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terça-feira, 12 de março de 2024

Conselheiro da Vale renuncia ao cargo e fala em 'evidente e nefasta' intervenção política

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José Luciano Duarte Penido se manifestou contra o processo de sucessão ao atual presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo. Ele permanecerá no comando da empresa até o fim deste ano.
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Por Lais Carregosa, g1 — Brasília

Postado em 12 de março de 2024 às 16h40m

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O conselheiro de administração da Vale, José Luciano Duarte Penido, renunciou ao cargo na segunda-feira (11) por discordar do processo de sucessão do atual presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo.

Em carta endereçada ao presidente do Conselho de Administração, Daniel Stieler, Penido fala que o processo tem sido manipulado e que sofre "evidente e nefasta" influência política.

"Apesar de respeitar decisões colegiadas, em minha opinião o atual processo sucessório do CEO da Vale vem sendo conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política", diz a carta de renúncia à qual o g1 teve acesso.

Penido afirma ainda que não acredita mais na "honestidade de princípios de acionistas relevantes" da companhia em cumprir o objetivo de elevar a governança da Vale ao nível de uma corporação.

"No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse", afirma.

O ex-conselheiro da Vale continua: "O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos a imprensa, em claro descompromisso com a confidencialidade".

Segundo Penido, diante desse cenário, sua permanência como integrante do conselho "se torna ineficaz, desagradável e frustrante".

Em comunicado ao mercado, a Vale escreveu que o processo de escolha do presidente da companhia está de acordo com o estatuto.

"Em atenção às notícias de imprensa que reproduzem o conteúdo da carta de renúncia assinada pelo sr. José Luciano Duarte Penido, o Conselho de Administração da Vale esclarece, no que tange ao processo de definição do Presidente da Companhia, que sua atuação está rigorosamente em conformidade com o Estatuto Social da Vale, o Regimento Interno do órgão e políticas corporativas", afirmou a empresa.

Impacto da saída

O Conselho de Administração é composto por representantes dos acionistas eleitos em assembleia, sendo responsável pelas decisões estratégicas da companhia.

Na Vale, o colegiado tem 13 cadeiras. Oito conselheiros são considerados independentes, enquanto os outros quatro são representantes de acionistas de referência (Previ, Bradespar, Mitsui), além do representante dos empregados.

Assim, o impacto da saída de Penido é principalmente político. Em um momento em que o governo já está tendo que lidar com críticas de interferência política, devido ao não pagamento de dividendos extraordinários na Petrobras, uma outra empresa importante passa por uma crise que tem acusações de ingerência do Executivo como pano de fundo.

Governo sinaliza que pode rever decisão de reter dividendos extraordinários da Petrobras

Sucessão do atual presidente

Na última sexta-feira (8), a Vale anunciou que o atual presidente da companhia ficaria no cargo até 31 de dezembro de 2024.

Bartolomeo vai apoiar o processo de transição para o novo presidente, ainda a ser definido, no início do ano que vem, e continua como consultor da companhia até 31 de dezembro de 2025.

"A definição do novo Presidente da Vale deverá considerar os atributos e perfil necessários para a posição frente à estratégia e desafios futuros da Companhia. O Conselho de Administração contará com o apoio de empresa de padrão internacional e a companhia apresentará seu novo Presidente uma vez concluído o processo sucessório", disse a companhia, em comunicado na sexta-feira (8).

A mudança vem na esteira da movimentação do governo federal para colocar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, no comando da companhia. A ideia enfrentou resistência dos demais acionistas.

Hoje, a Vale é uma corporação, sem controle direto de nenhum acionista. O governo tem participação na empresa por meio da previdência dos servidores do Banco do Brasil, a Previ. O governo também conta com uma golden share, que dá poder de veto na ex-estatal.

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