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Passagens aéreas, transporte por aplicativo e ônibus interestadual estão entre os serviços que registram as taxas negativas mais expressivas no acumulado do ano.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro
Postado em 23 de setembro de 2021 às 10h00m
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Piso inferior do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com baixo movimento de passageiros por conta da pandemia em registro feito em 20 de maio de 2021. — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Ao todo, dez serviços registraram deflação no acumulado entre e janeiro e agosto deste ano (veja no gráfico abaixo), apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil.
Vale destacar que o IPCA acumulado no ano até agosto ficou em 5,67%, taxa mais alta para os oito primeiros meses do ano desde 2015, quando ficou em 7,06%.
Ao todo, dez serviços registraram taxas negativas de inflação no acumulado entre janeiro e agosto — Foto: Economia/G1
O setor de serviços é o de maior peso na economia brasileira. Ele foi o mais atingido pela pandemia e, por isso, é o que apresenta recuperação mais lenta e desigual. Até julho, das cinco grandes atividades que compõe o setor, apenas a de serviços prestados às famílias não havia recuperado as perdas provocadas pela crise sanitária, operando 23,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020. Fazem parte desta atividade os dez serviços que apresentam taxas negativas no IPCA em 2021.
A deflação mais expressiva entre os serviços foi a das passagens aéreas, cujos preços médios acumulam queda de 33,81% no ano, seguida pela de transportes por aplicativos, com recuo de 14,33%.
Segundo o coordenador de Índice de Preços ao Consumidor da FGV-Ibre, André Braz, “a pandemia ajuda a entender por que estes serviços tiveram queda de preços no acumulado do ano”.
“Diante das medidas de restrição à circulação de pessoas para conter o coronavírus, o consumo de alguns desses serviços despencou. No caso das passagens aéreas, só agora o setor começou a se recuperar, com a circulação de pessoas começando a ficar mais normal. Com o transporte por aplicativo, houve a diminuição do fluxo de pessoas demandando por eles”, apontou.
Braz ponderou que, embora estes dois serviços tenham registrado deflação no ano, ambos têm taxas positivas no acumulado em 12 meses – as passagens aéreas tiveram alta de 30,15% e o transporte por aplicativo de 6,06%. Isso significa que os preços médios dos dois serviços estão mais caros quando comparados a agosto do ano passado, porém mais baixos que em dezembro.
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O mesmo efeito de demanda decorrente da pandemia foi apontado pelo especialista da FGV como explicação possível para a deflação nos serviços de ônibus interestadual, seguro voluntário de veículo, ensino superior, educação de jovens e adultos, transporte escolar e pacotes turísticos.
“Teve até casos de empresas de ônibus que quebraram porque as pessoas pararam de andar de ônibus. No setor de seguros, ninguém precisava segurar o veículo já que não ia circular com ele. A mesma coisa com pacote turístico, já que ninguém podia viajar. Já no caso do ensino superior, as universidades deram descontos por conta da mudança das aulas presenciais para o ensino à distância”, destacou.
Dos 377 produtos e serviços que compõem o IPCA, 59 registraram taxas negativas no acumulado entre janeiro e agosto. Destes, a grande maioria (35) são alimentos, 14 são produtos não alimentícios e 10 são serviços.
Alta de preços foi generalizada entre a maioria dos produtos e serviços
investigados para compor o índice de inflação — Foto: Economia/g1
Segundo o analista de preços do Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor do IBGE, André Almeida, não é possível apontar, de forma generalizada, o que provocou a deflação destes itens da cesta de consumo investigada para o cálculo do indicador.
“Cada um desses itens [em deflação] tem fatores distintos que influenciam nessa queda de preços”, explicou.
Sobre os alimentos, Almeida apontou que, para aqueles in natura, há influências do clima que afetam a produção, assim como da sazonalidade de safra de cada produto.
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No acumulado entre janeiro e agosto, 14 produtos não alimentícios registraram taxa negativa de inflação — Foto: Economia/G1
“No caso das passagens aéreas, o contexto de pandemia pode influenciar na formação dos preços, assim como os combustíveis também podem ter influência”, ressalvou o pesquisador.
Almeida enfatizou, ainda, a importância de observar, além do indicador acumulado no ano, também o acumulado em 12 meses para melhor avaliar as influências sobre a variação de preços de determinado produto.
"No caso da batata, por exemplo, a oferta no mercado estava mais alta no início do ano, o que fez com que os preços tivessem queda [-27,94% no acumulado do ano]. Já no acumulado dos últimos 12 meses, ela tem alta [9,90%], porque a safra tinha sido menor no ano passado", explicou.
O mesmo acontece com o arroz, que acumula queda de 10,11% no ano, mas registra alta de 32,68% em 12 meses.
Meta de inflação e perspectivas
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
As estimativas do mercado financeiro já estão longe das metas do BC: na última pesquisa Focus, que reúne as projeções dos analistas, a inflação esperada para este ano já chegava a 8,35%.
Para 2022, a inflação também dá mostras de estar fora do esperado: o mercado financeiro elevou sua estimativa de 4,03% para 4,10% . No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se oscilar de 2% a 5%.
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