Mais de meio milhão de empresas, de todos os setores da economia, estavam com suas atividades paralisadas na primeira quinzena de junho.
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
16/07/2020 09h04 Atualizado há 35 minutos
Postado em 16 de julho de 2020 às 10h45m
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Quatro em cada dez negócios no Brasil fecharam na 1ª quinzena de junho, diz IBGE
Um levantamento inédito divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostra que quatro entre cada dez empresas que paralisaram as
suas atividades na primeira quinzena de junho o fizeram por causa da
pandemia do novo coronavírus.
Ao todo, cerca de 1,3 milhão de empresas estavam com atividades
encerradas temporária ou definitivamente na primeira quinzena de junho.
Destas, 522,7 mil (39,4%) apontaram como causa as restrições impostas
pela pandemia.
"Esse impacto no encerramento de companhias foi disseminado em todos os
setores da economia, chegando a 40,9% entre as empresas do comércio,
39,4% dos serviços, 37,0% da construção e 35,1% da indústria", destacou o
IBGE.
Os dados fazem parte da primeira divulgação da "Pesquisa Pulso-Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, criada pelo IBGE para avaliar os impactos da pandemia no mercado empresarial brasileiro.
IBGE: 67% das empresas permaneceram funcionando na quarentena
70% sentiu impacto negativo da pandemia
Entre 2,7 milhões de empresas em atividade na primeira quinzena de
junho, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo
sobre o negócio. Outros 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou
inexistente. Em contrapartida, 13,6% afirmaram que a pandemia trouxe
oportunidades e que teve um efeito positivo sobre a empresa.
Por segmento, o maior percentual de empresas em que a Pandemia tem tido
efeito negativo está no setor de Serviços (74,4%), seguido por
Indústria (72,9%), Construção (72,6%) e Comércio 65,3%.
“Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, tem baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias, onde se incluem atividades como as de bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção”, avaliou Alessandro Pinheiro, Coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.Pesquisa do IBGE mostra principais medidas tomadas pelas empresas diante da pandemia da Covid-19. — Foto: Economia/G1
716 mil empresas fechadas definitivamente
De acordo com o IBGE, na primeira quinzena de junho havia cerca de 4
milhões de empresas ativas no país. Destas, sendo 2,7 milhões (67,4%)
estavam em funcionamento total ou parcial, enquanto 610,3 mil (15,0%)
estavam fechadas temporariamente. Já cerca de 716,4 mil (17,6%)
encerraram suas atividades em definitivo.
“Muitas empresas relataram que já vinham em dificuldades desde 2019”, ponderou o coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas, Flávio Mangheli.
Das empresas que fecharam em definitivo, 715,1 mil (99,8%) eram de
pequeno porte (com até 49 funcionários), enquanto outras cerca de 1,2
mil tinham porte intermediário (entre 50 e 499 pessoas ocupadas).
Nenhuma grande empresa (com mais de 500 funcionários) fechou as portas.
Entre os setores, o de Serviços foi o que apresentou a maior proporção
de empresas encerradas em definitivo - foram 334,3 mil empresas
fechadas. Em seguida, aparece o comércio, com 261,6 mil fechamentos, a
construção, com 68,7 mil empresas fechadas, e a indústria, com 51,7 mil
fechamentos.
70% teve queda nas vendas ou serviços prestados
A pesquisa revelou, ainda, que para sete em cada dez empresas em
atividade no Brasil, a pandemia implicou diminuição sobre as vendas ou
serviços prestados na primeira quinzena de junho na comparação com o
período anterior ao início do isolamento social.
O IBGE destacou que as empresas de pequeno porte foram as mais impactadas negativamente.
Entre os setores, a redução nas vendas foi maior na construção (73,1%) e
nos serviços (71,9%), especialmente os serviços prestados a famílias
(84,5%) e no comércio (70,8%), com destaque para a comercialização de
veículos, peças e motocicletas (75,5%). Na indústria 65,3% das empresas
reportaram redução nas vendas.
Além disso, cerca de 60% das empresas relataram maior dificuldade na
capacidade de fabricar produtos e de atendimento aos clientes. Outras
60,8% revelaram ter tido dificuldade no acesso aos fornecedores, com
impacto maior no comércio (74,0%) especialmente na comercialização de
veículos, peças e motocicletas (87,4%). Na indústria, esse impacto foi
reportado por 62,7% das empresas em funcionamento.
Preservação de empregos
O levantamento mostrou, também, que cerca de 60% das empresas em
funcionamento mantiveram o número de funcionários na primeira quinzena
de junho em relação ao início da pandemia.
Dentre as que reduziram o número de pessoal ocupado, 37,6% reportaram
uma redução inferior a 25% do pessoal e 32,4% uma redução entre 26% e
50% do número de pessoal ocupado.
“Não ocorreu alteração significativa no quadro de funcionários em relação ao início da pandemia, na construção, no comércio, na indústria e no atacado. Mesmo as pequenas empresas sinalizaram que mantiveram o quadro de funcionários, o que pode estar relacionado ao fato de terem colocado as pessoas em trabalho remoto ou terem obtido alguma linha de financiamento. O fato é que não houve uma queda acentuada na ocupação como num primeiro momento se esperaria”, destacou o coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas, Flávio Mangheli.
Cerca de 13% das empresas relataram ter conseguido uma linha de crédito
emergencial para realizar o pagamento da folha salarial dos
funcionários. Outras 44,5% empresas afirmaram ter adiado o pagamento de
impostos, desde o início da pandemia.
Como o home office tem mudado o trabalho no Brasil
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