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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Empresas brasileiras perdem R$ 284 bilhões em valor de mercado em três dias com piora fiscal do país

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Mercado financeiro tem reagido muito mal aos movimento da equipe econômica diante da proposta de furar o teto de gastos. Nesta quinta-feira (21), bolsa caiu 2,75%, a 107.735 pontos.
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Por g1

Postado em 21 de outubro de 2021 às 22h10m

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Em três dias, as empresas brasileiras perderam R$ 284 bilhões em valor de mercado  — Foto: Nelson Almeida/ AFP
Em três dias, as empresas brasileiras perderam R$ 284 bilhões em valor de mercado — Foto: Nelson Almeida/ AFP

Em três dias, as empresas brasileiras perderam R$ 284 bilhões em valor de mercado na bolsa de valores, segundo um levantamento realizado pela provedora de informações financeiras Economatica.

Ao fim do pregão de segunda-feira (18), as ações das empresas listadas na B3 somavam R$ 4,984 trilhões. Nesta quinta-feira (21), passaram a valer R$ 4,7 trilhões.

Nesta semana, o mercado financeiro tem reagido muito mal aos movimento da equipe econômica. Na quarta-feira (20), o ministro Paulo Guedes falou em "licença" para furar o teto de gastos para financiar o valor de R$ 400 para o programa Auxílio Brasil.

Mercado financeiro reage mal à declaração de Guedes sobre furar teto de gastos
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'Licença' para gastar coloca fim ao teto de gastos e pode causar alta dos juros e da inflação', diz economista
'Licença' para gastar coloca fim ao teto de gastos e pode causar alta dos juros e da inflação', diz economista

Nesta quinta, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, caiu 2,75%, a 107.735 pontos - é a pior pontuação do ano e a menor desde 23 de novembro (107.378 pontos). Na quarta, registrou leve alta de 0,10%. E na terça, recuou 3,28%.

Na semana, o tombo acumulado do Ibovespa é de 6,03%.

Desde terça-feira, as empresas que mais perderam valor de mercado foram Petrobras (queda de R$ 24,1 bilhões), Vale (R$ 23,9 bilhões) e Magazine Luiza (R$ 12,3 bilhões).

O mercado de câmbio também teve um dia de forte tensão. O dólar fechou em alta de 1,92%, cotado a R$ 5,6651, no maior patamar desde desde 14 de abril.

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Dólar sobe forte após Guedes falar em 'licença' para furar teto de gastos

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Na quarta-feira (20), moeda dos EUA fechou em queda de 0,65%, vendida a R$ 5,5583.
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Por g1

Postado em 21 de outubro de 2021 às 11h05m

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Notas de dólar e real em casa de câmbio no Rio de Janeiro. — Foto: REUTERS/Bruno Domingos
Notas de dólar e real em casa de câmbio no Rio de Janeiro. — Foto: REUTERS/Bruno Domingos

O dólar opera em forte alta nesta quinta-feira (21), após o ministro Paulo Guedes confirmar que o governo pagará R$ 400 de Auxílio Brasil até dezembro de 2022 e falar em "licença" para furar o teto de gastos para financiar o benefício.

Às 13h30, a moeda norte-americana saltava 1,63%, vendida a R$ 5,6489. Na maior cotação do dia até o momento, chegou a R$ 5,6750, renovando máximas que não eram atingidas desde meados de abril. Veja mais cotações.

Já o dólar turismo era negociado na casa de R$ 5,86; nas casas de câmbio, chega a superar R$ 6,20 nas compras da moeda em cartão pré-pago.

Já a Bovespa opera em queda de mais de 2% em meio aos temores de descontrole fiscal.

O Banco Central não anunciou venda líquida de dólares – seja na forma de swap cambial, seja de moeda física – para esta quinta, mas dada a disparada do dólar agentes financeiros não descartam que o Bacen intervenha de surpresa no mercado.

Na terça-feira, as notícias sobre as intenções do governo de pagar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos já tinham azedado o humor dos mercados, provocando queda na bolsa, elevação dos juros futuros e aumento do dólar frente ao real.

Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 0,65%, a R$ 5,5583, após ter atingido R$ 5,5944 na terça-feira. Com o resultado da véspera, passou a acumular alta de 2,07% no mês e de 7,15% no ano.

'Licença' para gastar coloca fim ao teto de gastos e pode causar alta dos juros e da inflação', diz economista
'Licença' para gastar coloca fim ao teto de gastos e pode causar alta dos juros e da inflação', diz economista

Furo do teto de gastos

A fala do ministro Paulo Guedes dizendo que o governo estuda alternativas para viabilizar o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil foi interpretada pelo mercado como o fim do teto de gastos, indicando uma derrota da equipe econômica na batalha contra planos de romper o teto de gastos.

Tido como âncora fiscal do Brasil, o teto de gastos está em vigor desde 2016 e não permite o crescimento das despesas do governo acima da inflação do ano anterior, com o objetivo de reduzir o endividamento público e evitar um descontrole dos gastos públicos.

"Temos a regra fiscal e ela está sendo desmontada. Esse 'waiver' que o ministro pediu ontem é o fim do teto de gastos", afirmou o economista e especialista em contas públicas Guilherme Tinoco, em entrevista à GloboNews (veja vídeo mais acima).

O ministro disse que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença, chamada pelo ministro de "waiver" (perdão), para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo.

Guedes defendeu que o governo busca ser "reformista e popular" e "não "populista", em meio a críticas generalizadas de que a burla ao teto de gastos seria uma medida eleitoreira e que não representaria uma mudança efetiva para o Bolsa Família.

O fato de expoentes da oposição ao governo federal defenderem valores mais elevados do programa de sustentação de renda, a exemplo do sugerido pelo ex-presidente Lula, de R$ 600 mensais de benefício, deve ser considerado como fator adicional de risco para o mercado, pois pode fomentar ainda mais a pressão de políticos do Centrão por valores mais altos do Auxílio Brasil, disse o departamento de Economia da Renascença DTVM, em relatório diário.

Miriam: ‘Ministro rasgou o último pedaço da fantasia de controle de gastos’
Miriam: ‘Ministro rasgou o último pedaço da fantasia de controle de gastos’

Por que a crise fiscal do Brasil assusta?

O Brasil é considerado um país com elevado grau de endividamento para uma economia emergente. No passado, por exemplo, a piora da situação fiscal fez com que o Brasil perdesse o grau de investimento pelas principais agência de classificação de risco.

A explosão da dívida pública e o risco de um descontrole da situação fiscal é apontado por analistas e investidores como um dos principais fatores de incerteza doméstica, podendo inclusive inviabilizar uma retomada sustentada da economia brasileira.

O problema não é novo. Desde 2014, o Brasil tem gastado mais do que arrecada com impostos, o que gera o chamado déficit primário e amplia o endividamento. Mas com a pandemia as despesas do governo dispararam e a situação se agravou, reacendendo a discussão sobre a urgência de medidas de ajuste fiscal.

Além da forte desvalorização do real frente ao dólar em 2020, a percepção de maior risco fiscal fica mais evidente na recente subida nas taxas de juros de títulos públicos de prazo mais longo. Ou seja: diante de um maior risco de não receber o dinheiro de volta, o mercado está cobrando mais caro para financiar a dívida do governo.

Nos juros futuros, o nível de tensão era bastante visível nos preços nesta quinta-feira. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia de 7,66% no ajuste anterior para 7,91% e a do DI para janeiro de 2023 saltava de 9,91% para 10,42%.

Valdo: Auxílio-Brasil é uma ‘pegadinha’ e governo irá furar teto de gastos
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Por que o dólar sobe? Assista no vídeo abaixo:

Entenda a alta do dólar
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