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Com títulos públicos americanos rendendo mais, ativos de risco saem prejudicados. Persistência da inflação e mercado de trabalho aquecido fizeram o BC dos EUA renovar o ciclo de altas nos juros, que já é bem mais longo que o esperado pelos investidores.<<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Bruna Miato, g1
Postado em 08 de outubro de 2023 às 00h45m
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Dólar voltou a subir acima dos R$ 5 e bolsa atingiu o menor patamar em meses. — Foto: Pixabay
Desde o último dia 27, o dólar voltou a operar acima do patamar de R$ 5. O caldo azedou porque o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, renovou as sinalizações de que deve manter os juros do país elevados por mais tempo, sendo que as taxas já estão nos maiores patamares em 22 anos.
O Fed trava uma longa batalha contra a inflação americana, que está em 3,7% na janela de 12 meses — acima da meta da instituição, de 2%. Além disso, o mercado de trabalho dos EUA continua aquecido, gerando sucessivamente mais vagas do que as projeções apontam. É um cenário que coloca mais dinheiro na mão da população e renova a pressão nos preços.
Há um quê de frustração mais intensa entre os investidores porque havia, meses atrás, a expectativa de que o Fed pudesse sinalizar alguma redução nas taxas. O reforço de que os juros (no mínimo) permanecerão na faixa de 5,25% e 5,50% ao ano deu um banho de água fria nos analistas, que passaram a recalcular rota.
O resultado: os títulos públicos americanos se valorizaram, atraíram o fluxo de investimentos e, por consequência, a moeda norte-americana ganhou força contra as demais.
Em relação ao real, o dólar já subiu quase 5% em um mês. Comparado ao menor patamar deste ano, em 26 de julho, a valorização é de 9%. Hoje, a moeda americana passou dos R$ 5,20, assim que foram divulgados dados de emprego nos EUA acima do esperado.
O clima de possível recessão à frente, causada pelos juros altos, renovou a aversão ao risco. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também sofreu. O indicador caiu mais de 3% em um mês. Desde sua máxima no ano, também em julho, já despencou mais de 7%.
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Ruim para o Brasil
O momento difícil acontece depois de um começo de ano que foi marcado pelo otimismo para os ativos brasileiros. O dólar ficou abaixo dos R$ 5 por quatros meses, enquanto o Ibovespa viveu um bom período de valorização, chegando aos 122 mil pontos.
Mas a festa começou a dar sinais de que está chegando ao fim. Desde o ano passado, o Fed vem promovendo uma série de aumentos em suas taxas básicas de juros, um movimento que estava mapeado pelo mercado. A inflação americana saiu da casa dos 9% em 12 meses para os 3%, mas segue persistente e acima da meta.
O Fed foi cauteloso no processo, mas as últimas medições de dados econômicos dos EUA fizeram com que a diretoria engrossasse o discurso. Além de indicar que não estava satisfeito com a persistência dos preços, o órgão não descartou novas altas de juros para os próximos meses.
O futuro ainda nebuloso movimentou o fluxo de investimentos para ativos mais seguros, derrubando as bolsas no mundo inteiro. Os títulos do Tesouro americano, chamados de Treasuries, que entregam boa rentabilidade e segurança, acabaram sendo os preferidos, uma vez que a rentabilidade dos papéis de 10 anos foram para os maiores patamares em 15 anos.
Por que o mercado está olhando tanto para os juros americanos?
Os títulos públicos dos Estados Unidos em bom patamar de rentabilidade sempre saem favorecidos em momentos de maior incerteza econômica. E, desde o último ano, os juros americanos saíram de um patamar próximo de zero para as maiores taxas em cerca de duas décadas.
Charbel Zaib, economista-chefe da Arcani Investimentos, destaca que a renovação das incertezas econômicas moveu a projeção de um corte nos juros americanos para perto do segundo semestre de 2024. E como esse não era o cenário que estava no radar no começo do ano, há uma mudança no fluxo de investimentos.
O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, comenta que, no início de 2023, o mercado acreditava que o Fed não precisaria manter as taxas elevadas por tanto tempo, porque logo teriam o efeito desejado no controle da inflação. E também não foi isso o que aconteceu.
O problema, como diz o analista de investimentos Vitor Miziara, é que, quanto mais tempo uma economia fica com os juros elevados, maiores são as chances de que seja atingida por uma recessão econômica, já que as taxas altas levam a uma redução no consumo da população e nos investimentos das empresas.
Assim, com esse combo de juros altos fazendo disparar o rendimento dos títulos públicos americanos, ao mesmo tempo em que boa parte do mercado já enxerga chances de uma recessão, as últimas semanas foram marcadas por um movimento de saída dos ativos de risco e alta procura pelas Treasuries.
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O Brasil tem algum papel nesse movimento ruim para o mercado?
O ano de 2023 também começou positivo para o Brasil. Sung, da Suno, destaca que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, surpreendeu positivamente com uma boa articulação e pautas importantes andaram no Congresso Nacional, como a aprovação do novo arcabouço fiscal e a tramitação da reforma tributária.
A visão ficou mais negativa nos últimos meses, principalmente com a preocupação com o cenário fiscal do país. Vitor Miziara destaca que a dificuldade do governo em aumentar a arrecadação federal e os crescentes gastos evidenciam o rombo das contas públicas e afastam a promessa de que o país terá déficit zero no próximo ano.
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Esse risco também pesa sobre os negócios brasileiros, principalmente em um momento em que os títulos tidos como os mais seguros do mundo estão entregando bons rendimentos.
Os especialistas ressaltam, porém, que, mesmo que o cenário interno contribua para a desvalorização de moeda e bolsa brasileiras, o maior impacto vem, justamente, dos Estados Unidos.
O maior indicativo disso é que, com toda essa expectativa pelos juros altos na maior economia do mundo, não foi só o mercado brasileiro que sofreu com um ajuste. Os próprios indicadores americanos já caíram bastante, e os analistas dizem que ainda podem cair mais no curto prazo.
O que vem pela frente?
Zaib, da Arcani, considera que as taxas americanas não devem surpreender mais e subir até o patamar dos 6%. Isso porque a inflação de 12 meses nos Estados Unidos já ronda os 3% e está mais próxima da meta da instituição, que é de 2%.
Assim, a não ser que o Fed promova novos aumentos inesperados, uma estabilidade dos juros altos por vários meses já está sendo precificada pelo mercado. Isso evitaria mais uma sequência de quedas muito fortes para os ativos de risco, pontua Gustavo Sung.
Neste contexto, os especialistas não esperam uma desvalorização ainda maior da bolsa brasileira e do real. Mas também não há previsão de que devam disparar enquanto os títulos americanos estiverem com bons rendimentos.
Miziara comenta que, com os juros ainda altos nos Estados Unidos, "fica cada vez mais interessante para o investidor manter o dinheiro em dólar, recebendo taxas altíssimas do Tesouro americano, que além de ser o 'porto seguro' em época de crise ou incertezas, passa a ser um bom investimento pelos juros em patamares não vistos desde 2007".
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