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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Ibovespa tem queda no dia, mas fecha o ano com alta de 22%; dólar cai 8% em 2023

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No último pregão do ano, principal índice de ações da bolsa de valores teve queda de 0,01%, aos 134.185 pontos. A moeda americana subiu 0,41%, cotada a R$ 4,8525.
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Por Isabela Bolzani, Raphael Martins, g1

Postado em 29 de dezembro de 2023 às 09h35m

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Painel mostra variação de mercado na B3, em São Paulo. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Painel mostra variação de mercado na B3, em São Paulo. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou o ano com ganho de mais de 22% em 2023.

No último pregão do ano, o Ibovespa teve leve queda de 0,01%, aos 134.185 pontos.

Com o alívio do cenário externo e surpresas nos indicadores internos, o índice passou por uma arrancada no fim de 2023. No mês de dezembro, acumulou ganhos de mais de 5%.

Em termos anuais, este é o melhor resultado desde 2019, quando o índice teve alta acumulada de 31,58%. Veja abaixo o histórico anual.

O dólar teve leve alta no pregão desta quinta-feira, mas terminou o ano com recuo de 8,06%. No pregão final, a moeda americana fechou em alta de 0,41%, cotada a R$ 4,8525.

A máxima histórica da moeda americana foi em 13 de maio de 2020, quando custava R$ 5,9007. De lá para cá, já acumula queda de quase 18%.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar fechou em alta de 0,41%, cotado a R$ 4,8525. Veja mais cotações.

Com o resultado, a moeda americana terminou o último pregão do ano com:

  • queda de 0,17% na semana;
  • recuo de 1,28% no mês;
  • perda de 8,06% no ano.

Na véspera, a moeda norte-americana avançou 0,22%, cotada a R$ 4,8328.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em queda de 0,01%, aos 134.185 pontos.

Com o resultado, o índice de ações terminou o último pregão do ano com:

  • alta de 1,08% na semana;
  • ganho de 5,38% no mês;
  • alta de 22,28% no ano.

Na véspera, o índice fechou com alta de 0,49%, aos 134.194 pontos, maior patamar de fechamento da história.

Entenda o que faz o dólar subir ou descer

O que influenciou o Ibovespa em 2023?

O ano foi marcado pela troca de governo no Brasil, com início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao chegar ao poder, o petista precisou desarmar uma bomba fiscal montada pelo adversário, Jair Bolsonaro, durante o ano eleitoral.

Foram os ministros de Lula que tomaram a frente das negociações para remendar o orçamento enviado ao Congresso Nacional pelos bolsonaristas. O documento não previa recursos para o funcionamento de programas básicos em 2023, entre eles o Farmácia Popular e o Bolsa Família de R$ 600.

Antes mesmo de subir a rampa do Palácio do Planalto, Lula precisou gastar capital político para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que desafogou os recursos para o funcionamento do estado. Ainda que o mercado esperasse uma ampliação de gastos, as cifras vieram bem acima do projetado.

Analistas ligaram os alertas, temendo que Lula 3 pudesse ser um mandato de descontrole financeiro. Somado a isso, o próprio presidente partiu para o ataque a medidas como a independência do Banco Central e ao apelo de economistas por corte de gastos públicos.

Ao longo de todo o primeiro trimestre, os mercados sofreram com os receios de um aprofundamento da crise fiscal do país. O Ibovespa chegou a perder o patamar de 100 mil pontos, enquanto o dólar rompia a casa dos R$ 5,30.

A situação só teve solução quando foram apresentadas as bases do novo arcabouço fiscal, regime de controle que substituiria o teto de gastos instaurado pelo governo de Michel Temer.

Em resumo, ficaram estabelecidas metas de resultado primário, além de uma barreira para os gastos, vinculada ao aumento das receitas. Em outras palavras: o governo só poderia ampliar o gasto se fizesse um esforço prévio para arrecadar mais.

Todo mundo sabia que aquelas metas não eram absolutamente críveis. Mas, independentemente de bater ou não, o fato de você ter um governo perseguindo a meta fez com que o mercado ficasse muito mais tranquilo, diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

O clima do mercado ficou mais ameno porque o arcabouço fiscal afastou o principal receio do mercado, de que o governo tivesse uma capacidade inesgotável de ampliar gastos para a agenda política, gerando uma bola de neve de endividamento.

Ao organizar a agenda econômica e costurar o texto do arcabouço, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ganhou força e protagonismo para encaminhar as reformas e medidas de ampliação da arrecadação, necessárias para cumprimento das metas do arcabouço.

Duas que foram muito importantes foram o voto de qualidade no Carf e a MP da Subvenção do ICMS. São duas medidas que foram belíssimas vitórias do governo, diz Veronese, da B.Side.

Na lista também estão a tributação de investimentos no exterior (offshores) e de fundos exclusivos, além da taxação do mercado de apostas eletrônicas em jogos esportivos.

Há mais medidas por vir (saiba mais abaixo), já que as metas do arcabouço projetam zerar do déficit público já no ano que vem, e o governo federal precisaria de R$ 168 bilhões em receitas para chegar ao número em 2024.

Haddad anuncia medidas para equilibrar contas públicas

Com o encaminhamento da agenda interna, foi o cenário externo que acabou influenciando os mercados ao longo de todo o segundo semestre de 2023.

Não bastasse a crise bancária nos Estados Unidos no começo do ano — que aumentou a aversão ao risco por parte dos investidores — os mercados deram mais destaque na segunda metade do ano às incertezas sobre a inflação norte-americana e o aumento de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).

Apesar de o Fed ter interrompido o ciclo de alta em meados do ano, restaram as dúvidas de se aquele seria o patamar máximo das taxas, ou se seria necessário retomar as elevações de juros adiante.

Segundo Matheus Amaral, especialista em bolsa de valores do banco Inter, foi apenas quando o Fed começou a mudar suas sinalizações a respeito das taxas básicas dos Estados Unidos que o bom humor voltou aos mercados.

A instituição ainda não começou seu ciclo de corte de juros, mas manteve as taxas inalteradas nas últimas três reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 2023. Além disso, em dezembro, o Fed também indicou o fim do ciclo de alta.

Tínhamos uma curva de juros norte-americana elevada, o que acabou atraindo os mercados globais [no começo do ano]. E na medida que as curvas foram arrefecendo, os mercados de renda variável foram ficando mais propícios para o investidor, que foi ficando menos avesso ao risco, disse.

Esse cenário, apontam especialistas, também foi benéfico para os mercados emergentes, como o Brasil — e deve continuar a trazer bons resultados para a bolsa por aqui em 2024.

Imaginamos que a partir de março de 2024 o Fed deve começar a reduzir os juros, o que deve ser bom para os mercados acionários, incluindo o brasileiro. Nossa bolsa ainda está barata e tende a continuar atraindo investidores estrangeiros, afirmou o analista de investimentos da Mirae Asset Pedro Galdi.

A estimativa de Galdi é que o Ibovespa alcance entre 150 mil e 160 mil pontos no próximo ano, enquanto a projeção do Inter é que o índice brasileiro alcance os 142 mil pontos até o final de 2024.

Há dois destaques da agenda interna nesta quinta-feira (28), com o novo pacote de medidas para equilíbrio das contas públicas, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país.

Haddad elencou uma série de novas medidas que serão enviadas pelo governo ao Congresso Nacional para melhorar a situação das contas públicas federais nos próximos anos.

"Nosso esforço continua no sentido de equilibrar as contas por meio da redução do gasto tributário no nosso país. O gasto tributário no Brasil foi o que mais cresceu, subiu de cerca de 2% do PIB para 6% do PIB", afirmou Haddad.

Segundo Haddad, a lista é composta por três medidas:

  1. a limitação das compensações tributárias feitas pelas empresas – ou seja, de impostos que não serão recolhidos nos próximos anos para "compensar" impostos pagos indevidamente em anos anteriores e já reconhecidos pela Justiça;
  2. mudanças no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), criado na pandemia para beneficiar o setor cultural e prorrogado pelo Congresso, em maio, até 2026. Segundo Haddad, parte dos abatimentos tributários incluídos nesse programa será revogada gradualmente nesse período.
  3. reoneração gradual da folha de pagamentos – contrariando a prorrogação da desoneração promulgada pelo Congresso – e, como contrapartida, desoneração parcial do "primeiro salário mínimo" recebido por cada trabalhador com carteira assinada.

Os textos das medidas anunciadas ainda não foram divulgados, e só devem começar a tramitar de fato quando o Congresso voltar do recesso, a partir de fevereiro. Veja a reportagem completa do g1 sobre o assunto.

o IPCA-15 subiu 0,40% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice teve uma aceleração de 0,07 ponto percentual (p.p.) em relação a novembro, quando teve alta de 0,33% e veio acima das estimativas de mercado, que esperavam 0,29%.

Com os resultados, o índice acumulou 4,72% na janela de 12 meses. O principal impacto veio de Transportes, com ganho de 0,77% no mês. Nesse grupo, o subitem passagens aéreas subiu 9,02% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,09 p.p.).

No exterior, a sessão era marcada por queda dos futuros do minério de ferro e do petróleo, enquanto os futuros acionários norte-americanos tinham desempenho misto e os rendimentos dos Treasuries registravam acréscimos discretos.

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