% do PIB global. A previsão para o Brasil era de afundamento de 8% da economia. Em outubro, os números foram revistos conforme ficou claro que fechariam 2020 mais brandos.

Uma nova surpresa, de controle mais eficaz da pandemia, poderia elevar a estimativa de crescimento do PIB global em 2021 para 5%.

Com combate à pandemia, contas públicas têm maior rombo da história
Com combate à pandemia, contas públicas têm maior rombo da história

Revisão para baixo

O Banco Mundial, contudo, expressa preocupação com a expansão fiscal realizada por países emergentes. Apesar de amenizar os efeitos durante a crise, a entidade lembra que a questão precisa agora ser endereçada.

"Nas economias em que as compras de ativos continuaram a expandir, sendo vistas como financiamento de déficits fiscais, esses programas podem erodir a independência operacional do banco central, sofrer o risco de deficiências da moeda que desancoram expectativas de inflação e aumentar as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida", diz nota.

É o caso de Brasil e seus vizinhos de América Latina e Caribe. Com queda agregada da região de 6,9% em 2020, a região assistiu à queda de renda, perda de empregos e inflação de alimentos. Diz o Banco Mundial que a normalização depende da implementação sem intercorrências da vacinação contra a Covid-19, caso contrário o crescimento médio de 3,7% poderia encolher para 1,9%.

"No Brasil, a confiança em alta do consumidor e condições de crédito benignas devem apoiar a recuperação do investimento e consumo privado, impelindo o crescimento para 3%. O setor de serviços se recuperará mais lentamente do que o setor industrial em razão da aversão ao risco persistente entre os consumidores", diz o texto.

E sobre a região, a nota prossegue: "Embora o estímulo fiscal seja necessário para amortecer o golpe da pandemia, o espaço fiscal já foi, em grande medida, esgotado e a dívida pública teve aumento acentuado. A credibilidade creditícia caiu em toda a região. A combinação de desigualdade enraizada de oportunidades, uma pior percepção da eficácia do governo e a elevação da pobreza poderiam reacender a instabilidade social."

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Por que as Bolsas bateram recordes em 2020 enquanto a economia mundial afundou

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Empregos em todo o mundo estão sendo perdidos, mas o mercado de ações global está crescendo. Afinal, o que está acontecendo? 
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TOPO
Por BBC  
06/01/2021 08h40 Atualizado há 4 horas
Postado em 06 de janeiro de 2021 às 12h45m

 .*  Post. N. = 0.182  *. 

Bolsa de valores — Foto: Getty Images, via BBC
Bolsa de valores — Foto: Getty Images, via BBC

Em todo o mundo, milhões de pessoas perderam seus empregos ao longo de 2020 ou receberam auxílio emergencial dos governos para poderem ficar em casa.

Ainda assim, as Bolsas de Valores recuperaram perdas, após as fortes quedas registradas em março do ano passado.

Os maiores ganhos foram registrados nos Estados Unidos, com a Bolsa de tecnologia Nasdaq em uma impressionante alta de 42%, e o índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto negociadas no mercado americano, com valorização de 15% no ano.

No Reino Unido, o índice FTSE 100, com suas petroleiras, bancos e companhias aéreas em dificuldades, todas bastante afetadas pela pandemia, as coisas não foram tão fáceis.

O índice fechou 2020 ainda 14% abaixo do início do ano, mas registrou alta constante nos últimos meses e recebeu um impulso extra no fim de ano, após o Reino Unido chegar a um acordo comercial com a União Europeia para o Brexit e com a aprovação de uma segunda vacina pela autoridade sanitária britânica.

No Japão, as ações se recuperaram após a aprovação das vacinas, com papéis de empresas farmacêuticas e de games liderando a valorização.

No Brasil, o Ibovespa se aproximou dos 60 mil pontos em março, uma queda de quase 50% em relação às máximas históricas registradas em janeiro.

Nos meses seguintes, no entanto, o principal índice da Bolsa brasileira se recuperou, principalmente devido à entrada de pessoas física em busca de retornos em meio aos juros mais baixos da história. Com isso, o Ibovespa fechou o ano da pandemia em alta de 3%.

O que explica a alta das Bolsas

Uma parcela da valorização registrada em 2020 é explicada pela forma como medimos a performance das Bolsas de Valores. Outra parcela se deve talvez a um entusiasmo exagerado, afirmam investidores.

Outro fator importante é a quantidade de dinheiro que está sendo injetada na economia global pelos bancos centrais de todo o mundo, dizem os especialistas.

Mas, por fim, há de fato algumas pequenas razões para otimismo.

Um fator importante a se considerar é que o valor das ações negociadas em Bolsa não diz respeito apenas ao momento presente, diz Sue Noffke, diretora de ações para o Reino Unido da gestora de recursos Schroders.

"Bolsas de Valores olham para o futuro, então elas funcionam como dirigir um carro — você mantém os olhos no horizonte, para além do buraco que está logo à sua frente", diz ela.

Os investidores estão apostando que as diversas novas vacinas aprovadas ou em desenvolvimento terão sucesso em trazer o crescimento das economias e as vendas de volta à normalidade.

Mesmo com milhões de desempregados em meio à pandemia, bolsas de valores recuperaram perdas, após as fortes quedas registradas em março passado — Foto: Getty Images, via BBC
Mesmo com milhões de desempregados em meio à pandemia, bolsas de valores recuperaram perdas, após as fortes quedas registradas em março passado — Foto: Getty Images, via BBC 

Eles também estão levando em conta a possiblidade de tomar empréstimos a baixo custo, o que é um fator de estímulo para as empresas.

Há também toda a liquidez que está sendo injetada pelos bancos centrais e os efeitos que isso tem sobre a economia mundial.

Somente o Banco da Inglaterra planeja comprar 895 bilhões de libras (R$ 6,5 trilhões) em títulos públicos e corporativos com dinheiro novo, através da política de estímulo monetário chamada em inglês de "quantitative easing" ("expansão quantitativa", em tradução livre).

Desde março de 2020, o Fed americano já comprou mais de US$ 3 trilhões (R$ 16 trilhões) em ativos.

Essas aquisições são parte de um esforço para manter o custo de tomar empréstimos baixo.

Enquanto esse dinheiro novo entra na economia através da compra de títulos, ele tem como efeito colateral elevar os preços dos ativos ao redor do mundo.

"O dinheiro se tornou mais barato, e dinheiro mais barato impulsiona a avaliação de ativos financeiros. É isso que tem dado suporte aos mercados de ações globalmente", diz Noffke.

Empresas grandes ditam o rumo

Quando avaliamos a performance de uma Bolsa de Valores, tipicamente olhamos para um índice, que é composto por um grupo de empresas.

O crescimento — ou não — de grandes companhias tem efeito maior sobre os índices do que os movimentos de empresas pequenas.

E, especialmente nos EUA, as grandes empresas se tornaram muito, muito grandes.

Isso significa que um bom ano para as gigantes de tecnologia, cujos lucros cresceram com mais pessoas trabalhando à distância, mascarou o péssimo ano de empresas como as companhias aéreas.

A Nasdaq, por exemplo, registrou forte valorização em 2020. Mas apenas cinco companhias — Alphabet (dona da Google), Apple, Microsoft, Amazon e Facebook — têm juntas quase o mesmo valor que as demais 95 que compõem o índice Nasdaq 100 combinadas.

"Você olha para a performance do índice e poderia pensar que o coronavírus não impactou a economia dos EUA em absoluto", diz Noffke. "E esse claramente não é o caso. Então os índices não são necessariamente representativos."

No Brasil, Ibovespa se aproximou dos 60 mil pontos em março, uma queda de quase 50% em relação às máximas históricas em janeiro. — Foto: Getty Images, via BBC
No Brasil, Ibovespa se aproximou dos 60 mil pontos em março, uma queda de quase 50% em relação às máximas históricas em janeiro. — Foto: Getty Images, via BBC

Tendência dos últimos dez anos

O domínio de algumas poucas grandes empresas sobre os índices coincidiu com a ascensão do chamado investimento passivo, no qual pensionistas, gestores de recursos e especuladores podem comprar participações em fundos de investimentos baratos que reproduzem a performance de um índice, os chamados ETFs ("Exchange Traded Funds", na sigla em inglês).

Assim, quando os investidores compram cotas nesses fundos, é como se comprassem as ações das empresas que compõem o índice de referência, o que ajuda a valorizar os preços.

"O que vemos nos últimos dez anos é uma saída de recursos de fundos ativos para fundos passivos e isso não mudou com a pandemia", diz Johannes Petry, pesquisador em nível de pós-doutorado dos mercados financeiros na Universidade de Warwick, no Reino Unido.

O pesquisador afirma que as empresas que supervisionam esses índices, que escolhem quais companhias entram neles e, por consequência, quais delas se beneficiam quando alguém investe num fundo de índice FTSE 100 ou Nasdaq, têm poder crescente.

Embora muitas empresas entrem para um índice ou saiam dele devido ao seu tamanho, isso não é regra. E decisões de administradores de índices podem resultar em que grandes empresas, como a varejista online britânica Boohoo, não façam parte de índices importantes como o FTSE 100.

Por exemplo, diz Petry, é estimado que a fabricante de carros elétricos Tesla, que entrou para o índice S&P 500 em dezembro, gerou uma demanda adicional de US$ 100 bilhões (R$ 530 bilhões) por suas ações, à medida em que fundos disputam para comprá-las.

Ficou tenso?

Dito tudo isso, as Bolsas podem estar a caminho de uma queda, diz Joe Saluzzi, sócio da corretora Themis Trading.

"Todo dia é um rali e todos estão céticos", diz ele. Embora muitos investidores acreditem que os mercados não podem subir eternamente, é difícil dizer quando virá a queda.

Saluzzi diz que observa um indicador publicado pela CNN chamado "Índice de Medo e Ganância", que varia de 0 a 100, com números mais baixos indicando medo e números mais altos indicando ganância.

Muito medo pode afundar os preços das ações bem abaixo de onde eles deveriam estar. Já quando os investidores ficam gananciosos, podem aumentar demais os preços dos papéis até níveis acima do razoável.

Esse índice chegou aos 92 pontos há pouco mais de um mês, indicando "ganância extrema", embora tenha perdido força desde então.

"Quando olho para isso, isso me diz que as pessoas não estão realmente tensas. E elas deveriam estar", diz Saluzzi.

Outro indicador que ele observa é a relação entre apostas de que o mercado vai subir, comparado às apostas de que ele vai cair. Recentemente, as apostas de alta superaram as apostas de queda pela maior proporção desde 2012.

"Um grande erro que as pessoas cometem é que elas fazem a mesma análise que acabamos de fazer e chegam à conclusão de que os preços estão altos demais e que é hora de sair", diz ele. "Mas as pessoas pensam: 'Eu sou mais esperto que o mercado'. Não, você não é. Ninguém é."

Razões para otimismo

No entanto, há alguns motivos para os mercados manterem o bom desempenho, pelo menos por mais algum tempo, diz Noffke.

Muitas pessoas que mantiveram seus empregos estão gastando muito menos e vão querer se divertir e fazer compras quando for possível, diz ela.

Além disso, a maioria dos governos de economias desenvolvidas não devem voltar às medidas de austeridade observadas após a última crise, a diretora acrescenta.

Mas, quando os mercados caírem, será interessante observar como os investidores reagirão, diz Saluzzi. Especialmente os mais jovens, que experimentaram primordialmente mercados em alta e com rápida recuperação. Eles são uma parcela pequena, mas ativa do mercado.

"Eles não foram testados no campo de batalhas. Não estão nos mercados há muito tempo", diz o especialista. "A coisa fica feia rapidamente."

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