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sábado, 25 de fevereiro de 2023

IPCA-15: prévia da inflação fica em 0,76% em fevereiro

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Indicador acelerou na comparação com janeiro, quando ficou em 0,55%, puxado, principalmente, pelo grupo de educação.
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Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 25 de fevereiro de 2023 às 07h00m

            Post. N. =  0.599           

Reajustes nos preços de cursos regulares exerceram o maior impacto sobre a inflação em fevereiro, segundo o IBGE. — Foto: Divulgação
Reajustes nos preços de cursos regulares exerceram o maior impacto sobre a inflação em fevereiro, segundo o IBGE. — Foto: Divulgação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — ficou em 0,76% em fevereiro, informou nesta sexta-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice acelerou na comparação com janeiro, quando ficou em 0,55%. Já o indicador acumulado em 12 meses desacelerou de 5,87% para 5,63%. Em fevereiro de 2022, o IPCA-15 foi de 0,99%.

De acordo com o IBGE, dentre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados para composição do indicador, oito tiveram alta na comparação com janeiro. A exceção ficou por conta de vestuário, único a apresentar deflação no mês.

O maior impacto sobre a prévia da inflação, no entanto, partiu do grupo de educação, que teve alta de 6,41% em relação a janeiro, respondendo por 0,36 ponto percentual (p.p) do índice de fevereiro.

Veja abaixo a variação dos grupos em fevereiro:

  • Vestuário: -0,05%
  • Transportes: 0,08%
  • Alimentação e bebidas: 0,39%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,55%
  • Habitação: 0,63%
  • Despesas pessoais: 0,63%
  • Artigos de residência: 0,71%
  • Comunicação: 0,78%
  • Educação: 6,41%


Reajustes nas mensalidades

Segundo o IBGE, a alta no grupo educação é sazonal, por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo nas mensalidades dos cursos regulares.

As maiores variações vieram do ensino médio (10,29%), do ensino fundamental (10,04%), da pré-escola (9,58%) e da creche (7,28%). Também houve alta nos cursos do ensino superior (5,33%), técnicos (4,50%) e de pós-graduação (3,47%).

Aluguel e condomínio em alta

O segundo maior impacto sobre o IPCA-15 de fevereiro, de 0,10 p.p., partiu do grupo Habitação, influenciado pelas altas em aluguel residencial (0,89%) e condomínio (0,62%).

Também houve impacto de reajustes regionais da taxa de esgoto, do gás encanado e da energia elétrica.

Alta de preços da alimentação desacelera

Segundo o IBGE, a alta de preços Alimentação e Bebidas desacelerou de 0,55% para 0,39% na passagem de janeiro para fevereiro, puxada, sobretudo, pela deflação em produtos básicos na mesa dos brasileiros como a cebola (-19,11%), o tomate (-4,56%), o frango em pedaços (-1,98%) e as carnes (-0,87%).

No lado das altas, destacaram-se o aumento nos preços médios da cenoura (24,25%), das hortaliças e verduras (8,71%), do leite longa vida (3,63%), do arroz (2,75%) e das frutas (2,33%).

A alimentação fora do domicílio (0,40%) ficou com resultado próximo ao do mês anterior (0,39%). O lanche teve alta de 0,78% e, a refeição, de 0,16%.

Passagens aéreas em queda

O IBGE destacou que houve queda de 9,45% nos preços médios das passagens aéreas, o que pressionou a desaceleração de 0,17% para 0,08% da alta de preços no grupo Transportes.

Além disso, todos os combustíveis registraram queda de preço em fevereiro: etanol (-1,65%), gás veicular (-1,59%), óleo diesel (-0,59%) e gasolina (-0,04%).

Houve impacto, também, do aumento nos preços de emplacamento e licença (1,62%), que incorporou a fração mensal referente ao IPVA de 2023.

Alta em todas as regiões pesquisadas

Ainda de acordo com o IBGE, o IPCA-15 teve alta em todas as áreas pesquisadas em fevereiro. A maior variação foi registrada em Salvador (1,19%), influenciada pelas altas dos cursos regulares (7,84%), da energia elétrica (5,99%) e da gasolina (5,16%).

O menor resultado, por sua vez, ocorreu em Goiânia (0,41%), onde pesaram as quedas de 3,07% da gasolina e de 2,49% da energia elétrica.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Bill Gates compra participação na Heineken

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Gates comprou as ações da mexicana Femsa, que está vendendo a cervejaria.
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Por Reuters

Postado em 23 de fevereiro de 2023 às 08h35m

            Post. N. =  0.598           

'Melhor pagar por vacinas do que tentar ir a Marte', diz Bill Gates — Foto: GETTY IMAGES
'Melhor pagar por vacinas do que tentar ir a Marte', diz Bill Gates — Foto: GETTY IMAGES

O bilionário Bill Gates comprou 3,76% de participação na gigante holandesa de bebidas Heineken Holding NV, embora o fundador da Microsoft tenha dito uma vez que não era um "grande bebedor de cerveja".

Um documento da Autoridade de Mercados Financeiros da Holanda (AFM) informa que as ações foram adquiridas em 17 de fevereiro. A Heineken Holding detém o controle acionário da cervejaria Heineken NV.

Gates comprou as ações da mexicana Femsa, que está vendendo a cervejaria.

Um documento separado também datado de 17 de fevereiro mostrou que a Femsa vendeu todas as 18 milhões de ações que detinha na Heineken Holding.

Gates comprou 10,8 milhões de ações, no valor de 883 milhões de euros a preços de mercado atuais, o que o obriga a divulgar as informações segundo as regras do mercado de ações holandês.

Em uma sessão de bate-papo em 2018 no Reddit, Gates disse que "não era um grande bebedor de cerveja".

"Quando acabo em algo como um jogo de beisebol, bebo cerveja light para entrar na vibe de todos os outros bebedores de cerveja. Desculpe desapontar os verdadeiros bebedores de cerveja."

A Fundação Bill & Melinda Gates, lançada pelo bilionário e sua ex-esposa, não estava disponível para comentar.

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Ibovespa tem forte queda e volta aos 107 mil pontos, com juros dos EUA no radar

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O principal índice do mercado de ações brasileiro caiu 1,85%, a 107.152 pontos.
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Por g1

Postado em 22 de fevereiro de 2023 às 15h05m

            Post. N. =  0.597           

Ibovespa — Foto: Freepik
Ibovespa — Foto: Freepik

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em forte queda nesta quarta-feira de cinzas (22), ainda com agenda esvaziada por conta do Carnaval do Brasil, mas repercutindo tensões geopolíticas depois de novas ameaças nucleares da Rússia e com os investidores analisando a última ata do Federal Reserve (Fed).

Ao final da sessão, o índice recuou 1,85%, aos 107.152 pontos. Veja mais cotações.

A queda foi impulsionada, sobretudo, pelo desempenho negativo das ações da Vale e da Petrobras, que possuem grande participação no Ibovespa.

Na sexta-feira, o índice teve queda de 0,70%, aos 109.176 pontos. Com o resultado de hoje, o Ibovespa passou a acumular perdas de 5,54% no mês e de 2,35% no ano.


O que está mexendo com os mercados?

Investidores acompanharam nesta quarta-feira a publicação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, em busca de novas pistas sobre a trajetória dos juros.

A maioria dos dirigentes do Fed concordou, em seu último encontro, em diminuir o ritmo de aumentos na taxa básica de juros para 0,25 ponto percentual. Eles também concordaram, no entanto, que os riscos de uma inflação elevada continuam sendo um "fator-chave" que molda a política monetária e justifica incrementos contínuos na taxa de referência até que as pressões de preços sejam controladas.

"Quase todos os participantes concordaram que era apropriado elevar a faixa-alvo da taxa básica em 0,25 ponto percentual", informou o documento divulgado hoje pelo Fed, reforçando que muitos deles disseram que isso permitiria ao Fed "determinar melhor a extensão" de movimentos futuros.

Mas "os participantes amplamente destacaram que os riscos ascendentes para as perspectivas de inflação continuaram a ser um fator-chave para moldar as perspectivas de política monetária" e que os juros precisariam subir e permanecer elevados "até que a inflação esteja claramente encaminhada para (a meta de) 2%".

Apenas "alguns" participantes foram totalmente a favor de um ajuste maior de 0,50 ponto percentual na reunião, ou disseram que "poderiam tê-lo apoiado".

A ata mostrou que as autoridades do Fed ainda estão sintonizadas com o risco de que podem ter de fazer mais para manter a inflação em queda. Esse posicionamento, mais agressivo, pode aparecer com mais precisão quando as autoridades emitirem novas projeções econômicas e sobre a taxa de juros, em uma reunião que acontece dentro de quatro semanas.

"Os participantes concordaram que o Comitê (Federal de Mercado Aberto; Fomc, na sigla em inglês) fez progressos significativos ao longo do ano passado em direção a uma postura suficientemente restritiva da política monetária", disse a ata, descrevendo uma economia que continuou a crescer em meio a um mercado de trabalho apertado.

"Mesmo assim, os participantes concordaram que, embora houvesse sinais de que o efeito cumulativo do aperto da política monetária do Comitê havia começado a moderar as pressões de preços, a inflação permaneceu bem acima da meta de longo prazo do Comitê de 2% e o mercado de trabalho continuou muito apertado."

Juros mais altos nos Estados Unidos elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso prejudica os ativos de risco, como o mercado de ações. Mas dados recentes da economia americana mostram resultados fortes, que poderia fazer o Fed rever o ritmo de alta.

"A prévia do índice de gerentes de compras (PMI) nos Estados Unidos registrou 50,2 pontos, nível mais alto em oito meses, retornando ao patamar expansionista e sugerindo uma resiliência econômica nos EUA. Foi registrada uma retomada do setor de serviços, enquanto a manufatura ainda mostrou uma recuperação mais tímida. Como resultado, o Federal Reserve pode precisar ser mais duro nos próximos aumentos de juros para controlar a variação de preços no país", diz relatório da XP.

Na Europa, dados divulgados na terça-feira mostraram que as atividades econômicas de França e Alemanha retornaram para um território de crescimento, e apoiou a visão de que os juros em ambas as economias permanecerão mais altos por mais tempo.

Nesta quarta-feira, dados mostraram que a taxa de inflação da Alemanha não exibiu sinais de redução no início do ano, já que as pressões sobre os preços de energia e alimentos permaneceram altas devido à guerra na Ucrânia.

Ainda assim, as ações europeias tiveram um salto até agora este ano em relação aos seus pares dos EUA, em meio a melhores condições climáticas e com a expectativa de que a economia da zona do euro evite por pouco uma recessão e tenha impulso da reabertura da China.

Os mercados de ações asiáticos seguiram o pregão de ontem em Wall Street para o vermelho, uma vez que a força surpreendente em pesquisas globais de serviços alimentou temores de que os bancos centrais terão que aumentar ainda mais os juros.

Para adicionar tensão ao mercado, o presidente russo Vladimir Putin suspendeu na terça-feira (21) a participação do país no último tratado de controle de armas nucleares feito com os Estados Unidos. Ela também alertou que os russos colocaram novas armas estratégicas à disposição para combate.

Os dois países ainda têm vastos arsenais de armas nucleares remanescentes da Guerra Fria, cujos números são atualmente limitados pelo New START, acordo assinado pelos dois países em 2010 e que deveria valer até 2026.

Putin anunciou a medida durante seu discurso anual para a elite russa, no qual prometeu continuar com a operação militar da Rússia na Ucrânia e acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA, de inflamar o conflito na crença equivocada de que poderia derrotar Moscou em um confronto global.

No Brasil, o relatório "Focus" foi divulgado e mostra que economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação deste ano de 5,79% para 5,89%. Foi a décima alta consecutiva do indicador. Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, o mercado elevou sua previsão de 0,76% para 0,80%.

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A moeda internacional imposta pela Espanha por 3 séculos que serviu de modelo para o dólar

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Especialistas em numismática — o estudo das moedas e medalhas — consideram essa moeda uma das mais belas e esplendorosas já cunhadas.
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Por Jorge Pérez Valery, BBC

Postado em 20 de fevereiro de 2023 às 08h15m

            Post. N. =  0.596           

Real 'de a ocho' foi primeira unidade monetária globalizada da história moderna — Foto: Museu Arqueológico Nacional da Espanha/Divulgação via BBC
Real 'de a ocho' foi primeira unidade monetária globalizada da história moderna — Foto: Museu Arqueológico Nacional da Espanha/Divulgação via BBC

Foi uma moeda tão cobiçada que sua hegemonia no comércio mundial se estendeu por mais de 300 anos.

Ela precedeu a libra esterlina de ouro e o dólar dos Estados Unidos. Na verdade, os americanos basearam-se nesse modelo para desenvolver o dólar.

A moeda se chamava "real de a ocho" (também conhecido como "dólar espanhol"). Era fabricada, em grande parte, com prata do continente americano e foi a primeira moeda internacionalizada da história moderna.

A divisa foi cunhada pelo Império Espanhol em meados do século 16 e impulsionada pelas imensas riquezas trazidas pela colonização da América.

E, até mesmo quando esse império entrou em decadência, a moeda espanhola continuou sendo uma das mais competitivas do mundo, estendendo sua supremacia até o final do século 19.

Com ascensão da Casa de Bourbon, monarquia espanhola começou a cunhar seus reais 'de a ocho' principalmente nos territórios americanos — Foto: Museu Arqueológico Nacional da Espanha/Divulgação
Com ascensão da Casa de Bourbon, monarquia espanhola começou a cunhar seus reais 'de a ocho' principalmente nos territórios americanos — Foto: Museu Arqueológico Nacional da Espanha/Divulgação

O nascimento de uma moeda global

A origem desta moeda remonta à reforma monetária adotada pelos reis católicos da Espanha em 1497, após a chamada Reconquista e a chegada ao continente americano.

Essa reforma é mencionada nos livros de história como a "Pragmática de Medina del Campo" e estabeleceu o real, uma moeda de prata, como unidade de pagamento.

Mas só em meados do século 16, o "real de a ocho" começou a popularizar-se, impulsionado principalmente pelos reis espanhóis Carlos 1º (que reinou como Carlos 5º, na Alemanha) e Felipe 2º.

Esses dois monarcas representaram a etapa de maior protagonismo e expansão do Império Espanhol.

A prata extraída das Américas, particularmente das minas do México e de Cerro Potosí (atual Bolívia), fez com que a emissão de moedas de prata disparasse.

"Perto de 1535, foram criadas na América as primeiras casas da moeda, no México e em Santo Domingo [hoje, República Dominicana]. Com essa grande quantidade de prata, o real dos reis católicos irá se multiplicar: um real de a dois, três, quatro... porque a melhor forma de transportar a prata é em forma de moeda", explica o professor de história José María de Francisco Olmos, da Universidade Complutense de Madri, na Espanha, e pesquisador de numismática (estudo sob o ponto de vista histórico, artístico e econômico das cédulas, moedas e medalhas).

"Depois dessa pequena confusão, vai se firmar o real "de a ocho", que é a multiplicação por 8 do real dos reis católicos", explica ele.

E, ao lado da onça — unidade de medida do ouro —, o real "de a ocho" formou o sistema de dois metais promovido pela monarquia espanhola.

"Entra na Europa esse rio de ouro e prata. Como todos concordam que é uma prata muito boa, ela começa a transformar-se na moeda de referência de todos os demais países", acrescenta Olmos.

Real 'de a ocho' foi primeira moeda a circular nos cinco continentes — Foto: Getty Images via BBC
Real 'de a ocho' foi primeira moeda a circular nos cinco continentes — Foto: Getty Images via BBC

Moeda de ‘mundo e mares’

No século 18, o real "de a ocho" consolida-se como moeda global, com a chegada da casa de Bourbon após a Guerra de Sucessão, um conflito internacional que envolveu as potências europeias em busca do controle do trono espanhol.

A Espanha concentrou-se posteriormente nas suas colônias no continente americano. Depois de assumir o controle da Real Casa da Moeda do México — que, até então, era uma concessão —, a metrópole ordenou a modernização das suas máquinas de cunhagem de moedas.

A partir de então, o real "de a ocho" passou a ser produzido com um novo desenho, exclusivo das colônias americanas. Ele foi chamado de moeda de "mundo e mares".

Ela também ficou conhecida como a "colunária", pois continha a impressão das colunas de Hércules (representando o estreito de Gibraltar) e, entre elas, os dois hemisférios do planeta, representando a expansão do Império Espanhol.

Especialistas em numismática consideram essa moeda uma das mais belas e esplendorosas já cunhadas.

Essa nova versão alcançou sucesso particularmente na bacia do Pacífico, onde o comércio funcionava até então com um sistema de um único metal com base na prata, segundo Francisco Olmos.

"Nos séculos 15 e 16, o comércio do Atlântico era importante. Mas, a partir de determinado momento, o comércio do Pacífico adquire importância igual ou maior", explica o historiador. "Ali está a América, no centro, com suas minas, com suas moedas, que podem seguir tanto para o Atlântico quanto para o Pacífico."

Transportado pelo famoso Galeão de Manila, navio que ligou o porto de Acapulco, no México, às Filipinas por mais de 250 anos até 1815, o real "de a ocho" foi introduzido na Ásia. Lá, ele foi aceito como moeda própria na China, no Japão, na Coreia e na Índia, entre outros países.

Algumas nações simplesmente perfuravam ou marcavam as moedas com selos locais para permitir sua circulação.

Captura de uma frota espanhola carregada de prata por um esquadrão de 24 navios da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em Havana (Cuba), em 1628 — Foto: Getty Images via BBC
Captura de uma frota espanhola carregada de prata por um esquadrão de 24 navios da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em Havana (Cuba), em 1628 — Foto: Getty Images via BBC

O 'dólar das Colunas', popular nas colônias britânicas

A moeda de prata espanhola também foi aceita nos domínios em expansão do Império Britânico nos séculos 18 e 19. Ela se popularizou com o nome de Pillar Dollar ("dólar das colunas"), em referência às colunas de Hércules no desenho do século 18.

Mas esse não foi seu único nome. Na Austrália, por exemplo, no início do século 19, ela foi chamada de holey dollar – o "dólar furado".

Devido à escassez da moeda britânica, as autoridades coloniais australianas da época encomendaram a importação de cerca de 40 mil reais espanhóis, que foram "furados" e duplicaram o número de moedas disponíveis.

A moeda também ficou conhecida como "dólar espanhol" e atingiu a mesma popularidade nas 13 colônias britânicas da América do Norte. Lá, era mais fácil conseguir o dólar espanhol do que as próprias moedas britânicas.

O padrão do dólar americano (e de outras moedas)

Até mesmo durante a decadência do Império Espanhol, o real "de a ocho" continuou sendo uma moeda cobiçada pelo mundo.

Nos anos anteriores e posteriores à sua independência na década de 1770, os Estados Unidos começaram a desenhar sua própria moeda, com base no modelo das divisas imperiais espanholas. Os revolucionários americanos chegaram a financiar seu movimento emitindo papel-moeda garantido por reais espanhóis.

O dólar americano nasceu como moeda em 1785, mas o "dólar espanhol" continuou sendo aceito até 1857, quando a Lei da Cunhagem finalmente o retirou de circulação dos Estados Unidos.

Acrescente-se a este fato uma teoria bastante aceita sobre a origem do cifrão ($). Acredita-se que ele provenha da união das duas colunas de Hércules e da transformação das letras P e S, que podem fazer referência tanto à palavra "peso" quanto à expressão "Plus Ultra", que acompanha o brasão da monarquia espanhola.

O fim e o legado do real "de a ocho"

As guerras napoleônicas e a independência das províncias espanholas no continente americano marcaram o início da queda da moeda espanhola. Quando perdeu o controle das minas de prata americanas e suas casas da moeda, a Espanha ficou sem poder continuar a produzir o que era seu principal produto de exportação.

Mesmo com o colapso do império, o real "de a ocho" continuou sendo uma moeda competitiva até o final do século 19.

No seu livro sobre a história da moeda, a historiadora espanhola María Ruíz Trapero afirma que o real "de a ocho" era mantido em depósito na China, na Índia e no Oriente Médio, como a principal moeda de reserva.

E não serviu apenas de modelo para o dólar americano. O dólar canadense, o tael chinês, o won coreano e, é claro, as moedas das repúblicas americanas que nasceram da independência das colônias espanholas basearam-se no mesmo modelo para sua consolidação.

Por tudo isso, seja a bordo dos galeões espanhóis ou saqueado pelos piratas, o real "de a ocho" atravessou "mundo e mares" ao longo de três séculos para tornar-se a moeda precursora da economia global que conhecemos atualmente.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

'Prévia do PIB' do Banco Central tem alta de 2,9% em 2022 e indica desaceleração da economia

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Números do IBC-Br, entretanto, nem sempre batem com o PIB, que será divulgado em 2 de março. Desaceleração acontece em cenário de juros altos para combater pressões inflacionárias.
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Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Postado em 16 de fevereiro de 2023 às 11h35m

            Post. N. =  0.595           

O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou expansão de 2,9% em 2022 na comparação com o ano anterior, informou a instituição nesta quinta-feira (16).

Como são períodos iguais, o resultado foi calculado sem ajuste sazonal — que é um tipo de "compensação" para comparar épocas diferentes do ano.

Apesar do crescimento em 2022, o ritmo de alta mostrou desaceleração em relação ao ano anterior, quando houve uma expansão maior: de 4,68%.

'Prévia' do PIB do Banco Central
% sem ajuste sazonal
1,051,05-4,2-4,24,684,682,92,92019202020212022-6-4-20246
Fonte: Banco Central

O resultado oficial do PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, será divulgado somente em 2 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

  • O mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, estima uma alta de 3% para a economia brasileira em 2022.
Razões para a desaceleração

A queda no ritmo de crescimento da economia brasileira aconteceu em um cenário de alta da taxa básica de juros para conter pressões inflacionárias.

No ano passado, em meio à campanha eleitoral para a Presidência da República, a Selic, fixada pelo Banco Central, subiu de 9,25% para 13,75% ao ano — o maior nível em seis anos.

Preocupado com o impacto do juro alto no crescimento, nos investimentos e no emprego, o patamar da taxa de juros está sendo questionado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Mudança na meta de inflação não vai ser discutida pelo CMN, diz HaddadMudança na meta de inflação não vai ser discutida pelo CMN, diz Haddad

Ele tem cobrado o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a reduzir a Selic. Também tem indicado que pode manobrar para mudar as metas de inflação dos próximos anos, o que possibilitaria, em tese, uma redução mais rápida dos juros nos próximos meses.

Campos Neto, que tem mandato até 2024 em um BC autônomo, entretanto, tem alertado que um aumento da meta de inflação, neste momento, pode ter o efeito contrário ao desejado, ou seja, impulsionaria ainda mais a alta dos preços.

Além dos juros elevados, o alto nível de endividamento da população, e uma inflação ainda acima das metas fixadas pelo governo, também têm freado nível mais alto do nível de atividade econômica.

PIB x IBC-Br

Os resultados do IBC-Br são considerados uma "prévia do PIB". Porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto.

O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.

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