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Renda média do trabalho encolhe 10,7% em 1 ano, para R$ 2.447 – menor valor da série histórica, iniciada em 2012. Desemprego ainda atinge 12 milhões de brasileiros e número de trabalhadores por conta própria alcança recorde de 25,9 milhões de pessoas.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Darlan Alvarenga, G1
Postado em 24 de fevereiro de 2022 às 10h25m
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Desemprego cai 11,1% no 4º trimestre; acompanhe a análise de Miriam Leitão
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,1% no trimestre encerrado em dezembro, mas a falta de trabalho ainda atinge 12 milhões de brasileiros, informou nesta quinta-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor índice desde o 4º trimestre de 2019, quando também ficou em 11,1%.
Já a taxa média de 2021 foi de 13,2%, o que indica uma tendência de recuperação frente à de 2020 (13,8%). Mesmo recuando, foi a segunda maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
"Embora o cenário tenha melhorado em 2021, o patamar pré-Covid ainda não foi recuperado", destacou o IBGE.
Apesar dos indícios de melhora no mercado de trabalho, o rendimento dos trabalhadores encerram 2021 no menor nível da série histórica do IBGE, situação que é agravada pelo número recorde de informais, alta da subocupação e inflação persistente, acima de dois dígitos.
Evolução da taxa de desemprego — Foto: Economia g1
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego estava em 11,6%, atingindo 12,4 milhões de pessoas.
“É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador. Há um processo de recuperação, mas ainda estamos distantes dos patamares de antes da pandemia”, destacou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
O resultado veio um pouco melhor que o esperado. A mediana das previsões em pesquisa do Valor Data era de que a taxa ficaria em 11,2%. O intervalo das projeções era 11,1% a 11,7%.
A população ocupada cresceu 3% frente aos três meses anteriores, para 95,7 milhões de pessoas. Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, a alta foi de 9,8% (8,5 milhões a mais de pessoas). Com o crescimento, o nível de ocupação chegou a 55,6%. Na máxima histórica, em 2013, chegou a 58,5%.
Apesar da queda do desemprego, o rendimento real habitual caiu 3,6% frente ao trimestre anterior e 10,7% em relação a igual trimestre de 2020, para R$ 2.447 – o menor rendimento da série histórica do IBGE. A média anual foi de R$ 2.587, queda de 7% para 2020 (ou, menos R$ 195).
Ou seja, há mais pessoas trabalhando no país, mas com rendimentos cada vez menores e abaixo dos registrados antes mesmo da pandemia, em razão do aumento do número de brasileiros na informalidade, que atingiu o número recorde de 38,9 milhões.
Já a massa de todos os rendimentos do trabalho ficou estável no 4º trimestre, mas caiu 2,4% (menos R$ 5,6 bilhões) na média anual, na comparação com 2020. Ou seja, as famílias brasileiras ainda não recuperaram o seu poder de compra.
“Muitas pessoas ao longo dos dois anos perderam suas ocupações e várias delas interromperam a busca por trabalho no início de 2020 por causa da pandemia. Depois houve uma retomada dessa busca, ainda que o panorama econômico estivesse bastante desfavorável, ou seja, não havia uma resposta elevada na geração de ocupação. Em 2021, com o avanço da vacinação e a melhora no cenário, houve crescimento do número de trabalhadores, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação”, avaliou a coordenadora da pesquisa.
Trabalho por conta própria atinge número recorde — Foto: Economia g1
Destaques da pesquisa
- Na média anual, o número de desempregados totalizou 13,9 milhões, contra 13,8 milhões de pessoas em 2020
- As maiores taxas de desemprego no 4º trimestre foram as do AP (17,5%), BA (17,3%), PE (17,1%) e as menores, de SC (4,3%), MT (5,9%) e MS (6,4%)
- A taxa de informalidade subiu para 40,7% no 4º trimestre, se aproximando da máxima histórica. Número de brasileiros na informalidade alcançou marca recorde de 38,9 milhões de pessoas.
- Número de trabalhadores por conta própria saltou 11,1% na média anual e atingiu no 4º trimestre o recorde de 25,9 milhões de brasileiros
- Os trabalhadores com carteira assinada cresceram 2,6% em 2021, enquanto os que não tinham carteira aumentaram bem mais, 11,1%
- População subutilizada diminui 1,2% frente a 2020, para 31,3 milhões de pessoas.
- População desalentada caiu de 5,5 milhões em 2020 (recorde da série) para 5,3 milhões de pessoas em 2021
- Subocupados por insuficiência de horas trabalhadas saltou 18,1% na comparação com 2020, atingindo 7,5 milhões na média anual
- Aumento da ocupação foi puxado pelo comércio e pela construção, que ocuparam 3 milhões de pessoas a mais em 1 ano, no comparativo com o 4º trimestre de 2020
- Número de trabalhadores domésticos aumentou 6,6% contra 2020, alcançando 5,2 milhões de pessoas
- A taxa de desemprego foi de 9% para os homens e 13,9% para as mulheres no 4° trimestre; na análise por cor ou raça ficou abaixo da média nacional para os brancos (9%) e acima para os pretos (13,6%) e pardos (12,6%).
- Desemprego é mais alto na faixa etária de 25 a 39 anos (35,2%) e de 18 a 24 anos (30,8%)
Evolução da população ocupada por segmento de atividade — Foto: Economia g1
Para 2022, os analistas projetam que a população ocupada continue se recuperando, porém, a um ritmo menor, principalmente devido à elevação dos juros e as incertezas políticas relacionadas à corrida presidencial.
A XP, por exemplo, estima o desemprego atingirá 11% no 2º trimestre e subirá ligeiramente ao longo da segunda metade de 2022. Para a taxa média anual de desemprego, a instituição projeta taxa de 11,6% em 2022 e 10,5% em 2023.
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