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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Automação deve acabar com 85 milhões de empregos nos próximos 5 anos, diz relatório do Fórum Econômico Mundial

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Por outro lado, 97 milhões de empregos surgirão em áreas como cuidados com saúde, tecnologias da quarta revolução industrial e criação de conteúdo.  
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Por Marta Cavallini, G1  
21/10/2020 11h38 Atualizado há 05 horas
Postado em 21 de outubro de 2020 às 16h45m


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Automação deve destruir 85 milhões de empregos — Foto: Divulgação
Automação deve destruir 85 milhões de empregos — Foto: Divulgação

Relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial prevê que, até 2025, a automação e a divisão do trabalho entre humanos e máquinas fecharão 85 milhões de empregos no mundo em empresas de médio e grande porte em 15 setores e 26 economias, incluindo o Brasil.

Funções em áreas como processamento de dados, contabilidade e suporte administrativo são as que mais devem perder empregos à medida que a automação e a digitalização no local de trabalho aumentam.

Mais de 80% dos executivos estão acelerando os planos para digitalizar processos de trabalho e implantar novas tecnologias, e 50% dos empregadores pretendem acelerar a automação de algumas funções. Em contraste com os anos anteriores, a criação de empregos está diminuindo, enquanto o fechamento de vagas está acelerando.

A Covid-19 acelerou a chegada do futuro do trabalho, disse Saadia Zahidi, diretora-executiva do Fórum Econômico Mundial.

Segundo ela, a aceleração da automação e as consequências da recessão trazida pela pandemia aprofundaram as desigualdades existentes nos mercados de trabalho e reverteram o cenário de abertura de vagas após a crise financeira global de 2008. Empresas, governos e trabalhadores devem trabalhar juntos urgentemente para implementar uma nova visão para a força de trabalho global, alerta.

Cerca de 43% das empresas pesquisadas disseram que vão reduzir sua força de trabalho devido à tecnologia, 41% planejam expandir a contratação dentro de funções especializadas e 34% pretendem aumentar a força de trabalho por causa da integração trazida pela tecnologia.

Até 2025, os empregadores irão dividir igualmente o trabalho com as máquinas. As funções que potencializam as habilidades humanas serão mais demandadas. O uso de máquinas será focado principalmente no processamento de dados, tarefas administrativas e trabalhos manuais de rotina. 

O levantamento é baseado em previsões de executivos de recursos humanos e estratégia de 300 empresas globais, que empregam 8 milhões de trabalhadores, além de dados do LinkedIn, Coursera, ADP Research Institute e FutureFit.AI.

Áreas que terão demanda

Por outro lado, 97 milhões de empregos devem surgir nas seguintes áreas:

  • cuidados com saúde
  • tecnologias da quarta revolução industrial
  • dados e inteligência artificial
  • criação de conteúdo
  • novas funções em engenharia
  • computação em nuvem
  • desenvolvimento de produtos.

Tarefas que demandem gerenciamento, aconselhamento, tomada de decisão, raciocínio, comunicação e interação terão grande demanda, aponta o relatório.

No Brasil, as áreas com maior demanda devem ser as seguintes:

  1. Especialista em inteligência artificial
  2. Analista e cientista de dados
  3. Especialista em internet das coisas
  4. Especialista em transformação digital
  5. Especialista em Big Data
  6. Analista de gestão e organização
  7. Especialista em marketing digital e estratégia
  8. Gerente de projeto
  9. Especialista em automação de processos
  10. Gerente administrativo e de serviços comerciais

Já a maior retração deve ocorrer nas seguintes áreas:

  1. Contabilidade, escrituração e folha de pagamento
  2. Processamento de dados
  3. Trabalhadores de montagem de fábrica
  4. Secretários administrativos e executivos
  5. Reparadores mecânicos e de máquinas
  6. Registro de materiais e manutenção de estoque
  7. Atendimento ao cliente
  8. Caixas e funcionários de banco
  9. Contadores e auditores
  10. Gerentes administrativos e de serviços comerciais
Requalificação

O relatório mostra que quase 50% dos trabalhadores que permanecerem em suas funções nos próximos cinco anos precisarão de requalificação.

A maioria dos empregadores reconhece o valor de requalificar sua força de trabalho - 66% esperam retorno sobre o investimento na qualificação e requalificação dos funcionários dentro de um ano. E também preveem realocar 46% dos trabalhadores em sua própria organização.

No futuro, veremos que as empresas mais competitivas serão aquelas que investiram pesadamente em seu capital humano, nas habilidades e competências de seus funcionários, disse Zahidi.

Os mais afetados pelas mudanças trazidas pela Covid-19 são aqueles que já estavam em desvantagem. E a desigualdade será intensificada pelo duplo impacto da tecnologia e recessão.

Nos Estados Unidos, a pandemia tirou o emprego principalmente das mulheres, mais jovens e com salários mais baixos. Na comparação com a crise financeira global de 2008, o relatório mostra que o impacto hoje é muito mais significativo e tem maior probabilidade de aprofundar as desigualdades existentes.

A pandemia afetou desproporcionalmente milhões de trabalhadores pouco qualificados, disse Jeff Maggioncalda, CEO da Coursera.

Para ele, deve haver um esforço de requalificação por parte das instituições privadas e governamentais para que os profissionais tenham aprendizado relevante para retornar ao mercado de trabalho.

Trabalho remoto veio para ficar

Cerca de 84% dos empregadores devem digitalizar os processos de trabalho, incluindo uma expansão significativa do trabalho remoto. Os empregadores dizem que há potencial para colocar 44% de sua força de trabalho no home office.

No Brasil, 92% dos entrevistados preveem acelerar a digitalização, implantando ferramentas digitais e videoconferência. Outros 88% pretendem oferecer mais oportunidades de trabalhar remotamente.

De acordo com o relatório, 78% dos líderes empresariais globais esperam algum impacto negativo na produtividade do trabalhador.

Isso sugere que algumas indústrias e empresas estão lutando para se adaptar com rapidez à mudança para o trabalho remoto causada pela pandemia.

Para lidar com as questões de produtividade e bem-estar, cerca de um terço dos empregadores disseram que tomarão medidas para criar senso de comunidade, conexão e pertencimento entre seus funcionários. 

Mudança de carreira

A pesquisa também indicou um número crescente de pessoas mudando de carreira, principalmente para a área de dados, inteligência artificial,  vendas, criação de conteúdo e produção, mídias sociais e engenharia.

O relatório mostra ainda que as habilidades como pensamento crítico, análise e resolução de problemas já são as mais valorizadas. E entraram na lista as habilidades de autogestão, como resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.

No Brasil, as habilidades mais demandadas serão as seguintes:

  • Capacidade de aprendizagem
  • Pensamento analítico e inovação
  • Criatividade, originalidade e iniciativa
  • Liderança e influência social
  • Inteligência emocional
  • Pensamento crítico e analítico
  • Resolução de problemas
  • Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
  • Uso, monitoramento e controle de tecnologia
  • Análise e avaliação de sistemas
  • Persuasão e negociação

O levantamento aponta ainda um aumento substancial no número de pessoas que buscam oportunidades de aprendizagem online por iniciativa própria e por meio de programas governamentais e também no número de empregadores que oferecem qualificação online para seus trabalhadores.

Quem está empregado está dando maior ênfase aos cursos de desenvolvimento pessoal. Já os desempregados priorizam o aprendizado de habilidades digitais, como análise de dados, ciência da computação e tecnologia da informação.

Hamoon Ekhtiari, CEO da FutureFit AI, prevê o aumento das transições de carreira, especialmente para profissionais mais vulneráveis e marginalizados.

"A pandemia acelerou muitas das tendências em torno do futuro do trabalho, reduzindo drasticamente a janela de oportunidade para requalificar e fazer a transição dos trabalhadores para empregos adequados para o futuro", afirma.

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