Indicador divulgado pelo Banco Central mostra efeitos da pandemia do coronavírus na economia, que começaram a ser sentidos com mais intensidade de março em diante.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
18/06/2020 09h02 Atualizado há 3 horas
Postado em 18 de junho de 2020 às 12h10m
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O nível de atividade da economia brasileira registrou retração de 9,73% em abril, na comparação com o mês anterior, aponta o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Banco Central (BC).
O indicador é considerado uma "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
O resultado reflete os efeitos da pandemia do novo coronavírus, sentidos com maior intensidade na economia a partir de março. O número foi calculado após ajuste sazonal, uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes.
De acordo com informações do BC, essa foi a maior queda do indicador desde o início de sua série histórica, em janeiro de 2003, ou seja, em pouco mais de 17 anos.
Em março, primeiro mês de impacto da Covid-19 na economia, o IBC-Br já havia registrado retração de 6,16% na comparação com fevereiro. Antes disso, o maior tombo havia ocorrido em maio de 2018 (-3,96%), refletindo os impactos da greve dos caminhoneiros.
Evolução do IBC-Br
EM % NA COMPARAÇÃO COM O MÊS ANTERIOR (APÓS AJUSTE SAZONAL)
Fonte: Banco Central
Na comparação com abril do ano passado, informou o Banco Central, o índice de atividade econômica da instituição apresentou queda de 15,09%. Nesse caso, o índice foi calculado sem ajuste sazonal, pois considera períodos iguais.
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, de acordo com a instituição, o índice de atividade econômica registrou uma redução de 4,15%. Em 12 meses até abril de 2020, os números do BC indicam uma queda de 0,52% na prévia do PIB – sem ajuste sazonal.
Previsões para a economia
- Em 13 de maio, o governo brasileiro estimou uma queda de 4,7% para o PIB de 2020, tendo como base a perspectiva de que as medidas de distanciamento social terminarão no fim de maio.
- O Banco Mundial prevê uma queda de 8% do PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 5,3% em 2020.
- Economistas do mercado financeiro estimaram, na semana passada, um tombo de 6,51% para o PIB brasileiro em 2020.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração de 1,5% na economia brasileira.
Recessão x depressão
Nesta quarta-feira (17), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia brasileira está em recessão e que o cenário "pode se transformar em depressão", se não forem adotadas medidas adequadas como a realização das reformas estruturais.
"Paralisamos parcialmente a nossa economia, e provocamos, nos autoinfligimos, uma recessão. Que pode se transformar em depressão se não lutarmos adequadamente", disse o ministro da Economia na ocasião.
- A recessão técnica se caracteriza por um período de queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois trimestres seguidos, com aumento do desemprego e queda da renda.
- Já a depressão é um estado mais grave da recessão, ou seja, um longo período de desemprego, falências de empresas e níveis reduzidos de produção e investimentos.
Os resultados do IBC-Br são considerados uma "prévia do PIB". Porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto.
O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Atualmente, a taxa Selic está em 2,25% ao ano, na mínima histórica, e o Banco Central indicou, no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que um "eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual".
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