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Gasolina e energia elétrica foram, novamente, as 'vilãs' da alta de preços no país. Com o resultado, inflação acumulada em 12 meses passa de dois dígitos e atinge quase o dobro do teto da meta do governo.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro
Postado em 26 de setembro de 2021 às 09h00m
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Preço do litro da gasolina em setembro passa dos R$ 7 em postos de combustíveis no Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução/RBS
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, acelerou de 0,89% em agosto para 1,14% em setembro, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, "trata-se do maior resultado para o mês de setembro desde o início do Plano Real, em 1994, quando ficou em 1,63%", além de ser a maior taxa da série histórica do indicador desde fevereiro de 2016, quando ficou em 1,42%.
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IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal) — Foto: Economia/G1
No ano, o índice acumulou alta de 7,02%. Já no acumulado em 12 meses, o indicador superou os dois dígitos, ficando em 10,05%, quase o dobro do teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação deste ano, que é de 5,25%.
O resultado veio pior do que o esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,02% para o período.
Inflação acumulada em 12 meses passa dos dois dígitos em setembro e é
quase o dobro do teto da meta do governo para o ano — Foto: Economia/G1
Gasolina e energia: as vilãs da inflação
De acordo com o IBGE, a gasolina e a energia elétrica foram os itens que exerceram os maiores impactos individuais sobre o IPCA-15 de setembro, de 0,17 ponto percentual cada.
O preço médio da gasolina subiu 2,85% entre agosto e setembro e acumulou alta de 33,37% no ano e de 39,05% nos últimos 12 meses.
Já o preço médio da energia elétrica teve alta de 3,61% em setembro, abaixo da registrada em agosto, que foi de 5%. No ano, a alta acumulada foi de 20,27%, enquanto nos últimos 12 meses o aumento acumulado foi de 25,26%.
O IBGE destacou que em agosto d vigorou a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. A partir de 1º de setembro, passou a valer a bandeira tarifária de Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 para os mesmos 100 kWh.
Quase tudo mais caro
O aumento de preços na passagem de agosto para setembro foi, mais uma vez, generalizado entre os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para o cálculo do IPCA-15.
Dos 367 itens que compuseram a cesta analisada pelo órgão no mês, 253 registraram alta. Com isso, o índice de difusão da inflação ficou em 68,9%.
Dos nove grupos pesquisados, oito registraram aumento de preços - somente o de educação teve taxa negativa no mês, embora próxima da estabilidade.
Segundo o IBGE, a alta da inflação no mês foi puxada pelo grupo de transportes, cuja variação mensal foi o dobro da registrada na passagem de julho para agosto, resultado influenciado pela alta de 3% nos preços médios dos combustíveis, acima da alta de 2,02% registrada em agosto.
Além do grupo de transportes, outros três registraram variação superior à do mês anterior (alimentação e bebidas, artigos de residência e saúde e cuidados pessoais). Os outros cinco grupos registraram desaceleração da taxa na comparação com agosto.
Veja o resultado do IPCA-15 para cada um dos grupos:
- Alimentação e bebidas: 1,27%
- Habitação: 1,55%
- Artigos de residência: 1,23%
- Vestuário: 0,54%
- Transportes: 2,22%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,33%
- Despesas pessoais: 0,48%
- Educação: -0,01%
- Comunicação: 0,02%
A inflação do grupo Alimentação e bebidas acelerou de 1,02% em agosto para 1,27% em setembro. Desde março, a taxa para este grupo acelera a cada mês.
A principal influência do aumento em setembro, segundo o IBGE, partiu da alimentação no domicílio, que acelerou de 1,29% em agosto para 1,51% em setembro.
As carnes tiveram reajuste de 1,10% e foram as principais responsáveis pelo resultado, com impacto de 0,03 p.p.
Todavia, os alimentos que registraram os maiores aumentos de preços no mês foram a batata-inglesa (10,41%), o café moído (7,80%), o frango em pedaços (4,70%), as frutas (2,81%) e o leite longa vida (2,01%).
No lado oposto, de queda de preços, os destaques ficaram com o arroz (-1,03%), que registrou a oitava deflação mensal consecutiva, a cebola (-7,51%), a sexta taxa negativa seguida.
A alimentação fora do domicílio também acelerou na passagem de agosto para setembro, passando de 0,35% para 0,69%.
“No entanto, observaram-se movimentos distintos nos dois principais componentes desse subgrupo: enquanto a refeição subiu 1,31%, frente à alta de 0,10% no mês anterior, o lanche registrou recuo de 0,46%, após alta de 0,75% em agosto”, destacou o IBGE.
Passagens aéreas voltam a subir
Os preços médios das passagens aéreas subiram 28,76% em setembro, após terem registrado queda de 10,90% em agosto.
No acumulado do ano, as passagens aéreas continuaram registrando deflação. Mas a alta mensal fez com que essa queda acumulada fosse reduzida em mais da metade - passou de -34,52% em agosto para -15,70% em setembro.
Já o indicador acumulado em 12 meses quase dobrou, passando de 29,03% para 56,68%.
Alta em todas as regiões pesquisadas
A alta do IPCA-15 foi registrada em todas as 11 áreas regionais do país em que o IBGE realiza a pesquisa de preços para calcular o indicador.
Fortaleza registrou a menor taxa, influenciada pela queda nos preços do
tomate, das carnes e dos produtos farmacêuticos. Já a maior variação
foi registrada em Curitiba, onde pesaram as altas da gasolina e da
energia elétrica.
Alta de preços foi registrada em todas as áreas pesquisadas pelo IBGE para cálculo da prévia da inflação — Foto: Economia/G1
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 14 de agosto e 14 de setembro de 2021 e comparados com aqueles vigentes entre 14 de julho a 13 de agosto. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos
Inflação persistente e acima da meta
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Na última quarta-feira (22), a entidade monetária decidiu aumentar a Selic de 5,25% para 6,25%. Foi a quinta alta consecutiva da taxa, que atingiu o maior patamar desde julho de 2019.
Na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central dois dias antes do aumento da Selic, os analistas do mercado financeiro aumentaram de 8% para 8,35% a expectativa para a inflação de 2021.
Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,03% para 4,10% a estimativa de inflação - foi a nona alta seguida no indicador.
No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
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