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Com o resultado, indústria retomou novamente o patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, mas não eliminou as perdas dos meses de fevereiro, março e abril, que deixaram saldo negativo de 4,7%.--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1
Postado em 02 de julho de 2021 às 10h00m
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A produção industrial brasileira cresceu 1,4% em maio, na comparação com abril, interrompendo três meses consecutivos de queda, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já em relação a maio de 2020, o crescimento foi de 24% – 9ª taxa positiva consecutiva nesta base de comparação.
O desempenho do quinto mês de 2021, porém, ficou pouco abaixo da mediana das estimativas de 30 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de alta de 1,6%. As projeções iam de queda de 1% a expansão de 3,3%.
No ano, a indústria acumula alta de 13,1% e, em 12 meses, de 4,9%.
O indicador acumulado em 12 meses registrou a segunda taxa positiva após uma sequência de 22 negativas. O gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que o resultado de maio, mais de quatro vezes superior ao de abril, demonstra que houve avanço no ritmo de crescimento do setor industrial.
Além disso, Macedo enfatizou que foi a primeira vez, desde outubro de 2018, que todas as categorias econômicas registraram taxa positiva para o indicador acumulado em 12 meses.
Indicador acumulado em 12 meses teve segunda taxa positiva após sequência de 22 negativas — Foto: Economia/G1
"Com o resultado de maio, a indústria chega ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. Apesar do avanço, o setor ainda se encontra 16,7% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011", destacou o IBGE.
O gerente da pesquisa destacou, ainda, que este patamar é o mesmo em que o setor industrial se encontrava em fevereiro de 2009.
Resultado não elimina perdas do período de fevereiro a abril deste ano
Segundo Macedo, a mudança de rumo observada em maio ainda não significa uma reversão do saldo negativo acumulado nos meses de fevereiro, março e abril deste ano, quando houve perda acumulada de 4,7%.
“Há uma volta ao campo positivo, mas está longe de recuperar essa perda recente que o setor industrial teve. Muito desse comportamento de predominância negativa nos últimos meses tem uma relação direta com o recrudescimento da pandemia, no início de 2021, que trouxe um desarranjo para as cadeias produtivas”, destacou o pesquisador.
Média móvel trimestral fica em -0,8%
A média móvel trimestral da indústria ficou negativa, em -0,8%, no trimestre encerrado em maio de 2021, frente ao nível do mês anterior, mantendo a trajetória de perda de dinamismo iniciada em fevereiro de 2021.
Alta em 15 das 26 atividades pesquisadas
O crescimento da produção industrial em maio foi disseminado entre 15 das 16 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE. Nos meses anteriores, a disseminação era de taxas negativas, segundo apontou o gerente da pesquisa.
De acordo com o IBGE, os principais impactos positivos entre as atividades vieram de produtos alimentícios (2,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,0%) - ambas com queda em abril - e das indústrias extrativas (2,0%).
“A maior parte das atividades volta ao crescimento após perdas importantes nos meses anteriores. O setor de derivados do petróleo, por exemplo, que é o segundo maior impacto positivo do mês, havia recuado 10%. Isso significa que há algum grau de recomposição em relação às perdas dos últimos meses”, destacou Macedo.
Também se destacaram os resultados positivos da metalurgia (3,2%), de outros produtos químicos (2,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,0%), de bebidas (2,9%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,2%).
Já dentre as 11 atividades que registraram queda na produção em maio, as que mais impactaram negativamente o índice foram produtos de borracha e de material plástico (-3,8%), máquinas e equipamentos (-1,8%) e produtos têxteis (-6,1%).
Também houve disseminação de taxas positivas entre as cinco grandes categorias econômicas - três registraram crescimento em maio.
Resultados de maio por grande categoria:
- Bens de capital: 1,3%
- Bens de consumo: 1,5%%
- Bens de consumo semiduráveis e não duráveis: 3,6%
- Bens intermediários: -0,6%
- Bens de consumo duráveis: -2,4%
O IBGE destacou que bens de consumo semi e não-duráveis registrou a primeira taxa positiva após três meses de queda, período em que acumulou perda de 11,4%.
Já bens de consumo duráveis registrou a sexta queda seguida, acumulando perda de 16,2% no período.
Apenas metade das atividades retomaram nível pré-pandemia
Embora o setor industrial tenha voltado a retomar, em maio, o mesmo patamar de produção observado em fevereiro do ano passado, antes do início da crise sanitária global, metade das atividades industriais investigadas pelo IBGE ainda operam abaixo daquele nível.
Metade das atividades industriais retomaram o patamar pré-pandemia em maio — Foto: Economia/G1
Entre as grandes categorias da indústria, bens de capital e bens intermediários superaram o patamar pré-pandemia em, respectivamente, 14,1% e 2,2%. Já bens de consumo semi e não duráveis ficaram 6,3% abaixo do nível de fevereiro de 2020, enquanto bens duráveis ficou 14,5% abaixo.
Perspectivas
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 3,4 pontos em junho para 107,6 pontos, segundo a Fundação Getulio Vargas. Trata-se da segunda alta seguida e da maior pontuação desde fevereiro. Apesar da melhora, o otimismo dos empresários continua sendo limitado pela escassez de insumos, aumento dos custos e demanda ainda fraca da economia.
O mercado financeiro estima atualmente um crescimento de 5,05% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2021. Para o resultado da produção industrial, a expectativa é de avanço de 6,23% no ano, após tombo de 4,5% no ano passado.
Economistas têm destacado que uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser mais visível a partir o segundo semestre, e condicionada ao avanço da vacinação e também à retomada do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pelas medidas de restrição para conter o coronavírus.
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