Ranking da Austin Rating mostra que maiores quedas entre 38 países que já divulgaram dados oficiais do 2º trimestre foram no Peru (27,2%) e Reino Unido (20,4%). Expectativa, porém, é de recuperação mais lenta da economia brasileira.
Por Darlan Alvarenga, G1
26/08/2020 05h01 Atualizado há 10 horas
Postado em 26 de agosto de 2020 às 15h05m
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Apesar da projeção de tombo recorde no 2º trimestre,
o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil caiu menos do que o da maioria
das economias da zona do euro e de outros países da América Latina como México,
Colômbia, Chile e Peru, segundo levantamento da Austin Rating. O dado
oficial do PIB brasileiro, que será divulgado no próximo dia 1º de
setembro, deve mostrar uma contração de até 10% na economia.
A prévia do ranking do desempenho do PIB das maiores economias do mundo
mostra que em 18 países a queda no 2º trimestre foi superior a 10% na
comparação com os primeiros 3 meses do ano. Em diversos países a
retração foi recorde, em meio aos abalos e restrições impostas pela
pandemia do novo coronavírus.
As maiores quedas entre os 38 países do ranking que já divulgaram dados
oficiais do período entre abril a junho foram no Peru (27,2%) e Reino
Unido (20,4%). Na zona do euro,
os países com retração mais drástica da atividade econômica foram a
Espanha (-18,5%), Portugal (-13,9%) e França (13,8%). Nos Estados
Unidos, o recuo foi de 9,5% e, na Alemanha, o tombo foi de 9,7%. Já na China, houve alta de 11,5%.
A estimativa
atual é que economia brasileira mostre um tombo recorde em torno de 8% a
10% no 2º trimestre, frente aos 3 meses anteriores, o que colocará o
país oficialmente em recessão. Levantamento do G1 mostrou que, de 12 consultorias e instituições financeiras consultadas, 10 esperam um tombo de até 10% – patamar em linha com o da última projeção do governo.
A Austin estima uma queda de 10,1% do PIB do Brasil no 2º trimestre, o que deixaria o Brasil na 23º posição do ranking,
considerando também as projeções para outros países que ainda não
divulgaram os números oficiais. No 1º trimestre, o Brasil teve retração
de 1,5% e ficou na 16ª posição no comparativo entre as maiores
economias.
"Se o resultado oficial vir abaixo de 9% como espera parte do mercado, a
queda será menor também que a registrada pelos Estados Unidos", afirma
Alex Agostini, economista-chefe da agência classificadora de risco de
crédito, que faz periodicamente o ranking.
Veja a prévia do ranking do PIB dos países no 2º trimestre:
- China: 11,5%
- Hong Kong: -0,1%
- Taiwan: -1,4%
- Finlândia: -3,2%
- Coréia do Sul: -3,3%
- Indonésia: -4,2%
- Lituânia: -5,1%
- Letônia: -7,5%
- Japão: -7,8%
- Israel: -8,1%
- Eslováquia: -8,3%
- República Tcheca: -8,4%
- Holanda: -8,5%
- Suécia: -8,6%
- Polônia: -8,9%
- Estados Unidos: -9,5%
- Alemanha: -9,7%
- Tailândia: -9,7%
- Bulgária: -9,8%
- Ucrânia: -9,9%
- Áustria: -10,7%
- Chipre: -11,6%
- Bélgica: -12,2%
- Romênia-12,3%
- Itália: -12,4%
- Cingapura: -13,1%
- Chile: -13,2%
- França: -13,8%
- Portugal: -13,9%
- Hungria: -14,5%
- Colômbia: -14,9%
- Filipinas: -15,2%
- Malásia: -16,5%
- México: -17,1%
- Espanha: -18,5%
- Tunísia: -20,4%
- Reino Unido: -20,4%
- Peru: -27,2%
Entre os fatores que explicam uma queda menos acentuada do PIB do
Brasil no 2º trimestre, a Austin cita o bom desempenho da agropecuária, a
alta das commodities metálicas e também o socorro do governo às
empresas e famílias, que ajudaram a atenuar os efeitos da pandemia, que
já deixou mais de 115 mil mortos no país.
No Brasil, as despesas autorizadas para gastos relacionados à pandemia
já somam mais de R$ 510 bilhões e devem alcançar, segundo cálculos do
banco Itaú, 7,9% do PIB, percentual superior ao desembolsado por outros
países.
"Mas também é importante registrar que o país demorou para fazer a
quarentena, bem como saiu mais rápido que os demais países", destaca
Agostini, citando a abertura prematura de setores da economia no Brasil.
Apesar da reação de diversos segmentos nos últimos meses, analisas têm
alertado para o risco de perda de fôlego da economia brasileira na reta
final do ano e de até mesmo uma retração no 4º trimestre, em meio ao
encerramento ou enxugamento de medidas de alívio dos reflexos da
pandemia no país e desemprego em alta. A avaliação é que o PIB só deverá recuperar o patamar pré-pandemia em 2022.
Para o ano de 2020, o mercado reduziu a previsão para o tombo PIB do Brasil de 2020, revisando a estimativa de uma redução de 5,52% para 5,46%,
segundo última pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta
segunda-feira (24). Para 2021, a projeção é de um avanço de 3,5%.
A Austin estima queda de 5,1% em 2020 e expansão de 3,3% no ano que vem.
"Infelizmente, a recuperação no Brasil será mais lenta em relação as demais economias, com destaque para as economias emergentes, em virtude de o Brasil estar algum tempo em processo de recuperação fraca devido aos desarranjos do lado fiscal, que acumula déficit anual desde 2014, bem como os entraves entre Executivo e Legislativo que afetam a aprovação das reformas estruturantes, além das recentes discussões sobre a manutenção do teto de gastos", avalia.