Campos Neto afirma que país precisará de credibilidade para manter trajetória positiva em 2021. Ele diz ver recuperação 'em V', mas com crescimento em ritmo mais suave.
Por Laís Lis, G1 — Brasília
24/08/2020 17h37 Atualizado há 3 horas
Postado em 24 de agosto de 2020 às 20h40m
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (24) que as medidas adotadas pelo governo para combater a crise provocada pela pandemia da Covid-19 são suficientes para garantir impulso para a economia até dezembro.
Em 2021, segundo ele, o Brasil precisará de credibilidade para continuar a recuperação.
“Quando a gente olha as medidas de crédito e mais medidas que foram
feitas como auxilio emergencial a gente consegue um impulso grande indo
até dezembro. O que a gente precisa agora ao longo desse caminho é
ganhar credibilidade para que a economia pegue no tranco e que a gente
gere esse movimento positivo a partir de dezembro”, afirmou, durante
evento virtual do jornal "O Estado de S.Paulo".
Juliana Rosa analisa medidas do governo para movimentar a economia
Campos Neto disse estar otimista, e apontou que o mercado tem revisado para cima as previsões para a economia em 2020, sem subtrair da previsão de crescimento econômico de 2021.
Segundo o presidente do BC, já é possível ver uma recuperação em “V” da
economia, mas um "V suavizado". A recuperação em V, bastante citada
pela equipe econômica, faz referência ao formato da letra – um gráfico
com uma queda brusca, e uma retomada logo após o ponto mais baixo.
O presidente do BC declarou ainda que, em outros países, o crescimento
do crédito tem sido um fator importante na velocidade da recuperação
econômica.
Nesse sentido, Campos Neto diz que o Brasil está bem, já que as medidas
adotadas pelo BC garantiram um aumento na oferta de crédito.
Teto de gastos
Durante a transmissão, Campos Neto defendeu o teto de gastos e afirmou
que o desrespeito à regra criada em 2017 colocaria o Brasil de volta em
um cenário de inflação e juros altos.
O presidente do BC afirmou que a parte fiscal é essencial, e que o BC tem dado esse recado em suas comunicações.
“Eu entendo que o teto é superimportante e temos passado essa mensagem
de que a disciplina fiscal é importante. Se começa a afrouxar o teto a
gente vai voltar para a nossa situação antiga que leva a um equilíbrio
de inflação alta e juros altos”, disse.
Repasse ao Tesouro
Sobre a possibilidade de o Banco Central repassar o lucro das reservas
internacionais para o Tesouro Nacional, Campos Neto afirmou que não é
contra a transferência – mas que é preciso cuidado para que ela não
pareça um financiamento ao Tesouro.
Com a desvalorização cambial no primeiro semestre, as reservas
internacionais geraram lucro para o Banco Central. O problema é que, se a
moeda nacional retomar a valorização, o resultado no próximo semestre
pode ficar negativo.
Campos Neto defende que parte do resultado positivo do primeiro
semestre fique no Banco Central para absorver qualquer impacto.
“A ideia é fazer alguma transferência e deixar algum colchão para
absorver qualquer impacto. Seria muito ruim fazer a transferência e
depois pedir financiamento para o Tesouro”, disse.
O repasse é autorizado por lei e precisa ser aprovado pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN). O dinheiro, no entanto, só pode ser usado para
abater a dívida pública.
Nota de R$ 200
Durante a transmissão, Campos Neto também defendeu a criação da nota de
R$ 200. Segundo ele, o Brasil precisa emitir mais dinheiro e o mais
rápido possível e a única forma é a nota de R$ 200.
Sobre as críticas de que a criação poderia favorecer crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro, o presidente do BC afirmou que a
instituição entende que a melhor forma de combater a corrupção é
avançando na digitalização.
“Entendemos esse argumento. De novo, eu fiz questão de explicar para
combater a informação de que o BC queria favorecer uma coisa ou outra”,
disse. Segundo ele, a criação da nota nasceu da necessidade de fazer o
pagamento do auxílio emergencial.
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