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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Taxa Selic: entenda os pontos mais importantes para a decisão de juros do Banco Central

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Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça (19) e na quarta-feira (20) para definir os juros dos próximos 45 dias. Hoje, está na casa dos 13,25% ao ano.
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Por Artur Nicoceli, g1

Postado em 19 de setembro de 2023 às 09h00m

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Sede do Banco Central, em Brasília  — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Sede do Banco Central, em Brasília — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça (19) e quarta-feira (20) para definir o novo patamar da taxa básica de juros, a Selic. Na última reunião, o Copom baixou a Selic pela primeira vez desde 2020, para 13,25% ao ano.

A cada 45 dias, o comitê analisa os dados econômicos do país e define a direção dos juros do país, com o principal objetivo de que a inflação oficial fique dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

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Essa é a dinâmica geral do sistema de metas de inflação. Entre tudo o que o Banco Central do Brasil analisa a cada reunião, quatro pontos são os principais para definir a taxa Selic:

  • Núcleo da inflação;
  • Índice de difusão;
  • Boletim Focus;
  • Cotação do petróleo.

Nesta matéria, o g1 te explica o que cada ponto significa e como ele pode afetar na decisão da taxa. A expectativa de mercado para o anúncio desta quarta-feira é de um novo corte de 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano.

Ata do Copom sinaliza para novos cortes na Selic na ordem de 0,5 pontos
Ata do Copom sinaliza para novos cortes na Selic na ordem de 0,5 pontos

Núcleo da inflação

Na dinâmica do pós-pandemia, a inflação de serviços ficou no radar do Banco Central para direcionar a velocidade de corte na taxa de juros. O índice teve lenta desaceleração, mas aproximou-se do índice geral do IPCA. De acordo com os últimos dados do IBGE e na janela de 12 meses, a cesta de serviços acumula alta de 5,43%, com alta de apenas 0,08% no mês de agosto.

Atualmente, os vilões da inflação são os produtos monitorados. Os itens - cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos - tornaram-se o destaque dos resultados de inflação.

Na janela de 12 meses, essa cesta de produtos acumula alta de 7,69%, acima do índice geral. No mês, houve aceleração de 0,46% em julho para 1,26% em agosto.

Um dos produtos que influenciou os monitorados é a gasolina, principal subitem da inflação em 2023. Mas a dinâmica dos demais combustíveis também está sob análise do BC, já que trazem impactos nos preços da cadeia de logística ou restringem a capacidade de gasto da população (entenda mais abaixo).

Todos os itens acima fazem parte da cesta que contempla o núcleo da inflação, um cálculo feito com três grandes métricas, que captam a tendência dos preços, desconsiderando choques temporários ou sazonais:

  • Núcleo de médias aparadas com suavização o cálculo elimina 40% dos itens que apresentam variações no preço de forma extrema e calcula uma média com o restante dos itens que compõem o IPCA;
  • Núcleo por exclusão o cálculo exclui itens dos grupos de alimentação por domicílio e preços administrados por contrato e monitorados (itens cujo valor não sofre tanta alteração por oferta e demanda);
  • Núcleo por dupla ponderação — o cálculo inclui todos os itens, mas dá um peso menor para os produtos que apresentam maior volatilidade.

Essas medidas se destrincham em vários números que dão uma base ao BC sobre o cenário inflacionário do país, explica André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE).

Porém, não existe um padrão consensual na literatura sobre o que constitui um núcleo de inflação ideal, de forma que, normalmente, utilizam-se diversos critérios para avaliá-la. Ou seja, cada analista usa a teoria que acha melhor e faz seus próprios cálculos.

Na prática, o objetivo é sempre acompanhar a alta de preços, mas os cálculos usados podem variar de reunião para reunião.

Vale destacar que os integrantes do Copom também ficam de olho na cotação do real frente ao dólar — que está na casa dos R$ 5,00 — porque quanto mais caro fica para comprar moeda norte-americana, menor deve ser a quantidade de produtos importados e maior deve ser os produtos exportados — o que impacta na inflação.

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Índice de difusão

Outro item importante ao BC é o índice de difusão, um cálculo que mostra a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços em um determinado período. Por exemplo, se dos aproximadamente 400 itens do IPCA, 200 sofreram aumento nos preços, cerca de 50% dos itens tiveram os preços afetados.

E, segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV, se a porcentagem estiver acima dos 50%, mais espalhada está a inflação. Assim, o Copom consegue compreender, diante dos cenários internacionais, se é uma questão de sazonalidade ou se determinada mudança nos preços é algo para se prestar atenção.

A sazonalidade não tão é importante ao Banco Central porque o preço desses produtos pode subir ou descer conforme, por exemplo, o clima de uma região.

Boletim Focus

O terceiro ponto é o boletim Focus, um relatório publicado toda segunda-feira, pelo próprio BC, contendo as expectativas do mercado sobre alguns indicadores econômicos, como a inflação e os juros nos próximos anos.

O levantamento mostra as expectativas dos agentes para dados econômicos, como atividade, inflação, juros, dólar, entre outros. Por ali, é possível vislumbrar sobre a esperança que o mercado deposita no Banco Central para cumprir com as metas.

Se a inflação se distancia [da meta], significa que o BC está com uma política monetária frágil, afirma o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV. E o objetivo de todos os investidores é proteger seu dinheiro da inflação. Assim, eles tendem a tirar dinheiro do país para procurar produtos onde a inflação não corroa seu bolso.

Na prática, a inflação mostra uma insegurança dentro do sistema econômico do país, o que gera um maior risco ao investidor, que procura outros países onde consiga ter maior segurança sobre o retorno financeiro.

No boletim Focus desta segunda-feira (18), os analistas do mercado financeiro baixaram a estimativa do valor da inflação de 4,93% para 4,86%. O valor está em queda desde meados de maio, mas permanece acima do teto da meta definido pelo CMN — de 4,75%.

A inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram queda, mas mantêm-se acima da meta para a inflação, informou o BC na ata da última reunião, que aconteceu em agosto. 
Petróleo

De acordo com Rodolfo Margato, economista da XP, um quarto ponto que está no radar dos integrantes do Copom é o preço do petróleo. Ele explica que o preço da commodity impacta no preço dos combustíveis e reflete diretamente no IPCA.

Isso porque o encarecimento tanto do álcool, como da gasolina, ou do diesel faz com que as empresas gastem mais para transportar os produtos e, consequentemente, tenham que subir o preço dos produtos.

Segundos os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgados na última sexta-feira (15), a gasolina e o álcool caíram para R$ 5,84 e R$ 3,64, respectivamente.

Enquanto o litro do diesel engatou sua sétima alta consecutiva e foi encontrado nos postos, em média, a R$ 6,10 (veja o preço dos combustíveis nos últimos meses abaixo).

Ainda assim, a alta da gasolina foi de 13,02% em 2023, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto. A participação total do combustível no acumulado do ano foi de 0,60 p.p. Em 2023, o IPCA tem alta de 3,23%.

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