Total de visualizações de página

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Incerteza da Economia segue sem alta pelo 4º mês seguido, diz FGV

--------===-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------===---------


Economias da fundação explica que a queda no indicador foi motivada "inteiramente" pelo recuo da "dispersão nas previsões de especialistas para variáveis econômicas brasileiras".
--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
TOPO
Por Valor Online

Postado em 31 de janeiro de 2022 às 15h00m

Post. N. =  0.419

O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), ficou praticamente estável em janeiro ao reduzir 0,2 ponto, para 122,1 pontos. Apesar de chegar ao quarto mês seguido sem altas, o indicador ainda se encontra 7,0 pontos acima do nível de fevereiro de 2020 (115,1 pts), último mês antes da chegada da pandemia de covid-19 ao país.

O resultado de janeiro pode ser considerado como uma acomodação do indicador em patamar elevado, contabilizando as incertezas já conhecidas em torno da atividade econômica, do cenário político e da pandemia, agora renovadas com a variante ômicron", afirma Anna Carolina Gouveia, Economista do FGV Ibre, em comentário no relatório.

Segundo a pesquisadora, a ligeira queda do IIE-Br foi motivada inteiramente pela redução da dispersão nas previsões de especialistas para variáveis econômicas brasileiras.

"Caminhando em sentido oposto, o componente de Mídia registrou alta, influenciado por ruídos, como o avanço da nova variante do coronavírus no país e inflação. Para os próximos meses o Indicador de Incerteza deverá permanecer em patamar elevado, dado o cenário econômico e sanitário, aponta.

Os dois componentes do Indicador de Incerteza caminharam em sentidos opostos em janeiro. O componente de Mídia subiu 1,3 ponto, para 118,9 pontos e contribui de forma positiva em 1,1 ponto para o índice agregado. O componente de Expectativas, que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, caiu 6,0 pontos, para 125,8 pontos, acumulando queda de 18,2 pontos em dois meses. Este componente contribui negativamente em 1,3 ponto para a evolução na margem do IIE-Br.

À medida que ao cenário pandêmico vem sendo controlado, seja por mutações mais leves, seja pelo avanço da imunização, o desafio de se prever a evolução das variáveis econômicas vem se tornando um pouco menor. Em dois meses, o componente de Expectativas acumulou queda de quase 20 pontos. Em janeiro, a queda deste componente foi motivada pela menor dispersão das previsões para o IPCA e para o Câmbio, com este último possivelmente refletindo os resultados da sinalização cada vez mais forte de que os EUA deverão entrar numa fase de política monetária mais restritiva nos próximos meses, continua Anna Carolina.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

sábado, 29 de janeiro de 2022

Venda de vinhos no Brasil 'supera' dólar caro e mantém ritmo forte em 2021 mesmo depois de ano recorde

--------===-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------===---------


Queda de apenas 2% é comemorada pelo setor depois de alta histórica de mais de 30% em 2020; vinhos finos foram destaque novamente, mas consumidor sentiu o encarecimento do produto com dólar muito alto e inflação de dois dígitos.
--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Raphael Martins, g1

Postado em 29 de janeiro de 2022 às 08h45m

Post. N. =  0.418

Pequeno Dicionário dos Vinhos — Foto: Porto a Porto
Pequeno Dicionário dos Vinhos — Foto: Porto a Porto

Depois do ano de maior sucesso da história, a venda de vinhos no Brasil registrou uma leve queda de 2% em 2021. Foram 489,4 milhões de litros comercializados no período, segundo dados de Ideal Consulting fornecidos com exclusividade ao g1.

Produtores comemoram a notícia, pois as vendas seguem firmes acima dos patamares pré-pandemia – alta de 27,4% contra 2019. Como o g1 registrou no ano passado, o mercado nacional de vinhos teve expansão considerável desde a chegada do coronavírus ao país.

O fechamento de bares e restaurantes deu tração ao vinho como opção para os momentos de lazer em casa. Resultado disso é que, em 2020, as vendas de vinhos bateram recorde e acumularam alta de 31%, segundo os dados da Ideal. Ao todo, foram 501,1 milhões de litros comercializados naquele ano.

Além das vendas, o consumo de vinho no país também subiu 18% em 2020, de acordo com a medição da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Foram 430 milhões de litros, elevando a média per capita do brasileiro para 2,6 litros de vinho no ano. Os dados de 2021 ainda não foram consolidados.

Já em 2021, na medição da Ideal, o destaque absoluto fica com a venda de vinhos finos brasileiros, que sustentou crescimento e teve nova alta de 23% no ano passado. A notícia é excelente para os produtores, pois os finos são aqueles de maior qualidade, feitos com uvas próprias para a produção da bebida, as vitiviníferas.

Em dois anos, a participação dos vinhos finos brasileiros no mercado dobrou, para 8%. Mas ainda perde por muito para os importados (34%) e para os vinhos de mesa, de menor qualidade e que ocupam a maior fatia do mercado: 58%.

O mercado brasileiro de vinhos em 2021 — Foto: Arte g1
O mercado brasileiro de vinhos em 2021 — Foto: Arte g1

Os nacionais de mesa tiveram redução de 11% nas vendas, o que puxou para baixo o resultado anual. Ao mesmo tempo, a redução do interesse pelo produto é uma notícia relativamente positiva para quem quer elevar o nível do vinho nacional.

Bom resultado também para os espumantes, que tiveram alta de 35%. A observação a ser feita é que eventos e celebrações foram completamente paralisados em 2020, o que havia prejudicado as vendas da categoria. De base de comparação mais baixa, o crescimento percentual foi maior.

Os números da Ideal dão conta da venda de vinícolas para supermercados, lojas e restaurantes, somando importações. Captam, portanto, a formação de estoque e não a venda na ponta.

O desafio do ano passado era sustentar o volume de abastecimento do mercado. Este desafio foi alcançado. Agora, o mercado começa 2022 com estoques elevados e projeções econômicas ainda mais desfavoráveis, diz Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. 
Foi bom, mas podia ser melhor

Os produtores consideram os números positivos porque o cenário de 2021 foi diferente e prejudicou um arranque maior do mercado. A inflação de dois dígitos diminuiu o poder de compra da população e reduziu o acesso a itens mais caros, como o vinho.

Além disso, o dólar ainda em patamares muito altos prejudicou tanto os importadores como a indústria vitivinífera brasileira, que sofreu com encarecimento de insumos trazidos de fora. Muito por causa do câmbio, a venda de importados em 2021 cresceu menos que a de vinhos finos e espumantes nacionais: os vinhos finos tiveram alta de 5%, enquanto os espumantes, de 17%.

Por fim, a pandemia passou a trazer mais impacto na cadeia produtiva de fornecedores, aumentando o custo de produção do vinho em todo o mundo.

Um caso emblemático no Brasil foi a escassez de vidro para produção de garrafas, mas houve também quebra de safra de uvas no exterior e aumento dos custos de logística, com preço mais alto do petróleo e de frete por contêineres.

Falta de garrafa causa impacto na produção de vinho nacional, que vive seu melhor momento
Falta de garrafa causa impacto na produção de vinho nacional, que vive seu melhor momento

Mercado quente

Mesmo com grandes desafios na equação de crescimento do mercado de vinhos no país, os números recentes encheram os olhos de grandes empresas do setor, que se mexeram para aproveitar o bom momento.

Duas manobras chamam atenção.

Em outubro, a Evino fechou a compra integral da Grand Cru. Trata-se da união entre o maior e-commerce de vinhos da América Latina e uma das principais importadoras de rótulos mais refinados, que possui 127 lojas físicas – das quais 35 foram abertas no último ano.

Os valores do negócio não foram divulgados. As marcas seguem apartadas, mas formam uma holding em que o faturamento estimado para 2021 chega à casa dos R$ 800 milhões – um crescimento conjunto de 26%.

"A junção permite tratar do cliente iniciante ao avançado, do portfólio de entrada ao refinado, com competências que vão do digital ao físico. Ainda assim, temos uma fatia pequena de um mercado que está em crescimento", diz Alexandre Bratt, CEO da holding.

Ari Gorenstein, Marcos Leal e Alexandre Bratt anunciaram a nova configuração da holding entre Evino e Grand Cru neste mês — Foto: Jussara Martins/Divulgação
Ari Gorenstein, Marcos Leal e Alexandre Bratt anunciaram a nova configuração da holding entre Evino e Grand Cru neste mês — Foto: Jussara Martins/Divulgação

O executivo conta ainda que, além do trabalho de unificação de operação e cultura empresarial, a nova holding trabalha na convergência dos bancos de dados para criar modelos de venda mais sofisticados e aprimorar entregas. A projeção de crescimento no faturamento é de 28% em 2022.

Por óbvio, a concorrência não estava parada. A Wine anunciou, em maio, a compra da importadora Cantu, por R$ 180 milhões. A operação serve para ampliar a gama de vinhos estrangeiros da empresa, fazer crescer volume e portfólio, além de tirar vantagem da expertise da Cantu no atendimento aos outros canais de venda.

"A união nos fez crescer 30% em importações no ano. Isso é fundamental para nos dar escala, pois é o melhor jeito de manter o custo benefício", diz Marcelo D'Arienzo, CEO da Wine.

Para o empresário, a "base da pirâmide" – ou seja, os novos bebedores de vinho – são fundamentais para o resultado que o mercado atingiu nos últimos anos, mas são justamente os mais sensíveis a reajuste de preço em ambiente de inflação e dólar altos.

"Conforme se avança na gama de preço há uma flexibilidade maior, porque é possível substituir. Por isso é muito importante focar nas faixas mais baratas, isso define quem vai tomar ou deixar de tomar o vinho fino", afirma.

Em expansão, a empresa também estuda uma oferta pública inicial de ações na bolsa de valores. De janeiro a setembro do ano passado, a receita líquida da empresa cresceu 58% contra o mesmo período de 2020. A captação de recursos serviria para ampliar tecnologia, aquisição de empresas que a auxiliem no negócio, investimento em marketing e abertura de lojas físicas.

Foram duas tentativas de se lançar na bolsa, mas a empresa recuou – os gestores esperam um momento mais positivo do mercado acionário. Não custa lembrar: a perspectiva de crescimento lento, a inflação, as crises fiscal e política do país fizeram o Ibovespa cair 12% no ano passado.

Centro de distribuição da Wine, em Vitória (ES) — Foto: Divulgação
Centro de distribuição da Wine, em Vitória (ES) — Foto: Divulgação

A safra das safras

Além da avalanche de pedidos, o ano de 2020 foi revolucionário para o mercado de vinhos com o que os enólogos brasileiros chamaram de "safra das safras". Em suma, os vinhos finos do país ganharam popularidade, enquanto as vinícolas trabalhavam em rótulos ainda melhores para despejar nas prateleiras em 2021.

Alexandre Miolo, diretor comercial da vinícola Miolo, estima que a empresa tenha fechado o ano passado com crescimento da ordem de 30%, mesmo depois do melhor ano da história, quando o faturamento havia subido 60%.

"A pandemia foi um despertar para o vinho brasileiro, e todo o mercado – das vinícolas grandes às pequenas – investiu muito em ajudar o consumidor a se iniciar nesse mundo", afirma.

Miolo conta ainda que o dólar, uma das maiores dores da indústria, trouxe complicações nas renegociações com fornecedores e obrigou alguns reajustes de preço, mas também permitiu que o vinho brasileiro se destacasse no momento de escolha contra um importado.

"Ficou a percepção que um vinho importado de R$ 50 e um brasileiro de R$ 50 podem bater de frente. A Miolo fez muito movimento de portfólio e criou novas linhas para continuar com preço competitivo", diz o empresário.

Dicas para iniciantes em vinho: veja como escolher a bebidaDicas para iniciantes em vinho: veja como escolher a bebida

Novos negócios

A popularização do vinho criou ambiente fértil também para o surgimento de novos empreendedores, em um circuito que tradicionalmente era dominado pelas famílias tradicionais do vinho e grandes empresas.

Ex-funcionário de vinícolas no Rio Grande do Sul e consultor de negócios, Diego Bertolini uniu suas experiências prévias para abrir, ainda em 2020, uma "escola" focada em pequenos empreendedores que gostariam de se aventurar no setor.

Desde a fundação, em abril daquele ano, a Educa Vinhos formou 1.700 alunos em quase todos os setores da cadeia de produção: plantação de vinhedos, comércio físico e digital, além de projetos de tecnologia com foco no vinho.

No pacote ao custo de R$ 3,5 mil estão aulas ao vivo, outras gravadas, atividades de networking que conectam possíveis fornecedores com comerciantes e tutoria para novos negócios. A empresa deve desenvolver neste ano cursos para qualificar bares e restaurantes que pretendem inserir o vinho na carta de opções ao cliente.

"A ideia é aumentar a cultura do vinho por todas as frentes. Hoje, o concorrente do vinho brasileiro é a cerveja", diz Bertolini.

Lilian e André Junqueira, sócios da AmeVino — Foto: Arte g1/Divulgação
Lilian e André Junqueira, sócios da AmeVino — Foto: Arte g1/Divulgação

Do Educa Vinhos saíram projetos como a AmeVino, que começou como um pequeno e-commerce e deu um passo adiante ao desenvolver um rótulo próprio, chamado Aviatore. A inspiração vem dos próprios sócios, André e Lilian Junqueira, que são piloto e comissária de bordo.

A vontade de trabalhar com vinho era antiga, mas a empresa começou a tomar forma em meados de 2020, quando o setor de aviação foi paralisado pela pandemia. Hoje, o casal concilia os dois trabalhos.

"A galera da aviação é muito identificada com o que faz e nós juntamos duas paixões. Aviador gosta de vinho, tem poder aquisitivo e acaba consumindo muito", diz Lilian.

Ao estilo "item de colecionador", as garrafas do Aviatore são numeradas e a produção foi limitada a 300 unidades. Os primeiros exemplares do "blend" (jargão para a mistura de uvas do vinho) de petit verdot, merlot e cabernet sauvignon, plantadas no Rio Grande do Sul, foram vendidas por R$ 249, mas agora custam R$ 299.

"Nosso foco inicial era o e-commerce, mas estamos de olho no mercado e encontramos um diferencial nesse nicho. Devemos ter três novos rótulos ainda este ano", afirma André.

 ------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Desemprego cai para 11,6% em novembro, mas rendimento real é o menor da série do IBGE

--------===-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------===---------


É a menor taxa de desemprego desde o trimestre encerrado em janeiro de 2020, quando ficou em 11,4%.
--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Laura Naime, g1

Postado em 28 de janeiro de 2022 às 11h00m

Post. N. =  0.417

A taxa de desemprego no Brasil recuou para11,6% no trimestre encerrado em novembro, mas a falta de trabalho ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros, informou nesta sexta-feira (28) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se da menor taxa de desemprego desde o trimestre encerrado em janeiro de 2020 (11,4%).

Apesar da queda do desemprego, o rendimento real habitual caiu 4,5% frente ao trimestre anterior, para R$ 2.444 – o menor rendimento da série histórica iniciada em 2012.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em outubro, a taxa de desemprego estava em 12,1%, atingindo 12,9 milhões de pessoas.

Principais destaques da pesquisa

  • Taxa de desemprego recuou para 11,6%
  • Número de desempregados caiu para 12,4 milhões
  • Rendimento médio real habitual caiu 4,5%, para R$ 2.444, menor taxa da série do IBGE
  • População ocupada cresceu para 94,9 milhões de pessoas
  • Percentual de desalentados recuou para 4,4%
  • Taxa de informalidade ficou estável em 4,6%
  • Comércio puxou recuperação do trabalho no trimestre
  • Proporcionalmente, emprego cresceu mais entre os sem carteira
Ocupação mostra recuperação

A população ocupada cresceu 3,5% frente aos três meses anteriores, para 94,9 milhões de pessoas. Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, a alta foi de 9,7%. Com o crescimento, o nível de ocupação chegou a 55,1%.

"Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação que podemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações", explica em nota a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Na outra ponta, a população desocupada diminuiu 10,6% (menos 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre terminado em agosto, para 12,4 milhões de pessoas. Frente ao mesmo trimestre de 2020, são 2,1 milhões de desocupados a menos.

Evolução do número de desempregados - novembro/21 — Foto: Economia g1
Evolução do número de desempregados - novembro/21 — Foto: Economia g1

Emprego cresce mais entre os sem carteira e informalidade fica estável

O recorte por posição na ocupação mostra a fragilidade da recuperação do emprego no paísO número de empregados sem carteira assinada no setor privado cresceu 7,4% na comparação com o trimestre anterior, para 12,2 milhões de pessoas. Já entre os com carteira, a alta foi proporcionalmente menor, de 4%, para 34,2 milhões – embora, em números absolutos, a expansão tenha sido maior.

Houve alta ainda de 2,3% entre os trabalhadores por conta própria, de 2,3% frente ao trimestre anterior,, para 25,8 milhões de pessoas, e entre os trabalhadores domésticos, de 6%, para 5,6 milhões.

Por posição na ocupação — Foto: Economia g1
Por posição na ocupação — Foto: Economia g1

Com a variação, a taxa de informalidade ficou estável em 40,6%.

"Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal", explica Adriana Beringuy. "Então, embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no país”. 
Rendimento tem menor valor da série

A massa de rendimento real habitual (a soma dos rendimentos recebidos por todos os ocupados) ficou estável no trimestre encerrado em novembro, em R$ 227 bilhões.

Com o aumento no número de ocupados, o dado aponta que os trabalhadores estão recebendo menos do que um trimestre antes. De fato, o rendimento real habitual caiu 4,5% frente ao trimestre anterior para R$ 2.444 – o menor da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Frente ao mesmo trimestre de 2020, a queda é de 11,4%.

Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores, explica Adriana.


Comércio puxou melhora do mercado de trabalho

Segundo o IBGE a maior parte da expansão da ocupação na comparação com o trimestre anterior veio do comércio, com aumento de 4,1%, ou 719 mil pessoas a mais trabalhando no setor.

Já a indústria teve crescimento de 3,7%, um acréscimo de 439 mil pessoas a esse grupamento de atividade. O segmento de alojamento e alimentação, um dos mais prejudicados desde o início da pandemia de Covid-19, teve seu contingente de trabalhadores aumentado em 9,3%. São 438 mil empregados a mais.

Segmento de atividade - novembro/21 — Foto: Economia g1
Segmento de atividade - novembro/21 — Foto: Economia g1

Faltam oportunidades para 29,1 milhões

O levantamento do IBGE mostrou ainda que faltavam oportunidades no mercado para cerca de 29,1 milhões de trabalhadores. Este contingente forma o que o instituto classifica como trabalhadores subutilizados. Há 1 ano, porém, a mão de obra "desperdiçadasomava 32,7milhões.

A taxa composta de subutilização caiu para 25%, ante 27,2% no trimestre anterior e 29,1% no mesmo trimestre do ano passado.

Entre os destaques positivos, houve queda de 2% na população fora da força de trabalho na comparação com o último trimestre e redução de 6,7% no comparativo interanual. O total de pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas somaram 64,8 milhões de pessoas.

Houve queda também na população desalentada – aquela que por algum motivo desistiu de procurar trabalho. Esse grupo foi estimado pelo IBGE em 4,9 milhões de pessoas, uma queda de 6,8% frente ao trimestre anterior, e de 14,4% ante igual período de 2020.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Embraer fecha acordo para venda de até 50 aeronaves em negócio de US$ 3,9 bilhões

--------===-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------===---------


Negócio com a empresa americana Azorra prevê a venda de 20 aeronaves da família E2, além de mais 30 direitos de compra.
--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por g1 Vale do Paraíba e Região

Postado em 24 de janeiro de 2022 às 12h15m

Post. N. =  0.416

Empresa atua como locadora de aeronaves com sede na Flórida — Foto: Divulgação
Empresa atua como locadora de aeronaves com sede na Flórida — Foto: Divulgação

A Embraer anunciou acordo com a Azorra, empresa de leasing norte-americana, para venda de até 50 aeronaves em um negócio avaliado em US$ 3,9 bilhões.

O acordo foi divulgado pela Embraer nesta segunda-feira (24) e prevê a venda de 20 aeronaves da família E2, além de mais 30 direitos de compra.

As entregas terão início em 2023 e o negócio permite que a Azorra adquira aeronaves E190-E2 ou E195-E2.

A Azorra é uma locadora de aeronaves norte-americana que desde 2007 tem em sua carteira aviões da empresa brasileira.

 ------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

domingo, 23 de janeiro de 2022

Brasil empobrece em 10 anos e tem mais da metade dos domicílios nas classes D e E

--------===-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------===---------


Levantamento da consultoria Tendências mostra que 37,7 milhões de domicílios compõem a base social do país neste ano, com uma renda mensal de até R$ 2,8 mil.
--------+++-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------+++---------
Por Luiz Guilherme Gerbelli, g1

Postado em 23 de janeiro de 2022 às 11h25m

Post. N. =  0.415

O Brasil ficou mais pobre em dez anos. Entre 2012 e 2022, a fatia de domicílios brasileiros que integra as classes D e E aumentou de 48,7% para 51%, mostra um levantamento realizado pela consultoria Tendências.

Em números absolutos, são 37,7 milhões de domicílios compondo a base social neste ano.

O país não tem um critério único para classificar as classes de renda. Pelo levantamento da Tendências, as classes D e E são compostas pelos domicílios com renda mensal de até R$ 2,8 mil.

Nesse levantamento de 10 anos, a piora da mobilidade social mostra um importante revés para o Brasil. Desde o início dos anos 2000 até meados da década passada, o país viu o fortalecimento da classe C e parecia, enfim, se consolidar como uma economia de classe média – em 2004, 64% dos domicílios integravam as classes D e E, enquanto 22,4% pertenciam ao grupo da classe C.

Mas a recessão observada entre 2014 e 2016 e os efeitos econômicos detonados pela pandemia de coronavírus interromperam esse processo.

"A crise do biênio 2015 e 2016 provocou efeitos negativos na mobilidade social. Houve a ampliação das classes D e E e o enxugamento da classe média", afirma Lucas Assis, economista da Tendências. "O quadro já não era tão favorável, e a pandemia ampliou ainda mais as desigualdades."

  • LEIA TAMBÉM:
  • Fome, desemprego, alta dos preços: os retratos da economia de 2021 na vida real
  • Brasil tem recorde de 30 milhões de pessoas recebendo até um salário mínimo
  • Famílias mais pobres usam reserva financeira para pagar contas e dívidas; ricos querem viajar
  • Brasileiros empobrecidos: PIB per capita deve fechar o ano ainda 7,5% abaixo do pico de 2013
Mobilidade social — Foto: Economia g1
Mobilidade social — Foto: Economia g1

Em 2021, com o agravamento da crise sanitária, a fatia de domicílios nas classes D e E chegou a 51,6%. A ligeira melhora que será observada neste ano será fruto de um mercado de trabalho um pouco mais favorável.

Fome, desemprego, alta dos preços: os retratos da economia de 2021 na vida realFome, desemprego, alta dos preços: os retratos da economia de 2021 na vida real

Vida já foi melhor

No melhor momento, o casal Steffany Aparecida Neves Prado, de 30 anos, e Juliano Prado Silva, de 31, chegou a ter uma renda conjunta mensal superior a R$ 3 mil. Ele trabalhava com o pai, como auxiliar de marceneiro, e ela era vendedora numa loja de roupas.

Hoje, o cenário é completamente diferente. Desempregados, os dois vivem de bicos. Juntos, conseguem uma renda mensal de R$ 400. "Quando aparece um bico, a gente vai correndo", diz Steffany, que hoje faz faxina num consultório odontológico.

"Eu posso falar que a nossa vida já esteve melhor, bem melhor. A gente já teve carro e tudo dentro de casa. Hoje, estamos sem geladeira. Vivemos de doação de cesta básica", afirma.

Steffany Aparecida Neves Prado, de 30 anos, o marido e os seis filhos. Renda mensal da família é de R$ 400  — Foto: Steffany Aparecida Neves Prado/Acervo pessoal
Steffany Aparecida Neves Prado, de 30 anos, o marido e os seis filhos. Renda mensal da família é de R$ 400 — Foto: Steffany Aparecida Neves Prado/Acervo pessoal

Os dois moram na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, e são pais de três casais de gêmeos. Por dia, gastam um quilo de arroz e um quilo de feijão para alimentar toda a família.

"O dinheiro do bico vai para comprar arroz, feijão, mistura, essas coisas baratas. Faz tempo que não entra carne dentro de casa. Se for comprar um quilo de carne, vou deixar R$ 100 no mercado", diz ela.

Com uma renda baixa, a família de Steffany vai acumulando dívidas – o atraso na conta de luz já soma cerca de R$ 9 mil. "Não pago aluguel porque moro na casa da minha sogra e não tenho como pagar outras contas. A internet também está cortada."

Sem renda fixa

Na Brasilândia, zona norte de São Paulo, a cabelereira Janaina Alves de Sousa, de 32 anos, também sentiu uma piora na qualidade de vida nos últimos anos. Sem conseguir um emprego formal há três anos, vive do seu trabalho como trancista e, num bom mês, consegue uma renda de R$ 700.

Janaina Alves de Sousa, de 32 anos, é cabelereira  — Foto: Acervo pessoal
Janaina Alves de Sousa, de 32 anos, é cabelereira — Foto: Acervo pessoal

"Eu não tenho um valor fixo do meu trabalho. Depende muito da procura das clientes. Tem mês que eu consigo fazer dois, três cabelos. Tem mês que eu só faço um", diz Janaina, que tem um filho de 10 anos e mora de aluguel.

No fim de janeiro, ela deve ter um alívio no orçamento ao receber a parcela do Auxílio Brasil.

"Quando eu tenho um bom mês no trabalho, consigo pagar o meu aluguel e as contas de água e luz", afirma Janaina. "Em janeiro, já paguei tudo. Agora, vem fevereiro e estou juntando dinheiro para pagar as contas do próximo mês."

Antes de atuar como cabelereira, Janaina trabalhou com carteira assinada e chegou a ganhar um salário líquido de R$ 1,1 mil, além dos benefícios. Com a queda na renda, precisou parar a faculdade de pedagogia porque não conseguiu mais pagar as parcelas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

"Sem o Fies, eu não consigo voltar para a faculdade. Eu fui tentar fazer uma negociação, mas só querem o valor à vista." 
O que explica a fragilidade

Uma combinação de fatores leva a população mais pobre a sofrer com as sucessivas crises econômicas.

  • A informalidade é muito mais comum nas classes D e E e, portanto, elas têm uma renda bastante volátil. Na pandemia, os informais foram um dos grupos mais afetados com o fechamento de serviços e comércios para evitar a propagação da doença e, consequentemente, não colapsar os hospitais.

"Em períodos de crise, essas famílias têm dificuldade em gerar renda, o que foi amplificado nos momentos de lockdowns. A renda dessas classes é uma renda da rua, de quem trabalha como conta própria", afirma Maurício Prado, diretor da consultoria Plano CDE.

  • As famílias mais pobres moram em áreas muito periféricas das cidades. Dessa forma, surgem entraves diários para essa população ter acesso à renda e ao trabalho, problemas que também foram amplificados durante a crise sanitária.
  • Os domicílios das classes D e E costumam ser compostos por muitos integrantes, sendo apenas uma pessoa a responsável por trazer alguma renda.

"Uma grande parcela dessa população é composta por famílias com vários moradores na casa e poucos geradores de renda, ainda mais em famílias com filhos pequenos e monoparentais – mora a mãe com os filhos pequenos, por exemplo", diz Prado.

"A pobreza é multidimensional. Tem várias dimensões: além da falta uma renda, envolve habitação precária, problema de saúde, a escolaridade baixa", acrescenta.

30,2 milhões de trabalhadores brasileiros sobrevivem com até um salário mínimo30,2 milhões de trabalhadores brasileiros sobrevivem com até um salário mínimo

E como fica a situação?

Uma melhora do quadro da desigualdade do Brasil não deve ocorrer tão cedo, segundo a avaliação dos especialistas.

Nos próximos anos, a expectativa é que a economia brasileira colha um baixo crescimento econômico, dificultando um fortalecimento do mercado de trabalho e, consequentemente, da mobilidade social.

Em 2022, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, estimam uma alta de apenas 0,29% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, a economia brasileira deve crescer 1,75% e, nos dois anos seguintes, avançar 2%.

"O Brasil vai encarar nos próximos anos um crescimento do PIB de 2%, 2,5%, o que dificulta a mobilidade social", afirma Assis.

No cenário de longo prazo traçado pela consultoria, o Brasil vai chegar com 45,6% dos domicílios nas classes D e E em 2031.

 ------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----