A produção industrial brasileira cresceu 2,6% em setembro, na comparação com agosto, com o setor cravando a quinta alta seguida, segundo divulgou nesta quarta-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já na comparação com setembro do ano passado, o setor cresceu 3,4%, interrompendo uma sequência de 10 quedas seguidas nesta base de análise.
Com
o resultado de setembro, a indústria acumulou em 5 meses um ganho de
37,5%, eliminando completamente as perdas registradas entre março e
abril (-27,1%). Com isso, superou em 0,2% o patamar de fevereiro, quando
a pandemia de coronavírus ainda não havia afetado a produção do país.
Embora tenha recuperado o patamar pré-pandemia, o setor ainda se
encontra 15,9% abaixo do seu patamar mais alto, alcançado em agosto de
2018. “Isso nos dá a dimensão do tamanho da perda que a indústria já
vinha acumulando”, enfatizou o gerente da pesquisa, André Macedo.
No acumulado no ano, a indústria ainda registra, porém, queda de 7,2%. Em 12 meses, a baixa acumulada é de 5,5%, indicando uma desaceleração frente ao mês anterior (-5,7%).
Produção industrial mensal — Foto: Economia G1
O IBGE revisou os dados da produção industrial de julho, de uma alta de
8,3% para 8,6%, e também de agosto, para um avanço de 3,6%, ante uma
taxa de 3,2% divulgada anteriormente.
O resultado de setembro veio acima do esperado. As expectativas em
pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 2,2% na variação
mensal e de 2,2% na base anual.
Alta de 22,3% no 3º trimestre na comparação o 2º trimestre
Na passagem do 2º para o 3º trimestre, a produção industrial apresentou
uma alta de 22,3%, recuperando a perda registrada na passagem do 1º
para o 2º trimestre, que havia sido de 17,5%.
Já na comparação com o 3º trimestre de 2019, a indústria teve queda de
0,6%, bem abaixo do recuo registrado no 2º trimestre contra o 2º
trimestre do ano passado, quando houve um tombo de 19,4%. “Essa foi a
queda mais elevada, nessa base de comparação, de toda a série histórica
atual da pesquisa”, destacou o gerente da pesquisa.
Destaques de setembro
Na
passagem de agosto para setembro, a produção cresceu em todas as
grandes categorias econômicas e em 22 dos 26 ramos pesquisados, com
destaque para bens de consumo duráveis, cujos resultados foram puxados
pela indústria automobilística.
Produção industrial cresceu em setembro em 22 dos 26 ramos pesquisados — Foto: Divulgação/IBGE
“Veículos automotores, reboques e carrocerias avançaram 14,1%. Vale
destacar que essa atividade acumulou expansão de 1.042,6% em cinco meses
consecutivos de crescimento na produção, mas ainda assim se encontra
12,8% abaixo do patamar de fevereiro”, afirmou o gerente da pesquisa.
Outros avanços de destaque em setembro foram na produção de máquinas e
equipamentos (12,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios
(16,5%) de couro, artigos para viagem e calçados (17,1%).
Por outro lado, houve queda em indústrias extrativas (-3,7%), impressão
e reprodução de gravações (-4,0%), produtos diversos (-1,3%) e outros
produtos químicos (-0,3%).
“A indústria extrativa teve um recuo em setembro, mas vinha de três
meses de crescimento na produção. Ou seja, ela interrompe o
comportamento positivo, mas não elimina o saldo positivo dos últimos
meses. Mesmo considerando a queda em setembro, essa atividade está 5,7%
acima do patamar anterior à pandemia”, observou Macedo.
Indústria ainda acumula perdas no ano
Todas
as quatro grandes categorias econômicas acumulam recuo no ano, com
perdas em 20 dos 26 ramos, 64 dos 79 grupos e 68,4% dos 805 produtos
pesquisados.
Na produção de bens de consumo duráveis, a queda é de 26,7% no
acumulado em 9 meses. Em bens de capital, o recuo é de 17,9%. Já os
setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (-7,6%) e de
bens intermediários (-3,1%) acumulam taxas negativas menos acentuadas no
ano. Na média da indústria, a queda no ano é de 7,2%.
Entre os segmentos, as maiores baixas no acumulado no ano são na
produção de impressão e reprodução de gravações (-37,9%), veículos
automotores (-37%) e confecção de artigos do vestuário (-31,8%).
Dos 26 ramos, apenas 4 tiveram aumento de produção no acumulado no ano,
com destaque para produtos alimentícios (5,4%), produtos derivados do
petróleo (4,5%), perfumaria e produtos de limpeza (3,9%) e produtos
farmacêuticos (2,1%). Veja quadro abaixo:
Apenas 4 dos 26 ramos pesquisados acumulam alta no ano — Foto: Divulgação/IBGE
Perspectivas
Após o tombo recorde no 2º trimestre, a indústria tem mostrado uma recuperação firme nos últimos meses. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
a alta da produção também tem sido acompanhada de mais contratações, de
redução da ociosidade do parque industrial e aumento da intenção de
investir dos empresários.
Além de renovadas preocupações sobre a evolução da pandemia no mundo e
riscos de novas paralisações, o grande contingente de desempregados no
país e as incertezas sobre a sustentabilidade das contas públicas e
andamento da agenda de reformas no Congresso também são apontadas por
analistas como fatores que podem limitar a expansão da indústria e da
economia brasileira.