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sábado, 3 de dezembro de 2022

Extrema pobreza bate recorde no Brasil em dois anos de pandemia, diz IBGE

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Entre 2020 e 2021, número de pessoas vivendo em situação de miséria teve salto de quase 50% no país. No mesmo período, três entre cada dez brasileiros passaram a viver abaixo da linha da pobreza.
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Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 03 de dezembro de 2022 às 07h00m

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Números de pobres e extremamente pobres crescem no Brasil
Números de pobres e extremamente pobres crescem no Brasil

A pandemia da covid-19 fez disparar a pobreza no Brasil. Dados divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou 22,7% na comparação com 2020. Já o número de pessoas em situação de extrema pobreza saltou 48,2% no mesmo período.

Os dois aumentos foram recordes, segundo o IBGE. Desde 2012, o país nunca havia registrado um avanço tão grande da pobreza e, sobretudo, da extrema pobreza. Em números absolutos, 11,6 milhões de brasileiros passaram a viver abaixo da linha da pobreza. Outros 5,8 milhões passaram a viver em condições de extrema pobreza.

Campinas, no interior de SP. teve aumento de pessoas em situação de extrema pobreza — Foto: Reprodução/EPTV
Campinas, no interior de SP. teve aumento de pessoas em situação de extrema pobreza — Foto: Reprodução/EPTV

Com esse crescimento, o Brasil passou a ter 62,5 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, dos quais 17,9 milhões eram extremamente pobres. Isso equivale a dizer que 29,4% da população do Brasil estava pobre e 8,4%, extremamente pobre.

Ou seja, entre cada 10 brasileiros, aproximadamente três viviam abaixo da linha da pobreza e um em condição de extrema pobreza.

  • Quase metade (46,2%) das crianças menores de 14 anos de idade viviam abaixo da linha de pobreza - recorde da série histórica iniciada em 2012;
  • O percentual de jovens de 15 a 29 anos pobres (33,2%) é o triplo dos idosos (10,4%);
  • Cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza;
  • A proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%).
  • O rendimento domiciliar per capita caiu para R$1.353, o menor nível desde 2012.
  • Índice de Gini, que mede a desigualdade, voltou a crescer e chegou a 0,544, segundo maior patamar da série. O índice varia de 0 a 1 e, quanto mais perto de 1, maior a desigualdade.
Critérios

Pelos critérios do Banco Mundial, são consideradas extremamente pobres as famílias que dispõem de menos de US$ 1,90 por dia para viver, valor que correspondia, em 2021, a uma renda per capita mensal de R$ 168.

Já as famílias classificadas como pobres são aquelas que têm menos de US$ 5,50 por dia para garantir a sobrevivência de todos que vivem no mesmo domicílio, o que equivalia a uma renda mensal per capita de R$ 486.

10 milhões de crianças com até seis anos vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza no Brasil
10 milhes de crianças com até seis anos vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza no Brasil

Nordeste lidera a extrema pobreza

De acordo com o levantamento do IBGE, foi nas regiões Norte e Nordeste que a pobreza teve o maior avanço. A situação mais grave, no entanto, é a do Nordeste, que concentra mais da metade das pessoas extremamente pobres do país.

Quase metade dos pobres do país também vivia no Nordeste em 2021.

"Com exceção de Rondônia e Tocantins, a incidência da pobreza nas regiões Norte e Nordeste atingiu mais de 40% de suas populações em 2021", destacou o IBGE.


Rendimento domiciliar cai ao menor nível histórico

O IBGE destacou que, em 2021, o rendimento médio domiciliar per capita foi estimado em R$1.353, o menor nível da série histórica, iniciada em 2012.

A recuperação do mercado de trabalho em 2021 não foi suficiente para reverter as perdas de 2020. Isso e a redução dos valores do Auxílio-Emergencial, podem ajudar a explicar esse resultado, avaliou André Simões, analista da pesquisa.

O pesquisador enfatizou, ainda, que a renda do trabalho tinha menor participação no rendimento dos mais pobres, sendo mais relevante para estes a renda transferida pelos programas assistenciais do governo.

No total da população, o rendimento do trabalho representava 75,3% do total de rendimentos, enquanto os Benefícios de programas sociais representavam 2,6%.

No entanto, entre os que recebiam até ¼ de salário-mínimo per capita, o rendimento do trabalho representava 53,8%, enquanto a parcela proveniente de programas sociais chegava a 34,7%.

São domicílios mais vulneráveis e com acesso limitado ao mercado de trabalho. Por isso, os programas sociais acabam tendo maior impacto", avaliou Simões.

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