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sábado, 28 de janeiro de 2023

Confiança do comércio recua e atinge pior nível desde abril de 2022, diz CNC

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Movimento reflete cenário de inflação e juros elevados e deve se traduzir em uma redução dos investimentos e das contratações.
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Por g1

Postado em 28 de janeiro de 2023 às 09h35

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Segundo CNC, comerciantes já começam a reavaliar investimentos em contratação e reposição dos estoques. — Foto: Christyam de Lima/Divulgação
Segundo CNC, comerciantes já começam a reavaliar investimentos em contratação e reposição dos estoques. — Foto: Christyam de Lima/Divulgação

O cenário de inflação elevada e juros altos continua a deteriorar a confiança dos empresários. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu 119,0 pontos em janeiro – a segunda baixa consecutiva e o menor nível desde abril de 2022.

O número ainda representa uma queda de 3,6% em relação a dezembro e de 1,7% em comparação ao mesmo mês de 2022. Os dados ainda apontam para uma desaceleração mensal de todos os indicadores, com destaque para a redução mensal de 6,4% no índice de expectativas para o curto prazo.

Para o presidente da confederação, José Roberto Tadros, além dos preços mais altos e do encarecimento do crédito, o movimento ainda reflete uma desaceleração na criação de vagas do mercado de trabalho e a maior cautela do consumidor – que, por sua vez, é intensificada pelo alto nível de endividamento das famílias.

O comércio de bens e serviços, que representa grande parte do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro e gera a maioria dos postos de trabalho formal, sente o desaquecimento das vendas, afirmou o executivo em nota oficial, destacando que esse cenário ainda deve persistir ao longo de 2023.

Ainda de acordo com o indicador, as expectativas para a economia caíram 9,8% em janeiro em relação a dezembro, a 125,7 pontos, enquanto as perspectivas para o comércio reduziram 6,2% na mesma base de comparação, a 139,0 pontos. Ambas as pontuações representam o menor patamar desde abril de 2021.

Os comerciantes vêm apontando, há dois meses, deterioração rápida das expectativas sobre o desempenho da atividade econômica e do comércio no primeiro semestre deste ano, disse a economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira.

Segundo a confederação, quase um terço (31,4%) dos varejistas acreditam em uma deterioração na economia (em novembro essa porcentagem era de 12,1%). Já aqueles que acreditam em uma piora nas vendas representam 23,7% dos varejistas (em novembro, o número era de 9,3%).

Redução de investimentos e menos contratações

A economista da CNC ainda destaca que a piora na percepção das condições atuais e das expectativas já começa a refletir no planejamento dos varejistas para este ano, levando comerciantes a reavaliar investimentos na empresa e na recomposição dos estoques.

Segundo o Icec, a intenção de investir no negócio registrou a 5ª queda consecutiva entre dezembro e janeiro (-3,9%), a 109,4 pontos.

O indicador ainda aponta que 42,4% dos comerciantes pretendem reduzir os investimentos – o maior percentual desde junho de 2022. O principal destaque ficou com o segmento de produtos duráveis, que registrou uma queda mensal de 5% em janeiro, a 103,4 pontos.

Os juros permanecerão elevados pelo menos até o terceiro trimestre deste ano, o que deve reverberar negativamente o consumo de bens dependentes do crédito, completa Ferreira.

Ainda de acordo com a confederação, a deterioração da confiança dos empresários também deve ter reflexos nas vagas disponíveis no setor. Segundo o indicador, houve uma redução mensal de 6,7% na intenção de contratar novos funcionários, a 122,9 pontos. Na comparação anual, a queda foi de 10,4%.

Vale lembrar que o número de contratações no comércio já possui uma tendência sazonal de queda em janeiro, já que o mês tradicionalmente é um período de vendas menores. Além disso, Ferreira ainda reforça que a efetivação dos funcionários que tinham contratos temporários até dezembro também influencia uma redução na intenção de criação de novas vagas.

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