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As maiores taxas médias do ano foram registradas em estados do Nordeste e as menores, no Sul do país. Na passagem do terceiro para o quarto trimestre, desemprego recuou em apenas cinco estados.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
Postado em 10 de março de 2021 às 12h05m
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Foto registrada em 25 de março de 2020 mostra mulher caminhando no
centro de Madureira, na Zona Norte do Rio, com comércio fechado — Foto:
Marcos Serra Lima/G1
Os impactos negativos da pandemia do coronavírus sobre o mercado de trabalho levaram 20 estados brasileiros a registrarem recorde da taxa média de desemprego em 2020. É o que apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os resultados regionais acompanharam a média nacional. Conforme divulgado pelo IBGE na última semana de fevereiro, a taxa média anual de desemprego do país em 2020 foi de 13,5%, a maior de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
As maiores taxas foram registradas em estados do Nordeste e as menores, no Sul. Somente em sete estados a taxa de desemprego média do ano não bateu recorde. São eles: Pará, Amapá, Tocantins, Piauí, Pernambuco, Espírito Santo, e Santa Catarina.
Somente sete estados não registraram taxa de desemprego recorde em 2020, segundo o IBGE — Foto: Economia/G1
Dentre os 20 estados que registraram recorde, 12 tiveram taxa superior à média nacional. Os estados nos quais a taxa foi menor que a média do país são: Rondônia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
A pesquisa mostrou, também, que:
- Em 15 estados, mais da metade da população estava desempregada;
- RJ foi o único estado fora do Norte e Nordeste com menos da metade da população ocupada;
- Queda disseminada da informalidade pelo país puxou alta do desemprego;
- No 4º trimestre, desemprego caiu em apenas cinco estados;
- Desemprego foi maior entre mulheres, jovens, pretos e pardos;
- Bahia tinha o maior número de desalentados do país;
- Piauí teve a maior taxa de trabalhadores subutilizados; Santa Catarina, a menor;
- Amapá tinha a maior proporção de trabalhadores por conta própria; DF, a menor;
- Maranhão tinha o menor percentual de carteira assinada; Santa Catarina, o maior;
- Rendimento médio caiu no Sudeste e Nordeste no 4º trimestre.
IBGE: 20 estados batem recorde de desemprego em 2020
Em 15 estados, a maioria do Norte e Nordeste, o nível de ocupação ficou abaixo de 50% em 2020. Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar nestes estados estava ocupada no ano. Na média nacional, foi a primeira vez que isso aconteceu.
O nível de ocupação mais baixo foi registrado em Alagoas. O Rio de Janeiro foi o único estado fora do Norte e Nordeste onde o nível de ocupação ficou abaixo de 50%.
Na maioria dos estados, mais da metade da população em idade de trabalhar estava desempregada em 2020 — Foto: Economia/G1
De acordo com o IBGE, a população ocupada em todo país foi reduzida em cerca de 7,3 milhões de pessoas na comparação com 2019. São Paulo foi o estado com o maior contingente de trabalhadores perdidos - quase 2 milhões (1.994 milhão) em um ano. Em seguida, vem Minas Gerais, com 820 mil a menos, e Bahia, com redução de 626 mil ocupados no período.
Queda da informalidade reduziu a ocupação no país
O IBGE destacou que a crise no mercado de trabalho afetou, inclusive, o trabalho informal no país, considerado a porta de mais fácil acesso à ocupação. E foi a queda do número de trabalhadores informais a principal responsável pelos recordes da taxa de desemprego e baixo nível de ocupação.
“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano”, explicou Adriana Beringuy.
São considerados trabalhadores informais, segundo o IBGE, aqueles ocupados sem carteira, os trabalhadores domésticos sem carteira, os empregadores sem CNPJ, os que trabalham por conta própria sem CNPJ e os trabalhador familiar auxiliar.
O levantamento mostrou que a taxa média de informalidade do país caiu 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020.
Entre os estados, 19 superaram a média nacional - variou de 39,1%, em Goiás, até 59,6% no Pará. Em sete desses estados, a taxa ultrapassou 50%.
Apenas São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%) tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.
No 4º trimestre, apenas cinco estados registraram queda do desemprego
Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 14,6% para 13,9% na passagem do terceiro para o quarto trimestre. Entre os estados, no entanto, essa redução foi observada em apenas cinco: Minas Gerias, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão e Roraima.
“Em alguns outros estados, embora tenha havido uma tendência de redução da taxa, ela não foi significativa estatisticamente. A realidade da grande maioria dos estados brasileiros é de taxas bem maiores do que era um ano atrás”, afirmou a analista da pesquisa Adriana Beringuy.
Desemprego maior entre mulheres, jovens e pretos e pardos
No último trimestre de 2020, o desemprego atingia mais as mulheres, os jovens e os pretos e pardos, segundo o IBGE.
A taxa de desemprego entre os homens foi de 11,9%, enquanto entre as mulheres ela chegou a 16,4% - uma diferença de 4,5 pontos percentuais (p.p.) - e ficou acima da média nacional.
Entre as pessoas autodeclaradas pretas, a taxa foi de 17,2%, enquanto a dos pardos foi de 15,8%, ambas acima da média nacional. Já entre os brancos a taxa foi de 11,5%.
Ao analisar a população desempregada por faixa etária, o IBGE identificou que a taxa foi maior entre os mais jovens. Para o grupo de 14 a 17 anos de idade, ela foi de 42,7%, para o de 18 a 24 anos, de 29,8%, e para o de 25 a 39 anos, de 13,9%.
O desemprego também foi maior entre as pessoas com ensino médio incompleto, cuja taxa de desemprego foi de 23,7%, superior à dos demais níveis de instrução. Entre pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 16,9%, mais que o dobro da verificada entre aqueles com nível superior completo, de 6,9%.
Rendimento médio cai no Sudeste e Nordeste
Ainda de acordo com a pesquisa, na passagem do 3º para o 4º trimestre foi observada queda do rendimento médio real dos trabalhadores nas Regiões Sudeste e Nordeste de, respectivamente, 5,3% e 3,7%. Nas demais regiões, o indicador ficou estável.
Na média nacional, a redução foi de 4,2% no período, passando de R$ 2.616 para R$ 2.507. No Sudeste e Nordeste o rendimento médio no 4º trimestre foi, respectivamente, de R$ 2.903 e R$ 1.683.
Já a massa de rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimada em R$ 210,7 bilhões, ficando estável em relação ao 3º trimestre, quando foi estimada em R$ 210,3 bilhões.
Desalento maior na Bahia
Conforme divulgado anteriormente pelo IBGE, o país encerrou o 4° trimestre de 2020 com cerca de 5,8 milhões de pessoas desalentadas, que são aquelas que desistiram de procurar emprego, embora tivessem condições de assumir um trabalho caso surgisse uma oportunidade. O maior número de pessoas nesta condição estava na Bahia - 813 mil desalentados, o que corresponde a 14% de todo o contingente em desalento no país.
Na média nacional, o percentual de desalentados em relação à força de trabalho foi de 5,5%. No Maranhão e Alagoas, essa proporção mais que triplicava - 20,7% e 18,4%, respectivamente. Já os menores percentuais foram registrados por Mato Grosso (1,4%), Santa Catarina e Distrito Federal (ambos com 1,5%).
Menos carteira assinada no MA, e mais conta própria no AP
Ao analisar regionalmente a condição da ocupação, o IBGE identificou que, no 4º trimestre, as Regiões Nordeste (59,6%) e Norte (58,2%) apresentaram as menores taxas de carteira de trabalho assinada – na média nacional, essa taxa foi de 75%.
Entre os estados, o Maranhão foi o que registrou a menor taxa, de 48,5%, seguido pelo Pará (51,4%) e Piauí (52,0%). Já os maiores percentuais de carteira assinada foram observados em Santa Catarina (87,9%), Paraná (85,3%) e Rio Grande do Sul (83,9%).
Já os trabalhadores por conta própria em todo o país representavam 27% do total de ocupados. Os maiores percentuais de pessoas nesta condição de ocupação foram registrados nas regiões Norte (32,3%) e Nordeste (31,0%).
Entre os estados, o Amapá foi o que apresentou o maior percentual de conta própria (36,7%) seguido por Maranhão (34,3%) e Amazonas (34,2%).
Os menores percentuais de conta própria estavam no Distrito Federal (20,0%), São Paulo (23,2%), Alagoas (23,8%) e Mato Grosso do Sul (23,9%), sendo que os dois últimos foram os únicas com percentual abaixo de 25%.
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