Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas que queriam um emprego, mas enfrentaram dificuldades para voltar ao mercado por falta de oportunidade ou por medo de serem contaminadas pelo novo coronavírus.
Por Jornal Nacional
16/06/2020 21h49 Atualizado há uma hora
Postado em 16 de junho de 2020 às 22h55m
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Mais de 28 milhões não conseguem voltar ao mercado de trabalho, mostra pesquisa do IBGE
O IBGE divulgou nesta terça-feira (16) uma pesquisa sobre os impactos da pandemia no mercado de trabalho.
Estevan perdeu o emprego de assistente administrativo no meio da pandemia e não conseguiu mais voltar a trabalhar. “Logo após ser mandado embora, uma ou duas semanas, eu comecei a procurar emprego. Mas já estou mais ou menos há um mês e estou vendo que não está tendo retorno. Devido a esse surto do coronavírus, muitas empresas não estão contratando”, diz Estevan Rafael Schoenwettee.
Quase 18 milhões de brasileiros gostariam de estar trabalhando. Mas, por causa da pandemia ou por falta de vagas na região onde vivem, não procuraram emprego na última semana de maio. Outros 11 milhões que estavam desempregados e buscavam trabalho, não encontraram. Um milhão perdeu o emprego só ao longo de maio.
Assim, o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas que queriam um emprego, mas enfrentam dificuldades para voltar ao mercado por falta de oportunidade ou por medo de serem contaminadas pelo novo coronavírus.
Como Alexandra, que não voltou a procurar emprego depois que foi demitida de uma academia: “Além dessa volta, do medo próprio mesmo, de mim mesma, eu tenho medo de colocar a minha família em risco: minha mãe, meu pai. Eu tenho medo de voltar novamente para minha profissão por conta disso também”, afirma Alexandra Correia de Almeida, estudante de Educação Física.
As informações são da primeira pesquisa extraordinária do IBGE que mede o impacto da pandemia no mercado de trabalho. O resultado mostra ainda que 14 milhões de trabalhadores foram afastados do trabalho - ficaram, por exemplo, em quarentena ou férias coletivas - e quase 9 milhões estão trabalhando de forma remota, o chamado home office.
A informalidade caiu em maio. Só que isso não é uma boa notícia. “A informalidade, que é tida, na verdade, como um colchão amortecedor em tempos de crise, ela cai porque ela está muito aderente ao comércio, ao serviço, aos camelódromos, às praias, ao comércio de rua, ao cabeleireiro, ao serviço de alimentação. E isso está fechado”, explica Cimar Azeredo, diretor adjunto de pesquisas do IBGE.
Os pesquisadores ligaram para 193 mil domicílios do país ao longo das quatro semanas de maio e perguntaram, também, como os brasileiros reagiram ao ter sintomas que poderiam ser de Covid, a quem recorreram e onde foram procurar ajuda.
Um em cada dez brasileiros apresentou algum sintoma de gripe que poderia estar relacionado à Covid-19, como febre, tosse, falta de olfato e dificuldade de respirar. Na cada do Thales, foi a família toda: as seis pessoas tiveram sintomas. “Em casa, até pela proximidade, não é um lugar muito grande. Aí todo mundo pegou”, conta o advogado criminalista Thales Pinto Freitas.
Thales foi o único que fez o teste e que teve complicações. Assim como outros 3,5 milhões de brasileiros, ele procurou atendimento. Como a grande maioria, na rede pública de saúde. “Eu fiquei internado oito dias. Eu saí do oxigênio mais ou menos no sexto dia”, conta.
A preocupação maior era com a mãe dele, Dona Katia, que ainda trata um câncer de mama. Ela teve apenas o diagnóstico clínico de que estava com Covid, não fez teste. E como 82% das pessoas que apresentaram sintomas, não procurou uma unidade de saúde. “Porque eu achei que dava para controlar em casa. E deu, porque eu não tomei remédio. Nada”, diz a aposentada Tânia Kátia Freitas.
Dona Kátia não tomou, mas admite, como 13% dos brasileiros, que o marido dela, também com sintomas, fez uma coisa errada: usou remédio por conta própria. “Ele não estava reagindo. Aí eu falei: ‘eu vou dar’”.
Hoje, depois de vencer a doença, a família está mais tranquila. Mas ninguém se descuida. “Foi um susto. Mas, graças a Deus, deu tudo certo. Todo mundo teve força para sair”, diz Thales.
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