Apesar da reação, setor registrou tombo recorde de 15,4% no 2º trimestre e ainda segue 14,5% abaixo do patamar pré-pandemia.
Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1
13/08/2020 09h00 Atualizado há 3 horas
Postado em 13 de agosto de 2020 às 12h00m
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Após quatro meses de queda, setor de serviços cresce 5% em julho
O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 5% em junho,
na comparação com maio, interrompendo uma sequência 4 taxas mensais
negativas, segundo divulgou nesta quinta-feira (13) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo com a inversão de rota e com a segunda maior alta mensal da série histórica da pesquisa, o resultado fica longe de recuperar as perdas acumuladas de 19,5% dos quatro meses anteriores e evidencia a dificuldade de recuperação do setor.
O volume de serviços no país ainda segue 14,5% abaixo do patamar registrado em fevereiro, mês que antecedeu aos impactos da pandemia, e 24% abaixo da máxima alcançada em novembro de 2014.
Na comparação com junho de 2019, o setor registrou queda de 12,1%, o quarto recuo seguido nesta base de comparação.
Em 12 meses, a perda é de 3,3%, retração mais intensa desde novembro de 2017 (-3,4%).
O resultado veio um pouco melhor do que o esperado pelo mercado. As
expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanço de 4,4% no mês e de
queda de 14,2% no ano.
Após quatro meses de queda, setor de serviços cresce 5% em julho
Tombo recorde de 15,4% no 2º trimestre
Apesar de ter ficado no vermelho por 4 meses, os efeitos negativos da
pandemia sobre o setor de serviços começaram a ser sentidos apenas nos
últimos 10 dias do mês março e se aprofundaram nos dois meses
subsequentes, provocando uma retração de 18,6% entre março de maio,
segundo o IBGE.
Com o resultado de junho, o setor fechou o 2º trimestre com queda de 15,4%
em relação aos 3 meses anteriores, o maior tombo trimestral do setor já
registrado pela pesquisa, iniciada em 2011. No primeiro trimestre, o
recuo havia sido de 3% sobre o 4º trimestre.
Na comparação com o 2º trimestre de 2019, houve queda de 16,3%, também recorde histórico, após recuo de 0,2% no 1º trimestre.
No 1º semestre, o setor de serviços teve queda de 8,3% frente
a igual período de 2019, o pior resultado semestral de toda a série
histórica, pressionado principalmente pelo encolhimento dos serviços
prestados às famílias (-35,2%), com uma queda forte nas receitas de
restaurantes, hotéis, bufê e outros serviços de comida preparada.
Flexibilização das medidas de restrição
Todas as 5 atividades investigadas pelo IBGE registraram alta na passagem de maio para junho, com destaque para serviços prestados para famílias (14,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (6,9%) e de serviços de informação e comunicação (3,3%).
Entre os 166 serviços investigados pela pesquisa, o segmento de
restaurantes foi um dos que mais influenciaram o resultado de junho,
segundo o IBGE. Os serviços de alojamento e alimentação registraram avanço de 17,3%.
“Com as medidas de isolamento, muitos restaurantes estavam fechados, ainda que alguns estivessem funcionando por delivery. Com a flexibilização, ou seja, com o aumento do fluxo de pessoas nas cidades brasileiras, eles começaram a abrir e a receita do segmento voltou a crescer, impactando o volume de serviços de junho”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Variação do volume de serviços em junho, por atividade e subgrupos
- Serviços prestados às famílias: 14,2%
- Serviços de alojamento e alimentação: 17,3%
- Outros serviços prestados às famílias (salões de beleza, academias, reparos, etc): 4,3%
- Serviços de informação e comunicação: 3,3%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 3,1%
- Telecomunicações: 0,7%
- Serviços de tecnologia da informação: 3,1%
- Serviços audiovisuais: 4,1%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 2,7%
- Serviços técnico-profissionais: 0,5%
- Serviços administrativos e complementares: 2,6%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 6,9%
- Transporte terrestre: 3,6%
- Transporte aquaviário: -2,3%
- Transporte aéreo: 58,9%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -4,5%
- Outros serviços: 6,4%
O setor de transportes teve a segunda alta seguida,
acumulando avanço de 11,9% em dois meses, mas ainda insuficiente para
eliminar a perda acumulada de 25,2% entre março e abril.
"Esse resultado positivo vem do transporte rodoviário de carga, que já
está atendendo a uma maior demanda do setor industrial ou dos centros de
distribuição dos supermercados nos diversos estados", disse o
pesquisador, citando ainda a contribuição do transporte de passageiros
diante da flexibilização das medidas de isolamento social em diversas
cidades.
Outro avanço expressivo em junho foi verificada nos serviços de transportes aéreos (58,9%), a segunda alta seguida. No ano, porém, a perda acumulada está em 35,2%.
No segmento de serviços de informação e comunicação, a atividade mais impactada pela pandemia foram os serviços relacionados ao audiovisual, com queda de 18,1% no acumulado no ano, ao passo que os serviços de tecnologia da informação tiveram alta de 6,4% no 1º semestre.
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Serviços mostram recuperação mais lenta
Depois do forte tombo em março e abril, em meio às medidas de
isolamento social para contenção da pandemia de Covid-19, a economia tem
mostrado sinais de recuperação, mas a reação tem se mostrado mais
rápida nas vendas no varejo e na produção industrial, enquanto o setor
de serviços dá sinais de uma recuperação mais lenta.
"Os serviços foram afetados de maneira mais intensa por conta da característica do atendimento presencial, interrompido na pandemia", explicou Lobo, destacando que houve uma adaptação do comércio para vendas online e que os supermercados foram mantidos abertos, "roubando" clientes de bares e restaurantes.
"É difícil a gente imaginar uma recuperação rápida dada o quanto o
setor precisa avançar para retomar ao patamar pré-pandemia", completou.
Segundo o pesquisador, o setor ainda precisa crescer 17% para retomar o
patamar pré-pandemia de fevereiro.
Na véspera, o IBGE mostrou que as vendas do comércio cresceram 8% em junho, na comparação com maio, retomando o patamar pré-pandemia.
Ainda assim, o varejo brasileiro acumula queda de 3,1% no ano e fechou o
2º trimestre com retração recorde de 7,8%, na comparação com os 3 meses
anteriores.
Já a produção industrial cresceu 8,9% em junho, na comparação com maio.
Foi a segunda alta seguida do setor, mas ainda insuficiente para
eliminar a perda de 26,6% acumulada nos meses de março e abril, quando o
setor atingiu o nível mais baixo já registrado no país. No 2º
trimestre, a indústria teve queda de 17,5%, na comparação com os 3
primeiros meses do ano.
Segundo economistas, o desempenho do setor de serviços e do emprego é o
que deve determinar o ritmo de recuperação da economia brasileira no
pós-pandemia.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa
do mercado é de retração de 5,62% para a economia brasileira em 2020. O
governo estima que o PIB vai contrair 4,7% este ano.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em
três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração
de 1,5% na economia brasileira. O IBGE divulgará os dados sobre o
segundo trimestre em 1º de setembro.
Serviços têm alta em 20 estados e no DF
Segundo o IBGE, 21 das 27 unidades da federação tiveram expansão no volume de serviços em junho, frente a maio.
São Paulo (5,1%) teve o crescimento mais importante, após cair 19,5% entre fevereiro e maio.
Outras contribuições positivas relevantes vieram do Rio de Janeiro
(3,6%), de Minas Gerais (4,7%), do Rio Grande do Sul (6,6%) e do
Distrito Federal (6,6%). Em contrapartida, Mato Grosso (-3,2%), Paraná
(-1,0%) e Espírito Santo (-3,2%) registraram as principais quedas.
Índice de atividades turísticas cresce 19,8% em junho
Em junho, o índice das atividades turísticas cresceu 19,8% na comparação com maio. Com o resultado, passou a acumular ganho de 28,1% em dois meses após um tombo de 68,1% entre março e abril.
Já na comparação com junho do ano passado, o índice recuou 58,6%,
registrando a quarta retração seguida. No acumulado no 1º semestre, teve
queda de 34,6% frente a igual período do ano passado.
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