O recuo registrado em março foi o mais intenso desde junho do ano passado, quando o setor teve queda de 5,5%. O resultado foi pior do que expectativa em pesquisa da Reuters, que apontava recuo de 3,2%.
“O setor mostrava um movimento de recuperação desde junho do ano passado e chegou a superar o patamar pré-pandemia. Mas, com a queda em março, encontra-se 2,8% abaixo do volume de fevereiro do ano passado”, enfatizou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Setor de serviços registrou a queda mais intensa desde junho de 2020 — Foto: Economia/G1
Das cinco grandes atividades do setor, a de serviços prestados às famílias é a que registra a maior distância do patamar de fevereiro de 2020.
Na comparação com março de 2020, o setor teve alta de 4,5%, após 12 taxas negativas seguidas nesta base de comparação. Já no acumulado em 12 meses, o volume de serviços prestados no país registra um tombo de 8%.
Setor de serviços voltou a operar abaixo do nível pré-pandemia — Foto: Economia/G1
Em termos de patamar, o setor de serviços em março operava 13,6% abaixo do seu ponto mais alto, registrado em novembro de 2014. Essa distância já foi maior, tendo chegado a -27,9% em maio do ano passado.
Agravamento da pandemia
Das cinco atividades do setor de serviços, três registraram queda em março – justamente as que são mais dependentes do atendimento presencial. Segundo o gerente da pesquisa, esse resultado se deve ao recrudescimento das medidas restritivas diante do avanço da pandemia da Covid-19 no Brasil.
“[As medidas restritivas] Foram menos impactantes do que março de 2020, mas suficientes para fazer o setor de serviço recuar e voltar ao patamar pré-pandemia”, enfatizou Lobo.
A maior retração foi observada entre os serviços prestados às famílias, que caiu 27% em relação a fevereiro, a taxa negativa mais intensa desde abril de 2020, quando recuou 46,5%. Já os serviços de transportes, auxiliares aos transportes e correio tiveram queda de 1,9%, enquanto os serviços profissionais, administrativos e complementares recuaram 1,4%.
Tiveram alta na passagem de fevereiro para março os serviços de informação e comunicação e os outros serviços – respectivamente, de 1,9% e 3,7%.
Veja abaixo a variação dos subgrupos de cada uma grandes atividades se serviços:
- Transporte aéreo: -10,2%
- Transporte aquaviário: 0,7%
- Transporte terrestre: -2,7%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,9%
- Serviços administrativos e complementares: -5,4%
- Serviços técnico-profissionais: -1,2%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: -1,4%
- Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias: 6,1%
- Serviços de Tecnologia da Informação: 4,1%
- Telecomunicações: 0
- Serviços de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC): 1,6%
- Serviços de informação e comunicação: 1,9%
- Outros serviços prestados às famílias: -7,2%
- Serviços de alojamento e alimentação: -28%
- Serviços prestados às famílias: -27%
- Outros serviços: 3,7%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,3%
Alta no trimestreApesar da retração de março, o setor de serviços encerrou o primeiro trimestre com avanço de 2,8% na comparação com trimestre imediatamente anterior. Foi a terceira taxa positiva nesta base de comparação, mas a menos intensa do período.
Resultado trimestral do setor de serviços — Foto: Economia G1
Já na comparação com o 1º trimestre do ano passado o setor registrou queda de 0,8%, na quinta queda trimestral seguida na comparação frente a igual trimestre anterior.
Queda em 14 das 27 regiões pesquisadas
A retração do volume de serviços prestados no país foi observada em 14 das 27 das unidades da federação.
Entre os locais com taxas negativas, o impacto mais importante veio de São Paulo (-2,6%), seguido por Distrito Federal (-6,1%), Minas Gerais (-1,6%), Santa Catarina (-3,4%) e Rio de Janeiro (-0,8%).
Dentre as UFs que tiveram alta, o principal destaque ficou com o Mato Grosso do Sul, com avanço de 11,8% frente a fevereiro.
Atividades turísticas têm queda de 22% em março
Os serviços relacionados ao turismo registraram, na passagem de fevereiro para março, uma queda de 22% – foi o recuo mais intenso desde abril do ano passado, quando a queda havia sido de 54,5%.
"O segmento de turismo vinha mostrando recuperação entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, com avanço de 127,2%, mas sofre novo revés neste mês, de maneira que agora ainda necessita crescer 78,7% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado", destacou o IBGE.
Todos os 12 locais pesquisados acompanharam a retração verificada na atividade turística nacional (-22,0%). A influência negativa mais relevante ficou com São Paulo (-21,5%), seguido por Rio de Janeiro (-17,2%), Paraná (-26,5%), Minas Gerais (-17,4%), Santa Catarina (-26,2%) e Pernambuco (-24,9%).
Frente a março de 2020, o índice de volume de atividades turísticas no Brasil caiu 19,1%, décima terceira taxa negativa seguida. Todas as doze unidades da federação onde o indicador é investigado mostraram recuo, com destaque negativo para São Paulo (-27,7%), seguido por Rio Grande do Sul (-33,2%), Paraná (-24,3%) e Rio de Janeiro (-8,2%).
No acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas caiu 27,4% frente a igual período de 2020, pressionado, sobretudo, pelas reduções de receita obtida por empresas dos ramos de restaurantes; transporte aéreo de passageiros; hotéis; agências de viagens; transporte rodoviário coletivo de passageiros; e serviços de bufê.
Todos os doze locais investigados também registraram taxas negativas, com destaque para São Paulo (-35,6%) e Rio de Janeiro (-23,8%), seguidos por Minas Gerais (-25,8%), Paraná (-28,1%), Rio Grande do Sul (-30,2%) e Bahia (-18,8%).
Perspectivas
A confiança empresarial teve, em abril, a primeira alta após seis quedas seguidas, conforme o último levantamento divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a entidade, a indústria é único setor a registrar níveis elevados de confiança. No entanto, o índice do comércio, que em março havia despencado para o menor nível desde maio de 2020, teve alta de 11,6 pontos, no mês.
Os economistas do mercado financeiro passaram a prever uma maior expansão da economia este ano. Conforme o último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, a previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha alta de 3,21% - antes, o crescimento previsto era de 3,14%.
O mercado financeiro também aumentou a projeção de alta da inflação para este ano, de 5,01% para 5,04%. A previsão de inflação do mercado continua acima da meta central deste ano, de 3,75%, e se aproxima do teto do sistema de metas: 5,25%. Isso porque, pelo sistema atual, a inflação será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25% em 2021.