Queda, no entanto, está mais associada à saída de pessoas do mercado de trabalho do que a novas ocupações, segundo coordenadora da pesquisa.
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
24/07/2020 09h02 Atualizado há 2 horas
Postado em 24 de julho de 2020 às 11h05m
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Número de desocupados diante da pandemia cai para 11,5 milhões, aponta IBGE
O número de trabalhadores desocupados diante da pandemia teve ligeira
queda na primeira semana de julho. Segundo dados divulgados nesta
sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), entre os dias 28 de junho e 4 de julho, eram 11,5 milhões de
pessoas desocupadas - na semana anterior, eram 12,4 milhões.
Com isso, o desemprego ficou estatisticamente estável, em 12,3%. A população fora da força de trabalho, no entanto, teve alta: passou de 75,1 milhões para 76,8 milhões.
Desse grupo, 28,7 milhões disseram que gostariam de trabalhar - também
uma alta em relação à semana anterior, quando eram 26,9 milhões.
“Essa queda no número de pessoas desocupadas está mais associada à saída dessas pessoas da força de trabalho do que pela entrada na população ocupada. São pessoas que, naquela semana, não procuraram trabalho por algum motivo”, apontou a coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Vieira.
De acordo com o levantamento, cerca de 19,4 milhões de pessoas fora da
força de trabalho gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho na
semana por causa da pandemia ou porque não encontraram ocupação no
local em que moravam. Esse contingente, que corresponde a 67,4% das
pessoas não ocupadas que não buscaram por trabalho e gostariam de
trabalhar, foi maior do que na semana anterior, quando eram 17,8 milhões
(66,2%).
O levantamento foi feito entre os dias 28 de junho e 4 de julho por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada
com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da
pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com
sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.
Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid19 não é comparável aos dados da Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas.
Afastados pelo distanciamento social
A pesquisa do IBGE apontou também que caiu em cerca de 2 milhões o
número de trabalhadores afastados devido ao distanciamento social
provocado pela pandemia, mantendo a trajetória de queda verificada desde
que começou o processo de flexibilização da quarentena.
Entre 28 de junho e 4 de julho, esse contingente era de 8,3 milhões de
pessoas, o equivalente a 10,1% do total de ocupados. Na semana anterior,
eram 10,3 milhões de trabalhadores.
A pesquisadora aponta que a diferença de 2,5 milhões na comparação
entre as duas semanas não significa que essas pessoas voltaram ao
trabalho, uma vez que os ocupados e não afastados aumentaram em 1,8
milhão. Assim, de acordo com Maria Lucia Vieira, uma parte dos ocupados
retornou ao trabalho e outra parcela foi para fora da força, ou seja,
não voltou a trabalhar, nem procurou trabalho.
População ocupada
A população ocupada e não afastada do trabalho foi estimada em 71,0
milhões de pessoas, com aumento tanto em relação à semana anterior (69,2
milhões) quanto frente à semana de 3 a 9 de maio (63,9 milhões).
Entre essas pessoas, 8,9 milhões (ou 12,5%) trabalhavam remotamente,
contingente que ficou estatisticamente estável frente à semana anterior
(8,6 milhões ou 12,4%) e em relação à semana de 3 a 9 de maio (8,6
milhões ou 13,4%).
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Informalidade
De acordo com o IBGE, 28 milhões de pessoas ocupadas trabalhavam na
informalidade na primeira semana de julho, ante 28,4 milhões a semana
anterior.
O IBGE considera como trabalhador informal aqueles empregados no setor
privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira,
trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além
de pessoas que ajudam parentes.
Segundo o IBGE, é pela informalidade que o mercado de trabalho
brasileiro tem se sustentado. Sem a criação de vagas de empregos
formais, é por esta via que os brasileiros têm conseguido se manter
ocupados.
A taxa de informalidade passou de 34,5% para 34,2% entre a quarta
semana de junho e a primeira semana de julho, o que o IBGE considera
como estabilidade do indicador. Já na comparação com a primeira semana
de maio, o instituto aponta recuo da taxa (era de 35,7%).