Foi a terceira alta seguida, mas setor permanece 6% abaixo do patamar pré-pandemia. No ano, queda acumulada ainda é de 9,6%, segundo o IBGE.
Por G1
03/09/2020 09h01 Atualizado há 2 horas
Postado em 03 de setembro de 2020 às 11h05m
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A produção industrial brasileira cresceu 8% em julho, na comparação com junho, segundo divulgou nesta quinta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da 3ª alta consecutiva, o resultado de ainda não foi suficiente para eliminar a perda de 27% acumulada em março e abril, que levou o patamar de produção ao seu ponto mais baixo da série.
A indústria ainda permanece 6% abaixo do nível visto em fevereiro,
antes das paralisações e medidas de isolamento para contenção do
coronavírus.
O avanço registrado em julho também representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 8,7% de maio e de 9,7% de julho, segundo dados revisados pelo IBGE.
Na comparação com julho do ano passado, a indústria seguiu no vermelho, com queda de 3%, o nono resultado negativo.
O resultado ficou acima da expectativa em
pesquisa da Reuters de ganho de 5,7% ante junho e de perda de 6,4% na
comparação interanual, reforçando a leitura de um cenário de recuperação
gradual da economia brasileira.
Queda de 9,6% no ano
No acumulado no ano, a indústria ainda acumula perda de 9,6%. Em 12 meses, a queda acumulada ainda é de 5,7%, marcando o recuo mais intenso desde dezembro de 2016 (-6,4%) e acelerando a perda frente aos meses anteriores.
O avanço de 8% da atividade industrial em julho alcançou todas as
grandes categorias econômicas, com altas em 25 dos 26 ramos pesquisados.
”Observa-se uma volta à produção desde maio, e é um crescimento importante, mas que ainda não recupera as perdas do período mais forte de isolamento”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
"Muita gente fora do mercado e sem emprego são variáveis importantes
para acompanhar daqui para a frente. O mercado de trabalho é importante
para uma consistência da eventual retomada da produção industrial",
acrescentou.
IBGE: produção industrial de julho cresce 8%
Produção de veículos avança 43,9%
Entre as atividades, a alta mais relevante foi a da produção de
veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 43,9% contra
junho. Segundo o IBGE, o crescimento foi impulsionado, em grande medida,
pela continuidade do retorno à produção após a interrupção em função da
pandemia. O setor acumulou expansão de 761,3% em três meses, mas ainda
assim se encontra 32,9% abaixo do patamar de fevereiro.
Outros destaques no mês com maior contribuição para o índice geral
foram observados na metalurgia (18,7%), indústrias extrativas (6,7%), em
máquinas e equipamentos (14,2%), produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis (3,8%), equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (13,8%), e em máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (12%).
A única queda em julho ocorreu no ramo de impressão e reprodução de
gravações, com baixa de 40,6%. A atividade havia registrado expansão de
77,1% em junho, quando interrompeu dois meses de consecutivos de redução
na produção, período em que acumulou perda de 27,7%.
Já no índice das grandes categorias, o destaque foi a produção de bens
de consumo duráveis, que avançou 42%. Ainda assim, esse segmento se
encontra 15,2% abaixo do patamar de fevereiro último.
Os setores produtores de bens de capital (15%) e de bens intermediários
(8,4%) também cresceram acima da média geral da indústria. Já o de bens
de consumo semi e não duráveis (4,7%) registrou o crescimento menos
intenso. Todos os 3 também seguem abaixo do nível pré-pandemia.
Perspectivas
No segundo trimestre, a indústria foi a mais afetada pelas
consequências do coronavírus, com recuo recorde da produção de 12,3%
sobre os três primeiros meses do ano, segundo os dados do PIB (Produto
Interno Bruto) divulgados esta semana pelo IBGE.
Após o tombo recorde da indústria e da economia brasileira,
a expectativa é de recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das
incertezas sobre a dinâmica da pandemia de coronavírus e rumo das contas
públicas.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas avançou pelo 4º mês seguido em agosto, recuperando 93,8% das perdas registradas entre março e abril, em meio à redução da ociosidade e melhora das expectativas.
A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,28% do PIB em 2020, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.
Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas e redução do
pessimismo, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já
registrado no país.
Depois do tombo recorde, país tem de lidar com desafio fiscal e lenta retomada
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