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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Dólar fecha em queda e vai a R$ 5,46, após ata do Copom; Ibovespa sobe

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A moeda norte-americana recuou 1,30%, cotada a R$ 5,4627. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, avançou 1,22%, aos 132.156 pontos.
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Por g1

Postado em 24 de setembro de 2024 às 10h10m

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Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik
Cédulas de dólar — Foto: bearfotos/Freepik

O dólar fechou em queda nesta terça-feira (24), após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que elevou a Selic, taxa básica de juros, em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta.

No documento, os dirigentes do BC não deixaram claro qual será o patamar da próxima alta nos juros, na reunião que acontece em novembro, mas reafirmaram o "firme compromisso" de convergir a inflação à meta da instituição e sinalizaram que novas altas devem acontecer nos próximos meses.

Juros maiores por aqui, sobretudo em um momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começou a derrubar as taxas nos Estados Unidos, tendem a atrair mais investidores por conta da maior rentabilidade, o que beneficia o real em relação ao dólar.

A ata ainda cita que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado um dinamismo maior do que o esperado e critica o "esmorecimento no esforço (do Governo Federal) de reformas estruturais e disciplina fiscal".

A cautela com o cenário fiscal é, inclusive, um grande fator negativo para os investidores, depois do quarto Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de 2024 mostrar uma contenção de despesas abaixo do esperado pelo mercado.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

O dólar recuou 1,30%, cotado a R$ 5,4627. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,4469. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 1,05% na semana;
  • perda de 3,01% no mês;
  • avanço de 12,57% no ano.

No dia anterior, a moeda subiu 0,25%, cotada a R$ 5,5344.

Ibovespa

O Ibovespa subiu 1,22%, aos 132.156 pontos. Na máxima do dia, chegou aos 133.073 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,83% na semana;
  • recuo de 2,83% no mês; e
  • queda de 1,51% no ano.

Na véspera, o índice caiu 0,38%, aos 130.568 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O grande destaque deste pregão foi a ata do Copom, que reforçou a visão de que novas altas na taxa Selic devem acontecer nos próximos meses.

O documento mostra que todos os dirigentes concordaram em iniciar o ciclo de altas nos juros de maneira gradual, para acompanhar com cuidado os próximos dados econômicos -- principalmente inflação e emprego --, ao mesmo tempo em que o aumento da taxa já comece a fazer efeito sobre o mercado.

"O Comitê julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar", diz a ata.

Juros maiores elevam o preço da tomada de crédito por pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo e os investimentos empresariais. O efeito desejado com isso é a redução da inflação.

Pesa sobre a decisão de iniciar o ciclo de aperto monetário pelo BC a cautela com o cenário fiscal brasileiro. Na última sexta-feira (20), o governo anunciou um bloqueio de R$ 2,1 bilhões no Orçamento de 2024 para manter a meta de gastos do arcabouço fiscal.

Porém, no mesmo relatório de despesas e receitas, o governo anunciou também a reversão de R$ 3,8 bilhões que foram contingenciados no terceiro bimestre.

Enquanto um bloqueio no Orçamento é utilizado para controlar o crescimento das despesas obrigatórias, o contingenciamento visa lidar com a falta de receitas, explicam analistas da XP Investimentos.

"Acreditamos que a meta de resultado primário está comprometida, devido ao otimismo ainda presente em relação aos efeitos das medidas de aumento de receita e à subestimação das despesas com seguridade social", comentam.

Os especialistas ainda indicam que essa meta pode "estar perdendo relevância como indicador de esforço fiscal, em virtude do crescente número de exceções que não são consideradas no cálculo para a apuração da meta".

"Mesmo que o governo atinja o limite inferior da meta (equivalente a um déficit de R$ 28,8 bilhões), o déficit fiscal real será significativamente maior, alcançando R$ 68,8 bilhões", destacam.

Em entrevista à GloboNews, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, disse que essa cautela do mercado com o cenário fiscal "não é uma preocupação exagerada", tendo em vista que o Brasil tem uma dívida pública elevada -- e uma das maiores entre os países emergentes.

Meirelles destacou que o país "não tem uma capacidade infinita de captar recursos pelo Tesouro no mercado" e que o investidor tem que querer investir nos títulos brasileiros. Assim, com a percepção de chance de alta do custo da dívida nacional, os investidores passam a demandar mais juros para que a rentabilidade compense o risco.

Também nesta semana, o BC divulga o Relatório Trimestral de Inflação, na quinta-feira. Outros dados de inflação, mercado de trabalho e contas públicas são aguardados nos próximos dias.

As projeções para a inflação continuam se distanciando da meta central e se aproximando do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.

Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 3,95% para 3,97% na última semana. E, para 2026, a expectativa avançou de 3,61% para 3,62%. A meta de inflação para os próximos anos é a mesma que para 2024.

Já para o crescimento do PIB em 2024, a projeção do mercado subiu de 2,96% para 3% após a divulgação do PIB do segundo trimestre, que registrou expansão de 1,4%, contra os três meses anteriores, e surpreendeu positivamente o mercado financeiro.

No exterior, o destaque do dia fica com um pacote de estímulos econômicos sem precedentes anunciado pelo Banco Central Chinês, que tenta elevar os níveis de consumo e apoiar o mercado imobiliário. A China vem sendo bastante afetada por uma crise imobiliária, pelo elevado desemprego juvenil e pela retração do consumo das famílias, e, ao mesmo tempo, ameaçado pela deflação.

Pequim reduzirá o Índice de Reservas Obrigatórias (RRR) dos bancos, bem como suas taxas diretoras, anunciou Pan Gongsheng, governador do Banco Central, numa coletiva de imprensa em Pequim.

O RRR é um índice que determina a porcentagem de depósitos que os bancos são obrigados a manter nos seus cofres. A sua redução deverá permitir emprestar mais às empresas para apoiar a economia real.

A taxa de reserva obrigatória será muito em breve reduzida em 0,5 ponto percentual, a fim de fornecer aos mercados financeiros uma liquidez de longo prazo de cerca de 1 bilhão de yuans (R$ 778 bilhões), disse Pan.

A China também reduzirá as taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes no setor imobiliário, anunciou, uma medida que deverá beneficiar 50 milhões de famílias e 150 milhões de pessoas. A queda das taxas imobiliárias deverá ajudar a estimular o consumo e o investimento, segundo Pan Gongsheng.

Ainda lá fora, o mercado espera por novos discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), depois de a instituição cortar suas taxas de juros em 0,5 ponto percentual na semana passada, levando-as ao patamar entre 4,75% e 5% ao ano.

Essa foi a primeira redução na taxa em quatro anos, desde março de 2020, e investidores querem mais sinalizações sobre o que o Fed deve fazer nos próximos meses.

Além disso, novos dados de inflação são esperados nos Estados Unidos.

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