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Com esse resultado, setor fica 7,2% acima do patamar pré-pandemia, mas segue 4% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em 2014, mostra IBGE.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, g1
Postado em 12 de maio de 2022 às 11h00m
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Bares de Campinas (SP) — Foto: Reprodução/EPTV
O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1,7% em março, na comparação com fevereiro, segundo divulgou nesta quinta-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a segunda alta seguida e o melhor resultado para meses de março desde 2011, quando teve início a série histórica da pesquisa.
Na comparação com março do ano passado, a alta foi de 11,4%.
"Com esse resultado, o setor recupera a perda de 1,8% de janeiro, alcança o maior nível desde maio de 2015 e fica 7,2% acima do patamar pré-pandemia", destacou o IBGE.
O resultado veio acima do esperado. A mediana de 26 estimativas de consultorias e instituições financeiras compiladas pelo Valor Data era de alta de 0,9% em março, ante fevereiro.
O IBGE revisou o resultado de fevereiro, que passou de uma queda de -0,2% para uma alta de 0,4%.
"A gente atribui esse bom desempenho do setor de serviços, sobretudo, àqueles serviços prestados às empresas, menos aos serviços prestados às famílias, único dos cinco segmentos do setor que ainda não recuperou o patamar pré-pandemia", apontou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
No acumulado do ano, o volume de serviços prestados no paós subiu 9,4% frente a igual período de 2021. Em 12 meses, a alta acumulada passou de 13% em fevereiro para 13,6% em março, mantendo a trajetória ascendente iniciada em fevereiro de 2021.
O setor alcançou o maior patamar desde maio de 2015, mas ainda segue 4% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em novembro de 2014.
O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e tem apresentado uma recuperação desigual, com os serviços prestados às famílias ainda rodando em um nível de atividade abaixo do padrão pré-pandemia.
O setor fechou o 1º trimestre com alta de 1,8%, na comparação com o 4º trimestre de 2021. Trata-se do 7º resultado positivo na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior.
Na comparação com os 3 primeiros meses do ano passado, houve alta de 9,4%.
Veja o resultado em cada um dos segmentos em março
- Serviços prestados às famílias: 2,4%
- Serviços de alojamento e alimentação: 1,4%
- Outros serviços prestados às famílias: 8,5%
- Serviços de informação e comunicação: 1,7%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC): 3%
- Telecomunicações: -0,4%
- Serviços de tecnologia da informação: 2,7%
- Serviços audiovisuais: 6,1%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 1,5%
- Serviços técnico-profissionais: 4,3%
- Serviços administrativos e complementares: -1,1%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 2,7%
- Transporte terrestre: 2,3%
- Transporte aquaviário: -8,1%
- Transporte aéreo: 15,6%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 1,8%
- Outros serviços: 1,6%
Todas as cinco atividades investigadas pela pesquisa cresceram no mês, com destaque para os transportes (2,7%), para os serviços de informação e comunicação (1,7%) e serviços prestados às famílias (2,4%).
“Dentre os setores que mais influenciaram a alta dessa atividade está o rodoviário de cargas, especialmente o vinculado ao comércio eletrônico e ao agronegócio. É a principal modalidade de transporte de carga pelas cidades brasileiras e seu uso ficou ainda mais acentuado após os meses mais cruciais da pandemia”, explico o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O transporte aéreo de passageiros, segundo o pesquisador, também exerceu influência positiva no resultado de março. Além do aumento no fluxo de passageiros, que fez aumentar a receita das companhias aéreas, houve impacto direto da queda no preço das passagens aéreas observada em março.
Consumo das famílias longe da recuperação
Com o resultado de março, o setor de serviços, que foi o mais prejudicado pelas medidas de isolamento social impostas pela pandemia, passou a operar 7,2% acima do patamar de fevereiro de 2020. Todavia, essa recuperação é desigual entre os seguimentos de serviços prestados no país e evidencia a dificuldade que o brasileiro enfrenta para recuperar a renda.
Das 5 grandes atividades do setor de serviços, somente a daqueles prestados às famílias não recupeou o patamar pré-pandemia, operando, em março, 12% abaixo de fevereiro de 2020.
"Isso ocorre por causa da magnitude de impacto que esse setor sofreu com a necessidade de isolamento social, diminuição do deslocamento das pessoas e fechamento total ou parcial dos serviços considerados não essenciais”, lembrou o pesquisador.
Segundo Lobo, fatores conjunturais, como a deterioração do mercado de trabalho e a persistente e generalizada alta de preços no país travam a capacidade financeira de grande parte da população brasileira.
"A desigualdade econômica no Brasil também tem a ver com essa questão. A maioria dos serviços prestados às famílias, como hoteis, restaurantes, academias, são consumidos pelas classes com maior poder aquisitivo. O consumo das famílias de menor renda são mais voltados aos itens de primeira necessidade, como alimentação, por exemplo", destacou o pesquisador.
Dentre todas as ativividades do setor de serviços, a de serviços de tecnologia da informação é a que apresenta o melhor desempenho, superando o patamar pré-pandemia em 45,2%. Segundo o pesquisador do IBGE, isso reflete a grande demanda de digitalização de serviços imposta pela crise sanitária, alterando o perfil do setor.
Atividades turísticas crescem 4,5% em março
O índice de atividades turísticas avançou 4,5% em março. Mesmo com o aumento, o segmento ainda se encontra 6,5% abaixo do patamar pré-pandemia.
“O indicador vai na esteira de serviços prestados às famílias e transportes, crescendo também em março muito influenciado pela alta de transportes aéreos, restaurantes, hotéis e serviços de bufê”, destacou o pesquisador.
Perspectivas
A alta dos juros e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias, afetando as perspectivas para o crescimento da economia em 2022.
A produção industrial cresceu 0,3% em março e fechou o 1º trimestre no azul, mas segue abaixo do patamar pré-pandemia.
O comércio, por outro lado, avançou 1% em março e registrou a 3ª alta seguida, fechando o trimestre com alta de 1,9%.
O mercado financeiro estima atualmente um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,70% em 2022. Para a inflação, a projeção é de 7,89%, mas boa arte dos analistas já vê um IPCA acima de 8% no ano.
Já para a Selic, a expectativa é que o Banco Central continue elevando os juros diante de uma inflação persistente, que há 8 meses permanece acima de 2 dígitos.
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