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terça-feira, 31 de maio de 2022

Desemprego cai para 10,5% em abril e atinge 11,3 milhões, diz IBGE

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População ocupada atinge recorde, mas rendimento médio segue 7,9% menor que o de 1 ano atrás. Número de empregados sem carteira assinada salta 20,8% no comparativo anual e é o maior já registrado.
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Por Darlan Alvarenga, g1

Postado em 31 de maio de 2022 às 14h00m

#         Post. N. =  0.479        #

Flta de trabalho ainda atinge 11,3 milhões de brasileiros, segundo o IBGE. — Foto: Reprodução/TV Globo
Flta de trabalho ainda atinge 11,3 milhões de brasileiros, segundo o IBGE. — Foto: Reprodução/TV Globo

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 10,5% no trimestre encerrado em abril, para o menor nível desde 2016, mas a falta de trabalho ainda atinge 11,3 milhões de brasileiros, segundo divulgou nesta terça-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desemprego recuou 0,7 ponto percentual em relação aos 3 meses imediatamente anteriores e 4,3 pontos percentuais em 1 ano. Trata-se da menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em abril desde 2015, quando foi de 8,1%, além de ser a leitura mais baixa desde os 10,3% registrados nos três meses encerrados em fevereiro de 2016, indicando que o mercado de trabalho segue em trajetória de recuperação apesar dos impactos da inflação na renda.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao 1º trimestre, a taxa de desemprego estava em 11,1%, atingindo 11,949 milhões de pessoas. Na mínima da série histórica, registrada em 2014, chegou a 6,5%.

O resultado veio melhor que o esperado. A mediana de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data projetava uma taxa de 10,9% no trimestre encerrado em abril. O intervalo da estimativa variava de 10,7% até 11,2%.

Taxa de desemprego cai para 10,5% e atinge 11,3 milhões, segundo IBGETaxa de desemprego cai para 10,5% e atinge 11,3 milhões, segundo IBGE

Rendimento cai 7,9% no ano

Já o rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.569, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.566), mas redução de 7,9% em relação ao mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.790), mesmo com o crescimento do número de trabalhadores empregados.

Embora tenha havido crescimento da formalidade, não foi observada expansão do rendimento médio real do emprego com carteira assinada no setor privado. Além disso, houve queda no rendimento do setor público, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

Entre as modalidades de ocupação, a maior queda no rendimento médio em 1 ano foi observada no setor público (-12,4%), seguido pelos empregados com carteira assinada (-4,4%) e pelos sem carteira e conta própria, ambos com recuo de -3,3%.

Já a massa de rendimento real habitual (R$ 242,9 bilhões) cresceu 1,3% frente ao trimestre anterior, beneficiada pela expansão da ocupação, mas ficou estável quando comparado com o ano anterior e segue distante do pico pré-pandemia, quando somou R$ 259,1 bilhões.

Ocupação recorde

O número de pessoas ocupadas alcançou 96,5 milhões, o maior da série histórica, iniciada em 2012, com uma alta de 1,1% (1,1 milhão de pessoas) na comparação com o trimestre de novembro a janeiro e avanço de 10,3% (9 milhões de pessoas) na comparação com o mesmo trimestre de 2021.

Nesse trimestre, estamos diante da manutenção do processo de retração da taxa de desocupação, que vem ocorrendo desde o trimestre encerrado em julho de 2021, em função, principalmente, do avanço da população ocupada nos últimos trimestres, destacou a coordenadora do IBGE.

A população desempregada, estimada em 11,3 milhões de pessoas, recuou 5,8% frente ao trimestre anterior, o que representa 699 mil pessoas a menos, e 25,3% (menos 3,8 milhões de pessoas desocupadas) em relação ao mesmo período do ano passado, retornando ao patamar do início de 2016. Veja gráfico abaixo:

A corrosão da renda das famílias ajuda a explicar também a maior procura por emprego. "É possível que em função de um rendimento individual menor via trabalho, mais pessoas acabem buscando trabalho. É uma hipótese", disse Beringuy.

Recorde de trabalhadores sem carteira

A taxa de informalidade recuou para 40,1% da população ocupada, contra 40,4% no trimestre anterior, mas ainda ficou acima da registrada no mesmo período do ano passado (39,3%), reunindo 38,7 milhões de trabalhadores informais.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,5 milhões de pessoas) foi o maior da série história do IBGE. Este contingente apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior e teve alta 20,8% (2,2 milhões de pessoas) no ano.

Já os trabalhadores com carteira de trabalho assinada somaram 35,2 milhões, subindo 2% (mais 690 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,6% (mais 3,7 milhões) na comparação anual. Segundo o IBGE, é o maior contingente com carteira desde o trimestre encerrado em abril de 2016.

O número de trabalhadores por conta própria (25,5 milhões de pessoas) manteve-se estável frente aos 3 meses anteriores, mas subiu 7,2% (mais 1,7 milhão de pessoas) em 1 ano.

Nesse trimestre, mantem-se a trajetória de recuperação do emprego com carteira, com diversas atividades registrando expansão, principalmente no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas e em Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, destacou Beringuy.

Outros indicadores da pesquisa:

  • população fora da força de trabalho (64,9 milhões de pessoas) manteve-se estável em 3 meses e caiu 5,3% (menos 3,6 milhões de pessoas) na comparação anual;
  • população subutilizada foi estimada em 26,1 milhões de pessoas, queda de 6% (menos 1,7 milhões) frente ao trimestre anterior;
  • número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas somou 6,6 milhões de pessoas, um recuo de 5,3% (menos 369 mil pessoas) em 3 meses;
  • número de brasileiros em desalento (pessoas que desistiram de procurar trabalho) somou 4,5 milhões, queda de 6,4% em relação ao trimestre anterior.
  • entre os setores, os grupamentos que mais expandiram o número de ocupados foram "Transporte, armazenagem e correio" (3,1%, ou mais 152 mil pessoas), "Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais" (1,5%, ou mais 251 mil pessoas) e "Outros serviços (4,8%, ou mais 233 mil pessoas).

A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.

IBGE: mulheres e negros são os mais afetados pelo desempregoIBGE: mulheres e negros são os mais afetados pelo desemprego
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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Ibovespa opera em queda, puxado pela Petrobras Na sexta-feira, o principal índice de ações da bolsa fechou a 111.942 pontos, acumulando alta de 3,18% na semana.

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Na sexta-feira, o principal índice de ações da bolsa fechou a 111.942 pontos, acumulando alta de 3,18% na semana.
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Por g1

Postado em 30 de maio de 2022 às 13h00m

#         Post. N. =  0.478        #

O Ibovespa , principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, passou a operar em queda nesta segunda-feira (30), após abertura positiva, puxado pelo recuo das ações da Petrobras.

Às 13h06, o indicador caía 1,07%, a 110.741 pontos. Veja mais cotações.

Por volta do mesmo horário, as ações da Petrobras caíam mais de 4%, refletindo os renovados temores de interferência política na estatal e com investidores temendo possível desabastecimento de diesel. Já as da Eletrobras recuavam mais de 2%.

Na sexta-feira, a bolsa fechou em alta de 0,05%, a 111.942 pontos. Com o resultado, passou a acumular alta de 3,77% no mês, e de 6,79% no ano.


O que está mexendo com os mercados?

No exterior, os investidores seguem monitorando os sinais de desaceleração econômica global em meio à inflação persistentemente alta.

Participantes do mercado alertavam para possibilidade de volatilidade nos mercados nesta sessão - as bolsas em Wall Street estão fechadas por causa de feriado "Memorial Day" nos Estados Unidos, o que pode levar a menor volume de negócios no mercado local.

Os preços do petróleo subiam acima de US$ 120 o barril, maior nível em mais de 2 meses, antes de reunião da União Europeia que deve discutir sanções contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia.

Os principais índices de ações na Europa avançavam, após alta das praças acionárias na Ásia, depois de Xangai anunciar a suspensão de um lockdown de dois meses a partir de 1º de junho e que fará todos os esforços para acelerar a recuperação econômica. Em Pequim, alguns distritos encerraram regras de trabalho remoto e retomaram a maioria das operações do transporte público, embora um novo caso de Covid-19 fora das zonas de quarentena, após três dias sem registros, tenha renovado cautela com a situação da cidade.

Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), sinalizou que pode fazer uma pausa após aumentar os juros em 0,5 ponto percentual em cada uma de suas próximas duas reuniões, o que contribuiu para tirar parte da pressão sobre os mercados.

Por aqui, a FGV mostrou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou a alta para 0,52% em maio e atingiu 10,72% em 12 meses. A confiança do comércio avançou em maio para o maior nível desde outubro do ano passado, enquanto que a confiança de serviços subiu pelo terceiro mês seguido.

Na cena política, secretários estaduais de Fazenda se reúnem nesta segunda-feira com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir eventuais alterações ao projeto aprovado na Câmara que restringiu a cobrança do ICMS, tributo estadual sobre combustíveis, energia, gás natural, comunicações e transportes coletivos.

Análise: O risco da falta de diesel no mercado brasileiroAnálise: O risco da falta de diesel no mercado brasileiro
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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Lucro de empresas com ações negociadas na bolsa sobe mais de 55%

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Setor de energia elétrica, com 34 empresas, foi o que registrou o maior lucro acumulado no 1º trimestre de 2022, enquanto o de educação, com 6 companhias, foi o único a registrar prejuízo.
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Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 25 de maio de 2022 às 15h00m

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O lucro líquido das empresas que têm ações negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, subiu mais de 55% no 1º trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado. É o que aponta um levantamento divulgado nesta quarta-feira (25) pela Economatica.

De acordo com o levantamento, a soma do lucro líquido das empresas de capital aberto nos três primeiros meses deste ano somou R$ 60,9 bilhões, valor 55,3% maior que o registrado no mesmo trimestre de 2021, que somou R$ 39,2 bilhões.

Foram considerados neste levantamento os resultados financeiros de 324 empresas não financeiras que entregaram seus demonstrativos financeiros à Câmara de Valores Mobiliários (CVM) até 24 de maio deste ano.

Os valores são todos no padrão contábil da CVM, sem nenhum tipo de ajustes extraordinários ou inflação, destacou a Economatica.

Foram desconsiderados no estudo os resultados financeiros das empresas Vale, Petrobras e Suzano, as maiores em valor de mercado no país, porque, segundo a Economatica,elas acabam distorcendo a amostra, dada a discrepância dos lucros que elas têm na comparação com as demais.

A Petrobras, por exemplo, teve lucro recorde de R$ 44,5 bilhões - o maior lucro para os três primeiros meses do ano já divulgado por uma companhia de capital aberto no país - valor que corresponde a 73% da soma do lucro das 324 empresas considerados no levantamento da Economatica.

Setor elétrico tem o maior lucro acumulado

O recorte setorial do levantamento mostrou que o setor de energia elétrica, com 34 empresas, foi o que teve o maior lucro acumulado no 1º trimestre deste ano – R$ 13,7 bilhões, valor 20,2% maior que o apurado no mesmo trimestre de 2021.

Dos 25 setores não financeiros, o de educação, com seis empresas de capital aberto, foi o único que registrou prejuízo no 1º trimestre de 2022, no valor de R$ 43 milhões, valor que corresponde a uma variação negativa de 186% ante o lucro de R$ 50 milhões apurado pelo setor no mesmo período do ano passado.

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sexta-feira, 20 de maio de 2022

Mercedes de 1955 é leiloado por valor recorde para um carro

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Veículo foi vendido por 135 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 702 milhões.
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TOPO
Por France Presse

Postado em 20 de maio de 2022 às 11h15m

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Mercedes de 1955 é leiloado por valor recorde para um carro — Foto: Reprodução/YouTube
Mercedes de 1955 é leiloado por valor recorde para um carro — Foto: Reprodução/YouTube

Um Mercedes de 1955, do qual existem apenas dois exemplares, foi leiloado no começo de maio por 135 milhões de euros (US$ 143 milhões ou o equivalente a mais de R$ 702 milhões), quase triplicando o recorde anterior de venda de um carro, anunciou nesta quinta-feira (20) a RM Sotheby's.

O Mercedes Coupé 300 SLR Uhlenhaut 1955 foi vendido em 5 de maio, em leilão confidencial no Museu Mercedes-Benz de Stuttgart (Alemanha), numa cooperação entre a filial da Sotheby's para veículos de luxo e a montadora alemã.

O recorde anterior era de uma Ferrari 250 GTO de 1962 vendida pela casa de leilões por mais de 48 milhões de dólares (45,4 milhões de euros).

Além disso, o Mercedes "300 SLR está entre os 10 objetos mais caros já vendidos em leilão", comemorou a RM Sotheby's, que divulgou um vídeo sobre o leilão e o carro.

Oliver Barker, presidente da Sotheby's Europa, afirmou que sente "uma emoção absoluta por vender esta obra prima do design e da engenharia, que agora está à altura das maiores obras de arte já vendidas".

De acordo com a classificação feita pela AFP das obras de arte vendidas em leilão nos últimos anos, o recorde absoluto é ostentado pela pintura "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci, arrematada em novembro de 2017 por 450,3 milhões de dólares em um leilão da Christie's.

Depois aparece "Shot Sage Blue Marilyn", o retrato de Andy Warhol da atriz Marilyn Monroe, vendido este mês por US$ 195 milhões também pela Christie's, que se tornou a obra de arte mais cara do século XX vendida em leilões públicos.

À frente do luxuoso veículo estão ainda "Les Femmes d'Alger" do espanhol Pablo Picasso (179,4 milhões de dólares em maio de 2015) e "Nu Deitado" do italiano Amedeo Modigliani (170,4 milhões de dólares em novembro de 2015).

Descrito pela RM Sotheby's como "o carro mais bonito do mundo", o veículo, que pertencia à Mercedes-Benz, foi vendido a um colecionador particular. O dinheiro da venda "servirá para lançar um fundo Mercedes-Benz de bolsas de formação e pesquisa para jovens na área de ciências ambientais e descarbonização", informa o comunicado da RM Sotheby's.

O comprador concordou em exibir o veículo ao público em algumas ocasiões. O outro exemplar continuará sendo propriedade da Mercedes-Benz, que o deixará em exibição em seu museu em Stuttgart.

Mercedes de 1955 Veículo foi vendido por 135 milhões de euros — Foto: Reprodução/YouTube
Mercedes de 1955 Veículo foi vendido por 135 milhões de euros — Foto: Reprodução/YouTube

De acordo com a RM Sotheby's e a imprensa especializada, o Mercedes Coupé 300 SRL foi concebido pelo engenheiro Rudolf Uhlenhaut, inspirado no W196 R Grand Prix, com o qual Juan Manuel Fangio venceu os campeonatos de Fórmula 1 em 1954 e 1955.

A história do modelo 300 SRL foi abalada por um terrível acidente em junho de 1955 nas 24 Horas de Le Mans, que matou o piloto Pierre Levegh e 83 espectadores.

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quarta-feira, 18 de maio de 2022

Brasil perde 2,8 milhões de trabalhadores com carteira em 8 anos; informalidade e conta própria crescem

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Número de brasileiros no regime CLT ou formalizados no serviço doméstico encolheu para menos de 40% dos trabalhadores no setor privado. Número de trabalhadores por conta própria ou sem carteira aumentou em 6,3 milhões.
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Por Darlan Alvarenga e Marta Cavalini

Postado em 18 de maio de 2022 às 13h05m

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Marista Cristina do Santos abriu mão do emprego com carteira assinada de empregada para trabalhar por conta própria como diarista: 'Faço o meu horário e ganho bem mais' — Foto: Fernanda Martinez/g1
Marista Cristina do Santos abriu mão do emprego com carteira assinada de empregada para trabalhar por conta própria como diarista: 'Faço o meu horário e ganho bem mais' — Foto: Fernanda Martinez/g1

O emprego com carteira assinada tem perdido protagonismo e espaço no mercado de trabalho brasileiro. A participação desta modalidade no total da população ocupada no setor privado ficou em 38,1% no 1º trimestre de 2022 e segue bem distante do pico de 43% alcançado em 2014.

Segundo levantamento da LCA Consultores, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do IBGE, o número de trabalhadores com carteira assinada diminuiu em 2,8 milhões entre 2014 e 2022, enquanto que o de trabalhadores por conta própria ou sem registro em carteira aumentou em 6,3 milhões em 8 anos.

Em números absolutos, o contingente atual de trabalhadores com carteira assinada no 1º trimestre de 2022 totalizou 36,3 milhões, contra 39,1 milhões no 1º trimestre de 2014.

O cálculo considera a soma dos trabalhadores do setor privado no regime CLT e domésticos com carteira assinada, sem incluir trabalhadores do setor público, que emprega 11,2 milhões, o correspondente a uma fatia de 11,8% dos ocupados.

Mesmo com o aumento do número de brasileiros com emprego formal nos últimos meses, o percentual dos ocupados com carteira assinada permanece abaixo do patamar pré-pandemia (38,7%). Veja no gráfico abaixo:

"É um movimento de precarização do mercado de trabalho mesmo", resume Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, autor do levantamento.

Em 8 anos, a categoria que mais ganhou participação no mercado de trabalho foi a de trabalhadores por conta própria, que saltou de 22,5% para 26,5% do total de ocupados, seguida pelo emprego sem carteira assinada, que passou de 11,6% para 12,8%. Juntas, as duas modalidades representam 39,3% do total de brasileiros com trabalho, mais do que o contingente com carteira assinada, totalizando 37,5 milhões.

De 2014 a 2022, a população com alguma ocupação no país cresceu 4,1% (3,8 milhões de pessoas a mais). Ou seja, a geração de renda e a expansão do mercado de trabalho têm sido puxada pela informalidade e pelo chamado empreendedorismo de necessidade.

O encolhimento da fatia de brasileiros com carteira assinada reflete não só a sucessão de crises econômicas nos últimos anos, mas também as transformações tecnológicas e estruturais no mercado de trabalho, além da busca por trabalhos mais flexíveis.

Sem carteira por opção para ganhar mais

Maria Cristina dos Santos, de 49 anos, decidiu abrir mão da carteira assinada após mais de 10 anos trabalhando como empregada doméstica, faxineira, cobradora, entre outras ocupações. Desde o final do ano passado, ela passou a atuar como diarista, cobrando R$ 170 por dia de serviço.

"Eu trabalhava numa casa de família e dormia no emprego. Tinha dia que eu começava às sete e esticava até às 9 horas da noite. Como diarista eu mesmo faço o meu horário e ganho bem mais, diz.

Por ora, ela ainda não decidiu se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI). Mas, mesmo sem a cobertura da Previdência Social e outros benefícios da CLT, ela afirma que atuar na informalidade está valendo mais a pena.

"As empresas estão pagando muito pouco. Oferecem 1 salário mínimo e, depois de todos os descontos, você recebe R$ 900. O que dá para um chefe de família fazer com isso?", afirma.

A diarista sonha cursar enfermagem para buscar no futuro um trabalho de melhor remuneração. Mas, por ora, o seu foco é conseguir mais uma casa para fazer faxina, para ter 5 diárias fixas por semana. "Estou procurando, é que está difícil mesmo", diz.

Qualidade das vagas novas de emprego piora no BrasilQualidade das vagas novas de emprego piora no Brasil

'Única solução era inovar'

Letícia Emanuele Nogueira, de 26 anos, ficou cerca de 4 anos em empregos com carteira assinada, mas, quando chegou a pandemia, ela e o marido passaram a fazer parte das estatísticas de desemprego e do empreendedorismo de necessidade.

Sem renda e com dois filhos pequenos, o casal decidiu abrir um negócio na área de TI e design. Os dois uniram suas especialidades e passaram a prestar serviços de formatação e manutenção de computadores, desenvolvimento web e design gráfico.

Letícia Emanuele Nogueira decidiu abriu o próprio negócio após ficar desempregada — Foto: Arquivo pessoal
Letícia Emanuele Nogueira decidiu abriu o próprio negócio após ficar desempregada — Foto: Arquivo pessoal

Vimos que a única solução era inovar para conseguir renda, e foi o que fizemos. Abrimos o nosso próprio negócio, conta.

Leticia lembra que no começo não aparecia nenhum cliente e que até dava saudade dos tempos de salário fixo. Somente após 8 meses é que a empreitada começou a dar frutos. Mas, pesando tudo o que aconteceu, ela acha que a mudança trouxe a oportunidade de dar uma guinada em sua vida profissional.

"Olhando para trás, se não tivesse perdido meu emprego CLT talvez não tivesse essa coragem de trabalhar por conta própria", afirma a empreendedora, que está para concluir a faculdade de pedagogia.

Seus planos são continuar com seu negócio – ela está providenciando a papelada para virar MEI – e prestar concurso público. Voltar para a CLT está fora de cogitação. Mas o futuro é sempre incerto, isso a pandemia me mostrou, pondera.

Renda em queda no país

Os dados do Ministério do Trabalho e da Previdência Social mostram que a maioria das vagas com carteira assinada criadas no país oferecem uma remuneração de até 2 salários mínimos. Em março, o salário médio de admissão foi de R$ 1.872,07.

Já a renda média do trabalhador no Brasil foi de R$ 2.467 em março, 8,7% menor que o de 1 ano antes. Os números do IBGE mostram que os trabalhadores por conta própria formalizados, com CNPJ, possuem uma renda média mensal maior a dos trabalhadores com carteira assinada, perdendo apenas para a dos empregadores e trabalhadores do setor público.

Veja no quadro abaixo:

A perda de protagonismo da carteira assinada tem refletido também transformações do mercado de trabalho não só no Brasil, incluindo maior automação nos processos de produção, flexibilização das relações trabalhistas e a chamada "uberização" (trabalhadores de aplicativos).

"O mundo dele cada vez mais dependente de capital tecnológico, em vez de capital humano, então isso acaba gerando menos vagas formais. Então, a pessoa que está ociosa e precisa buscar alguma fonte de renda, acaba indo para a informalidade", afirma Imaizumi.

A taxa de informalidade medida pelo IBGE atingiu 40,1% da população ocupada no 1º trimestre, se mantendo próxima da máxima histórica de 40,9%, reunindo um total de 38,2 milhões de trabalhadores.

"Sem dúvida, isso traz algumas questões negativas. Há uma maior volatilidade dos rendimentos. O trabalhador deixa de ganhar um salário fixo, e passa a ter uma renda mais flexível ao longo do mês, além de perder benefícios", afirma Daniel Duque, economista do Ibre/FGV, citando o direito a férias remuneradas, 13º salário e o depósito mensal de FGTS (8% do valor do salário).

Taxa de informalidade no Brasil segue alta, e cerca de 1,5 milhão de brasileiros trabalham por meio de aplicativosTaxa de informalidade no Brasil segue alta, e cerca de 1,5 milhão de brasileiros trabalham por meio de aplicativos

'Pejotização'

Os economistas chamam a atenção também para o fenômeno da "pejotização", quando um trabalhador atua como pessoa jurídica, sem vínculo empregatício e pagando menos imposto de renda, muitas vezes recebendo uma renda líquida maior.

"Com alternativas como o MEI e o Simples, muitos trabalhadores acabam preferindo isso [atuar como PJ], apesar de perderem alguns benefícios", afirma Duque.

O pesquisador alerta, porém, para a perda de arrecadação federal com migração da força de trabalho para ocupações informais ou com menor tributação. "Se perdem receitas tributárias, de modo que isso gera um impacto fiscal relevante que não é compensado por mudanças em outros impostos", diz.

O número atual de contribuintes para a Previdência Social entre a população ocupada é estimado em 60,2 milhões pelo IBGE, cerca de 700 mil abaixo da máxima de 61 milhões registrada em 2015.

Para Imaizumi, o que mais preocupa, no entanto, é o desemprego persistente no patamar de dois dígitos e a dificuldade de absorção da mão de obra em idade de trabalhar que continua sem conseguir uma ocupação ou simplesmente deixou de procurar um emprego. São 4,6 milhões que simplesmente desistiram de procurar trabalho, os chamados desalentados.

"A economia já voltou para patamares pré-pandemia, mas temos que lembrar que a população em idade de trabalhar cresceu durante esse tempo. A gente vê que tem muita gente ainda fora do mercado de trabalho. Isso sim é preocupante", afirma.

* Colaborou Fernanda Martinez

4,6 milhões de pessoas desistiram de procurar vaga no mercado de trabalho
4,6 milhões de pessoas desistiram de procurar vaga no mercado de trabalho
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