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O estudo do IDados, a partir da Pesquisa Nacional de Domicílios, mostra que a maior parte perdeu entre 10% e 50% da renda do trabalho.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
g1.globo.com/jornal-nacional/noticia
Postado em 21 de abril de 2021 às 23h10m
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Oito em cada 10 famílias de classe média perdem renda, na pandemia
Na pandemia, a maior parte das famílias brasileiras de classe média teve alguma perda de renda com a pandemia e precisou se adaptar.
Se a cidade mais rica do país é cenário de uma crise, as famílias brasileiras são os personagens. Sofrem primeiro os mais vulneráveis e depois a chamada classe média. Pelo Critério Brasil, da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas, famílias com renda mensal entre R$ 3,3 mil e R$ 6 mil. Com a pandemia estacionada, veem a vida andar para trás.
“Eu tive que vender meu apartamento que eu tinha acabado de comprar. Estava financiado e eu não ia conseguir mais pagar. Tenho dois condomínios atrasados, tem meus convênios que eu estou fazendo uma jogada, eu pago um, atraso o outro, pago um atraso o outro. E agora, eu estou planejando, ou eu vendo um ônibus ou eu vendo meu carro particular para poder ter aquele dinheiro extra para poder me manter”, conta José Acir Momesso, transportador escolar.
Um estudo do IDados, a partir da Pesquisa Nacional de Domicílios, mostra que oito em dez famílias de renda média se apertaram para viver com menos no fim do ano passado. A maior parte perdeu entre 10% e 50% da renda do trabalho. Para duas em dez famílias, a pandemia levou entre 50% e 80% da renda familiar. E um em dez domicílios viu a fonte de renda secar entre 80% e 100%.
“São pessoas na verdade que se bancam com a renda do próprio trabalho, são famílias que sofreram bastante com a diminuição da população ocupada e posteriormente com o aumento do desemprego. É uma população que não é apta a receber o auxílio emergencial”, explica Mariana Leite Moraes da Costa, economista e pesquisadora da Consultoria IDados.
E com os planos dessas famílias fica adiada também a retomada econômica.
“A classe média representa o maior quinhão, a maior parte do consumo daquilo que entra nas residências”, diz Simão Silber, professor de Economia da USP.
Foi pela via do emprego e renda que o vírus contaminou a economia. Nessa doença que “mina" o crescimento da atividade, difícil dizer o que é causa e o que é sintoma. Com o prolongamento da pandemia e menos dinheiro no fim do mês, as famílias deixam de consumir, e os empresários, de investir, e as chances de abertura de vagas diminuem. É mais do que uma crise econômica, dizem os economistas.
“É uma tragédia social, porque as pessoas estão perdendo os seus status, sua autoestima. Não se esqueçam: muitas pessoas são estudadas, se prepararam para trabalhar e, de uma hora para outra, a porta do emprego se fechou. Então isso é uma enorme frustração, do ponto de vista familiar, do ponto de vista pessoal, você se sente muito diminuído, rejeitado dentro da sociedade”, afirma Simão Silber.
“Eu estou perdendo. Eu estou tendo que desfazer das coisas que eu tenho, então está muito ruim. A gente comia bem, agora come o suficiente para poder se manter. A gente está abrindo mão de muitas coisas, sair final de semana, comer uma pizza, numa sexta-feira, isso acabou, não tem mais. Isso já não me pertence mais por enquanto”, conta José Acir Momesso.
E a saída dessa crise econômica passa por medidas de saúde pública, explicam os economistas.
“Várias regiões do mundo que vacinaram melhor, isolaram melhor e estão saindo muito mais fortes na recuperação econômica. É rastreamento, vacinação, isolamento para acabar com um grande surto para depois ressurgir. Elas precisam ser ajudadas, porque senão morrem de fome. E feito isso de maneira suficiente, com imunização, você ressurge. Vai ter uma outra primavera, é óbvio que tem, os países fizeram isso”, explica o professor Simão Silber.
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