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Dos 3,6 milhões de desempregados há mais de dois anos sem conseguir emprego, 65,8% são mulheres, 66,5% são pretos ou pardos e 82% não têm nível superior de escolaridade.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Marta Cavallini, g1
Postado em 02 de abril de 2022 às 08h15m
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Pelo menos 30% dos desempregados estão há 2 anos fora do mercado de trabalho
De acordo com o economista Bruno Imaizumi, dos 3,637 milhões de desempregados há mais de dois anos sem conseguir emprego, 2,393 milhões são mulheres (65,8%) e 2,422 milhões são pretos ou pardos (66,5%).
O levantamento foi feito com base nos dados da Pnad Contínua trimestral desde março de 2012 até dezembro de 2021. A proporção registrada em setembro de 2021 era a mais alta até então: 28,9%, que acabou sendo superada pela de dezembro.
Já a proporção entre os que estão desempregados entre um mês e menos de 1 ano foi a menor desde o início da série histórica: 39,4%.
Desemprego entre os jovens
O levantamento de Bruno Imaizumi aponta ainda que os trabalhadores mais jovens são os que mais estão tendo dificuldades de voltar ou entrar no mercado de trabalho.
As faixas etárias de 19 a 27 anos registraram o maior contingente de desempregados há mais de 2 anos, com números acima do patamar de 100 mil pessoas, somando 1.395.041, ou 38,3% do total de 3.637.069. A faixa etária de 21 anos teve o maior número: 195.594, seguida pela de 20 anos (182.076).
Pandemia ampliou desigualdade, diz economista
De acordo com Imaizumi, o levantamento mostra que quem mais sofre com o desemprego são mulheres negras e pardas e pouco escolarizadas.
O economista credita o recorde do percentual de desempregados há mais de dois anos à pandemia, que dificultou ainda mais a recolocação no mercado de trabalho e levou ao recorde da informalidade.
Há ainda o fato de que quanto mais tempo tempo as pessoas ficam sem conseguir emprego, mais difícil fica a recolocação no mercado de trabalho, e isso atinge principalmente os trabalhadores menos escolarizados e qualificados, aponta.
"Essas pessoas vão sobrando no mercado de trabalho, e todo mundo que está um pouco mais bem qualificado ou que está há menos tempo sem conseguir emprego tem mais facilidade para voltar a trabalhar. Então esse pessoal vai saindo da fila de desempregados e fica um grupo maior de pessoas procurando emprego há mais tempo. Esse é um dos efeitos duradouros da pandemia", explica.
De acordo com Imaizumi, a desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho, que sempre foi preponderante, foi agravada pela pandemia.
"Existe uma correlação forte entre renda e raça. Os negros estão atrelados à questão da escolaridade e renda mais baixas, são problemas estruturais do país, e a pandemia intensificou essas desigualdades socioeconômicas no mercado de trabalho. Infelizmente o fato de eles serem a maioria e os mais prejudicados não surpreende", diz.
Já o fato de os jovens terem mais dificuldade de reinserção no mercado de trabalho envolve a questão da primeira experiência e a dificuldade de conseguir o primeiro emprego. Por isso, eles são o grupo com maior número de desempregados há mais de dois anos, justifica o economista.
Imaizumi afirma que os números podem aumentar nos próximos meses, por causa da inflação e juros altos e o crescimento menor da economia.
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