Resultado indica efeitos da pandemia na economia, que começaram a ser sentidos com mais intensidade a partir de março. PIB oficial será divulgado em 1º de setembro pelo IBGE.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
14/08/2020 09h05 Atualizado há uma hora
Postado em 14 de agosto às 10h45m
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Banco Central prevê queda do PIB de 10,94% no 2º semestre
A economia brasileira registrou um tombo de 10,94% no segundo trimestre de 2020, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (14).
O indicador é considerado uma "prévia" do desempenho do Produto Interno
Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no
país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do
PIB do segundo trimestre será divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 1º de setembro.
Se a retração do PIB se confirmar no segundo trimestre deste ano, o
Brasil terá entrado oficialmente em "recessão técnica", ou seja, recuo
do nível de atividade por dois trimestres consecutivos.
Nos três primeiros meses deste ano, a economia já havia tido retração de 1,5%.
O recuo entre abril e junho deste ano foi verificado pelo Banco Central
na comparação com o primeiro trimestre de 2020. O valor foi calculado
após ajuste sazonal, uma "compensação" para comparar períodos diferentes
de um ano.
A queda da atividade econômica acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão.
Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado o início de uma retomada no Brasil, em setores como indústria e comércio.
Retomada do setor de serviços é mais lenta que comércio e indústria
- O mercado financeiro estimou, na semana passada, uma retração de 5,62% para a economia brasileira neste ano.
- No mês passado, o governo brasileiro manteve a expectativa de queda de 4,7% para o PIB de 2020.
- O Banco Mundial prevê uma queda de 8% no PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 9,1% em 2020.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos.
Mês de junho e parcial do ano
Somente em junho deste ano, de acordo com o IBC-Br, a economia brasileira mostrou crescimento de 4,89% na comparação com o maio. O número foi calculado após ajuste sazonal.
Esse foi o segundo mês seguido de crescimento do indicador, após registrar fortes recuos em março e abril deste ano.
Evolução do IBC-Br
EM % NA COMPARAÇÃO COM O MÊS ANTERIOR (APÓS AJUSTE SAZONAL)
Fonte: Banco Central
Entretanto, na comparação com junho do ano passado, informou o Banco Central, o índice de atividade econômica apontou queda de 7,05%. Nesse caso, o índice foi calculado sem ajuste sazonal, pois considera períodos iguais.
Já no acumulado dos seis primeiros meses deste ano, de acordo com a instituição, o índice de atividade econômica registrou uma redução de 6,28%. Em 12 meses até junho de 2020, os números do BC indicam uma queda do PIB de 2,55% (sem ajuste sazonal).
PIB x IBC-Br
Os resultados do IBC-Br são considerados uma "prévia do PIB". Porém,
nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto
Interno Bruto.
O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora
estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além
dos impostos.
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa
básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por
exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Atualmente, a taxa Selic está em 2% ao ano, na mínima histórica, e o BC indicou, no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), cautela sobre a possibilidade de novos cortes pois
o Brasil já estaria próximo do nível a partir do qual reduções
adicionais na taxa de juros poderiam gerar instabilidade nos preços de
ativos (alta do dólar, por exemplo).
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