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terça-feira, 11 de abril de 2023

Dólar cai a R$ 5 e tem menor patamar em 10 meses, após inflação abaixo do esperado no Brasil

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A moeda norte-americana caiu 1,17%, cotada a R$ 5,0067; foi a menor cotação da divisa desde junho de 2022.
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Por g1

Postado em 11 de abril de 2023 às 12h35m

            Post. N. =  0.621           

Notas de dólar — Foto: pasja1000/Creative Commons
Notas de dólar — Foto: pasja1000/Creative Commons

O dólar fechou a sessão desta terça-feira (11) em forte queda, voltando aos R$ 5,00 e no menor patamar desde 10 de junho de 2022, quando havia encerrado em R$ 4,9871.

Investidores repercutiram o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio abaixo do esperado pelo mercado, e se animaram com a perspectiva de que uma queda de juros possa estar mais próxima.

Ao final da sessão, a moeda norte-americana caiu 1,17%, cotada a R$ 5,0067. Na mínima do dia, chegou a R$ 4,9894. Veja mais cotações.

Na véspera, o dólar teve alta de 0,17%, cotada a R$ 5,0660. Com o resultado de hoje, o dólar passou a acumular perdas de 1,23% no mês e de 5,14% no ano.

Inflação desacelera para 0,71% em marçoInflação desacelera para 0,71% em março

O que está mexendo com os mercados?

O destaque da agenda hoje é interno, com o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador subiu 0,71% em março, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de mercado era de alta de 0,77%.

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.

O grande destaque no mês foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% e teve impacto individual de 0,39 ponto percentual (p.p.) no índice. Trata-se de um efeito da reoneração dos combustíveis, determinada pelo governo federal no fim de fevereiro.

O grupo de Transportes teve a maior alta do índice em março, com a subida de 2,11% no mês. O segmento registrou impacto de 0,43 ponto percentual no IPCA. Além da gasolina, o etanol teve alta de 3,20% em março. No acumulado de 12 meses, contudo, ambos têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.

O resultado do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro — uma desaceleração, portanto.

Mas, uma das principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de 0,25% em março. Também é uma redução de ritmo relevante em relação a fevereiro, quando subiu 1,41%, mas a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando 7,63%.

"Os destaques são ativos mais ligados a juros, tendo em vista essa leitura de IPCA mais fraco em conjunto com o arcabouço fiscal, que também foi visto de maneira positiva pelo mercado", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

"O Brasil não havia aproveitado o momento de melhora nos ativos de risco, esperando o arcabouço. Agora, temos a recuperação de setores com peso no índice e que tinham voltado lá fora, como os bancos. Agora, com inflação mais baixa, varejistas e incorporadoras também se beneficiam com a queda de juros", afirma.

O analista lembra que o dólar passa por um momento de fraqueza desde o chacoalho no setor bancário dos Estados Unidos, após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature. Havia a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) fosse obrigado a parar a alta de juros para garantir a solvência das demais instituições financeiras.

Mas dados fortes da economia americana colocaram a hipótese de lado. Na semana passada, por exemplo, a taxa de desemprego do país caiu para 3,5% em março, indicando força do mercado de trabalho.

Por isso, amanhã todos os olhos estão voltados para dados de inflação nos Estados Unidos, com economistas prevendo que os preços ao consumidor cresceram 5,2% em março na base anual, após aumento de 6,0% em fevereiro. No entanto, o núcleo dos preços deve ter subido 5,6%, um ritmo ligeiramente mais rápido em comparação com os 5,5% de fevereiro.

Qualquer dado forte no relatório de inflação deve alimentar apostas de que o Federal Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio. Atualmente, os mercados futuros já precificam cerca de 70% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual.

Gerson Camarotti sobre âncora fiscal: Haddad e Campos Neto estão conversandoGerson Camarotti sobre âncora fiscal: Haddad e Campos Neto estão conversando

Na China, a inflação ao consumidor atingiu uma mínima em 18 meses e a queda nos preços ao produtor acelerou em março. Em contraste com as demais economias desenvolvidas, a demanda no país permaneceu fraca, reforçando o argumento de que as autoridades talvez precisem tomar mais medidas para sustentar a recuperação econômica depois do impacto da pandemia.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,7% na comparação anual, o ritmo mais lento desde setembro de 2021 e mais fraco do que o avanço de 1,0% em fevereiro, informou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira. O resultado ficou aquém do aumento de 1,0% apontado em uma pesquisa da Reuters.

O índice de preços ao produtor caiu 2,5% em relação ao ano anterior, o ritmo mais rápido desde junho de 2020 e em comparação com uma queda de 1,4% em fevereiro. O índice registra recuo agora por seis meses consecutivos.

A inflação dos preços dos alimentos, um dos principais impulsionadores da inflação ao consumidor, desacelerou para 2,4% em relação ao ano anterior, de 2,6% no mês anterior. Na comparação mensal, os preços dos alimentos caíram 1,4%.

"O relatório de inflação da China em março sugere que a economia chinesa está passando por um processo de desinflação, o que aponta para um espaço maior para flexibilização da política monetária para impulsionar a demanda", disse Zhou Hao, economista da Guotai Junan International, à Reuters.
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IPCA sobe 0,71% em março, puxado pela alta da gasolina

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País passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% em 12 meses. É o menor valor para a janela anual desde janeiro de 2021.
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Por Raphael Martins, g1

Postado em 11 de abril de 2023 às 10h30m

            Post. N. =  0.620           

Combustíveis, gasolina — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Combustíveis, gasolina — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, subiu 0,71% em março, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.

O grande destaque foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% no mês e teve impacto individual de 0,39 ponto percentual no índice. Ainda assim, o IPCA veio abaixo das expectativas de mercado, que eram de 0,77% para março.

O resultado do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro. Já em março de 2022, o índice teve alta de 1,62%.

Os três primeiros meses de 2023 acumulam alta de 2,09% nos preços. Mais uma vez, oito dos nove grupos de preços registraram alta. Desta vez, porém, foi o grupo Artigos de residência que registrou baixa de 0,27%.

Já na esteira da alta de combustíveis, o grupo de Transportes teve a maior alta do índice em março. Com a subida de 2,11% no mês, o segmento registrou impacto de 0,43 ponto percentual no IPCA.

Na sequência, os grupos de Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%) registraram as altas mais relevantes.

Veja o resultado dos nove grupos que compõem o IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,05%
  • Habitação: 0,57%
  • Artigos de residência: -0,27%
  • Vestuário: 0,31%
  • Transportes: 2,11%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,82%
  • Despesas pessoais: 0,38%
  • Educação: 0,10%
  • Comunicação: 0,50%

Reoneração de combustíveis

A gasolina ganhou grande destaque nos resultados de março em função da reoneração dos combustíveis determinada pelo governo federal no fim de fevereiro. Os impostos federais haviam sido retirados da cobrança pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para derrubar a inflação em ano eleitoral.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renovou a desoneração por dois meses, mas reinseriu parcialmente os impostos a partir do dia 1º de março. Desde então, a gasolina passou a ter incidência de R$ 0,47 por litro. O etanol foi reonerado em R$ 0,02 por litro.

"Havia, portanto, a previsão do retorno da cobrança de PIS/COFINS sobre esses combustíveis a partir de 1º de março", diz o analista da pesquisa, André Almeida.

Nos resultados finais do IPCA após um mês da cobrança, a gasolina subiu 8,33% no mês, enquanto o etanol teve alta de 3,20%. No acumulado de 12 meses, contudo, ambos têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.

Ainda dentro do grupo Transportes — que teve alta de 2,11% no mês — houve quedas relevantes em gás veicular (-2,61%e óleo diesel (-3,71%). Ao contrário dos demais combustíveis, o diesel continua com a desoneração de impostos federais em vigor até o fim do ano.

Por fim, as passagens aéreas tiveram queda de 5,32% em março, depois de terem recuado outros 9,38% em fevereiro.

Saúde e Habitação em alta

Outros dois grupos de destaque foram Saúde e cuidados pessoais (0,82%), e Habitação (0,57%). Ambas registram desaceleração em março, quando comparadas ao mês de fevereiro.

No primeiro segmento, o resultado foi puxado ainda por reajustes em planos de saúde. A alta de 1,20% segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023, segundo o IBGE.

Já no grupo Habitação, o destaque foi a energia elétrica residencial, com alta de 2,23% no mês e peso de 0,09 ponto percentual no índice cheio.

O aumento foi registrado mesmo com a bandeira verde acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que não acrescenta custos às tarifas dos consumidores de energia com base no seu consumo mensal.

Essa bandeira está em vigor desde 16 de abril do 2022. Antes, as bandeiras tarifárias emergenciais em meio à crise energética configuraram peso forte no IPCA de 2021.

Serviços

Uma das principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de 0,25% em março. A desaceleração é relevante em relação a fevereiro, quando subiu 1,41%. Ainda assim, a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando 7,63%.

Para Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, a desaceleração mais lenta dos serviços e dos núcleos da inflação — métrica que procura ler a tendência do índice sem choques momentâneos — a fazem acreditar que o IPCA deve fechar o ano um pouco acima do patamar atual, na casa dos 6,5%.

"Essa inflação ainda se mostrando persistente não deve dar espaço para o Banco Central baixar os juros nas próximas reuniões. Nossa projeção é que consiga baixar a Selic só no ano que vem", afirma.

Já Claudia Moreno, economista do C6 Bank, diz que os preços de serviços são pressionados pelo mercado de trabalho aquecido, além de sofrerem os efeitos da inércia inflacionária.

"Nossa projeção é que esse comportamento continue até junho (...). No entanto, o IPCA deve voltar a acelerar a partir do segundo semestre, quando o efeito da redução de impostos adotada pelo governo em 2022 tiver saído completamente da base do IPCA", afirma.

O banco projeta que o IPCA termine o ano na casa de 6% neste ano e desacelere para 5% em 2024.

INPC tem alta de 0,64% em março

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,64% em março. Em fevereiro, a alta foi de 0,77%.

Assim, o INPC acumula alta de 1,88% no ano e de 4,36% nos últimos 12 meses. Em março de 2022, a taxa foi de 1,71%.

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