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domingo, 31 de outubro de 2021

Open banking: integração ao PIX começa nesta sexta-feira; entenda como vai funcionar

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Agregação de plataformas vai representar uma alternativa ao cartão de crédito e deve aumentar a concorrência entre as instituições financeiras e varejistas.
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Por g1

Postado em 31 de outubro de 2021 às 10h35m

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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Bovespa recua nesta sexta e acumula queda de 6,74% em outubro

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Ibovespa caiu 2,09%, a 103.501 pontos - menor patamar desde 12 de novembro de 2020.
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Por g1

Postado em 29 de outubro de 2021 às 10h25m

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 Imagem ilustrativa sobre a alta do dólar e o mercado de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).  — Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem ilustrativa sobre a alta do dólar e o mercado de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). — Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em queda pelo 3º dia seguido nesta sexta-feira (29), com os investidores monitorando o debate sobre os riscos fiscais no país e repercutindo balanços corporativos de empresas como Petrobras e Vale.

O Ibovespa recuou 2,09%, a 103.501 pontos - menor patamar desde 12 de novembro de 2020 (102.507 pontos). Veja mais cotações Com o resultado, a bolsa acumulou queda de 6,74% no mês.

Na semana, o tombo foi de 2,63%. No ano, a perda já é de 13,04%.

Marcos Mendes: ‘Pressão política por gastos azeda todas as expectativas de crescimento econômico’

Marcos Mendes: ‘Pressão política por gastos azeda todas as expectativas de crescimento econômico’

Cenário

Na cena doméstica, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), formado pelo governo e representantes dos estados, aprovou nesta sexta-feira o congelamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual cobrado nas vendas de combustíveis, por 90 dias. O anúncio acontece em meio à forte alta dos combustíveis, provocada pelo aumento do petróleo no mercado internacional e pela disparada do dólar - fatores levados em conta pela Petrobras para calcular o preço do nas refinarias.

Mesmo com o maior aperto monetário promovido pelo Banco Central, a alta adotada para a taxa Selic foi vista por parte dos mercados como insuficiente diante dos persistentes riscos fiscais e inflacionários do Brasil, principalmente diante de ameaças concretas ao teto de gastos em meio à pressão do governo por um Auxílio Brasil de R$ 400 e a surpresas para cima em indicadores recentes de inflação.

Na noite de quarta-feira, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros da economia de 6,25% para 7,75% ao ano, o maior patamar em quatro anos.

Na avaliação de economistas ouvidos pelo g1, o combate à inflação ficou mais difícil porque o BC não tem tido companhia nessa briga. O que falta, dizem, é uma sinalização do comprometimento do governo Jair Bolsonaro com a responsabilidade fiscal. Isso porque o controle das contas públicas gera um efeito em cascata: melhora a credibilidade do país, atraindo mais investidores estrangeiros; isso se reflete no câmbio, o que ajuda a manter a inflação sob controle. Veja no vídeo abaixo:

Os impactos do novo aumento da taxa de juros e sua relação com o teto de gastos
Os impactos do novo aumento da taxa de juros e sua relação com o teto de gastos

Uma bateria de resultados corporativos também repercutiu na bolsa paulista, que outra vez acompanhou Wall Street, onde a tônica foram os resultados de empresas como Apple e Amazon pressionando negativamente após seus respectivos balanços.

Ainda assim, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam no azul, tocando máximas históricas no intradia, embalados pelo desempenho da Microsoft. O S&P 500 subiu 0,19% e o Nasdaq avançou 0,33%. No mês, acumularam ganhos de 6,91% e 7,27%, respectivamente.

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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

IGP-M: inflação do aluguel sobe 0,64% em outubro e acumula avanço de 21,73% em 12 meses

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Diesel foi destaque de alta entre os preços ao produtor. No ano, IGP-M acumula taxa de 16,74%, bem acima da inflação oficial do país medida pelo IPCA.
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Por Darlan Alvarenga, g1

Postado em 28 de outubro de 2021 às 13h00m

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O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) ficou em 0,64% em outubro, após ter registrado deflação de 0,64% em setembro, informou nesta quinta-feira (28) a Fundação Getulio Vargas.

Com o resultado, a "inflação do aluguel" passou a acumular alta de 16,74% no ano e de 21,73% em 12 meses, o que representa uma desaceleração frente a setembro, quando acumulou taxa de 24,86% em 12 meses.

O resultado de outubro ficou acima da mediana das estimativas de 24 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de alta de 0,33%.

Variação mensal do IGP-M — Foto: Economia G1
Variação mensal do IGP-M — Foto: Economia G1

A queda menos intensa registrada no preço do minério de ferro (-21,74% para -8,47%) e o aumento do preço do Diesel (zero para 6,61%), que neste caso, ainda não levou em conta o reajuste anunciado no dia 25/10, contribuíram para a aceleração da taxa do IGP-M, afirmou André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.

Na segunda-feira (25), a Petrobras anunciou um novo reajuste, de 9,15% no diesel e de 7,04% na gasolina.

O IGP-M é conhecido como 'inflação do aluguel' por servir de parâmetro para o reajuste de diversos contratos, como os de locação de imóveis. Além da variação dos preços ao consumidor, o índice também acompanha o custo de produtos primários, matérias-primas, preços no atacado e dos insumos da construção civil.

Desde 2020, o índice tem subido bem acima da inflação oficial do país, medida pelo IPCA. O IBGE divulgou nesta semana que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, acelerou a alta para 1,20% em outubro, atingindo um avanço de 10,34% em 12 meses.

Veja no vídeo abaixo dicas de como negociar o aluguel:

Com índices de reajuste em alta, especialistas recomendam negociar aluguel
Com índices de reajuste em alta, especialistas recomendam negociar aluguel

Composição do IGP-M em outubro

  • O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que possui peso de 60% na composição do IGP-M, subiu 0,53% em outubro, após queda de 1,21% em setembro, com destaque para o grupo Bens Intermediários que teve alta de 2,65% ante avanço de 1,66% no mês anterior. O principal vilão foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cujo percentual passou de 0,02% para 5,29%.
  • O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, variou 1,05% em outubro, ante 1,19% em setembro. A principal pressão partiu do grupo Habitação (2,00% para 1,04%), com destaque para as altas nos preços da tarifa de eletricidade residencial (2,90%), passagem aérea (22,84%) e tomate (22,93%).
  • O Índice de Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, subiu 0,80% em outubro, ante 0,56% em setembro.
Principais pressões de alta e de baixa no IGP-M de outubro — Foto: Divulgação/FGV
Principais pressões de alta e de baixa no IGP-M de outubro — Foto: Divulgação/FGV


Os impactos do novo aumento da taxa de juros e sua relação com o teto de gastos
Os impactos do novo aumento da taxa de juros e sua relação com o teto de gastos

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Desemprego cai para 13,2% em agosto, mas ainda atinge 13,7 milhões, aponta IBGE

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Ocupação cresce no país, mas renda do trabalho encolhe. Rendimento médio real cai 10,2% em 1 ano, a maior queda da série histórica, iniciada em 2012.
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Por Darlan Alvarenga e Laura Naime, g1

Postado em 27 de outubro de 2021 às 15h00m

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Desemprego fica em 13,2% em agosto, mas ainda atinge 13,7 milhões, aponta IBGE
Desemprego fica em 13,2% em agosto, mas ainda atinge 13,7 milhões, aponta IBGE

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, mas a falta de trabalho ainda atinge 13,7 milhões de brasileiros, informou nesta quarta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a taxa mais baixa desde o trimestre encerrado em maio de 2020 (12,9%).

Apesar da queda do desemprego, a informalidade cresceu e o rendimento real dos brasileiros teve uma queda histórica.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego estava em 13,7%, atingindo 14,1 milhões de pessoas.

Taxa de desemprego - agosto/21 — Foto: Economia g1
Taxa de desemprego - agosto/21 — Foto: Economia g1

O desemprego recuou mais do que o esperado. A previsão mediana de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data era de uma taxa de desemprego de 13,5% no trimestre terminado em agosto. O intervalo das estimativas era de 13,2% a 14%.

Evolução do número de desempregados - agosto/21 — Foto: Economia g1
Evolução do número de desempregados - agosto/21 — Foto: Economia g1

Ocupação cresce, mas rendimento médio tem queda histórica

O número de pessoas ocupadas foi estimado em 90,2 milhões, o que representa um aumento de 4% em relação ao trimestre móvel anterior. Ou seja, um adicional de 3,4 milhões.

"O nível de ocupação subiu 2 pontos percentuais para 50,9%, o que indica que mais da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. Em um ano, o contingente de ocupados avançou em 8,5 milhões de pessoas", destacou o IBGE.

O rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.489 no trimestre encerrado em agosto – o que corresponde a uma redução de 4,3% em 3 meses e de 10,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Esse resultado sinaliza uma corrosão da renda proveniente no trabalho em um ambiente de inflação nas alturas.

Segundo o IBGE, "foram as maiores quedas percentuais da série histórica", iniciada em 2012, em ambas as comparações.

A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, recuou 0,7% na comparação anual, atingindo R$ 219,2 bilhões, o que corresponde a R$1,5 bilhão a menos no bolso da população ocupada.

A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menores. A ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda, afirmou Adriana Beringuy.

Segundo o IBGE, frente ao mesmo trimestre de 2020, as maiores reduções no rendimento médio ocorreram em ocupações na indústria (-13,8%, ou menos R$ 396), no segmento de alojamento e alimentação (11,6%, ou menos R$ 196), no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-9,6%, ou menos R$ 207) e na construção (-9,2%, ou menos R$ 187).


Conta própria e trabalho doméstico atingem recordes

O aumento da ocupação no país tem sido puxado pelo principalmente pela expansão do trabalho por conta própria e do emprego sem carteira assinada.

O trabalho por conta própria atingiu novamente patamar recorde, somando 25,4 milhões de pessoas, com aumento 4,3% (mais 1 milhão de pessoas) em 3 meses. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o contingente avançou 3,9 milhões, alta de 18,1%.

O número de trabalhadores domésticos (faxineiras, passadeiras, jardineiros, etc.) aumentou 9,9% no trimestre, somando 5,5 milhões pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, cresceu 21,2%, um adicional de 965 mil pessoas. As expansões trimestral e anual foram as maiores em toda em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos.

O número de empregados sem carteira cresceu 10,1% na comparação com o trimestre móvel anterior e 23,3% na comparação anual, somando 10,8 milhões.

Já o número de trabalhadores com carteira assinada aumentou em 1,1 milhão (4,2%) em 3 meses e em 1,9 milhão (6,8%) em 1 ano, totalizando 31 milhões de pessoas.

Trabalho por conta própria - agosto/21 — Foto: Economia g1
Trabalho por conta própria - agosto/21 — Foto: Economia g1

Número de informais segue abaixo do patamar pré-pandemia

Com o avanço do trabalho por conta própria sem CNPJ e do emprego sem carteira assinada, a taxa de informalidade passou de 40% no trimestre encerrado em maio para 41,1%, no trimestre encerrado em agosto, totalizando 37 milhões de pessoas.

O trabalho informal inclui trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores familiares auxiliares.

"Em um ano a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais, destacou a pesquisadora do IBGE, acrescentando, entretanto, que o número de trabalhadores informais ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia e do máximo registrado no trimestre fechado em outubro de 2019, quando chegou a 38,8 milhões.

Subutilização recua, mas subocupação atinge recorde

A mão de obra desperdiçadano país encolheu. O contingente de pessoas subutilizadas, aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, somou 31,1 milhões, queda de 5,5% em relação ao trimestre anterior.

A taxa composta de subutilização para 27,4%, ante 30,6% há 1 ano.

Já os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, aqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar, atingiu o número recorde de 7,7 milhões de pessoas, um aumento de 4,7% (mais 343 mil pessoas). Na comparação anual, o indicador subiu 29,2% (1,7 milhão).

Os desalentados – pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado – somaram 5,3 milhões, uma redução de 6,4% em relação ao trimestre encerrado em maio e de 8,7% em 1 ano.

6 das 10 atividades econômicas geram empregos

O crescimento da ocupação no trimestre até agosto avançou em 6 dos 10 agrupamentos de atividades econômicas, com destaque para o aumento de 1,2 milhão de trabalhadores no segmento de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,8%), de 578 mil na indústria geral (5,3%) e de 620 mil pessoas na construção (10%).

Moradores de comunidades enfrentam desafios para conseguir emprego
Moradores de comunidades enfrentam desafios para conseguir emprego

Perspectivas

Apesar do mercado de trabalho continuar estar em trajetória de recuperação, indicadores econômicos têm mostrado uma perda de fôlego da economia nos últimos meses.

A expectativa atual do mercado financeiro para o PIB é de uma alta de 4,97% em 2021, após o tombo de 4,1% no ano passado. Para 2022, porém, as projeções têm piorado e parte dos analistas já prevê um quadro de estagflação e até de recessão.

A piora das expectativas ocorre em meio ao aumento das incertezas fiscais após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto na semana passada "furar" o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior) para bancar o Auxílio Brasil em 2022, ano de eleição presidencial.

O mercado financeiro também passou a projetar uma aceleração no ritmo de alta da taxa básica de juros. A expectativa é que a Selic termine 2021 em 8,75%, podendo chegar a dois dígitos em 2022. Juros em alta encarecem o investimento para as empresas e o consumo para as famílias, dificultando o crescimento econômico e a geração de um número maior de empregos.

"A desaceleração (acentuada) da atividade econômica esperada para o decorrer de 2022 impedirá um recuo mais expressivo da taxa de desemprego", avaliou em nota a equipe e analistas da XP, que projeta que a taxa de desemprego encerrará 2021 a 12,6%, recuando para 12,2% no final de 2022.

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terça-feira, 26 de outubro de 2021

BC deve acelerar ritmo e elevar juros nesta quarta ao maior nível em quatro anos, prevê mercado

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Decisão do governo de flexibilizar o teto de gastos gerou reação negativa e deve motivar aceleração do ritmo de alta dos juros. Analistas já vislumbram estagflação no próximo ano.
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Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

Postado em 26 de outubro de 2021 às 00h35m

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve acelerar o ritmo de alta dos juros nesta quarta-feira, segundo estimativa do mercado financeiro. A decisão será anunciada após as 18h.

Risco fiscal se materializou, e BC deve aumentar ainda mais a taxa de juros, diz economista
Risco fiscal se materializou, e BC deve aumentar ainda mais a taxa de juros, diz economista

A expectativa da maior parte economistas, coletada em pesquisa realizada pelo BC na semana passada, é de que a taxa básica seja elevada dos atuais 6,25% para 7,5% ao ano, ou seja, um aumento de 1,25 ponto percentual.

Confirmada essa alta, a taxa Selic atingirá o maior patamar em quatro anos — em outubro de 2017, antes de cair para 7,5%, estava em 8,25% ao ano (veja no gráfico abaixo).

A evolução da taxa Selic
Desde 2017, em % ao ano

131312,2512,2511,2511,2510,2510,259,259,258,258,257,57,5776,756,756,56,56,56,56,56,56,56,56,56,56,56,5665,55,5554,54,53,753,75332,252,2522222222222,752,753,53,54,254,255,255,256,256,25jan/17abr/17jul/17out/17fev/18mai/18ago/18out/18fev/19mai/19jul/19out/19fev/20mai/20ago/20out/20jan/21mai/21ago/2102,557,51012,515

set/18
: 6,5
Fonte: Banco Central

Parte dos economistas, entretanto, já aposta em uma elevação ainda maior: de 1,5 ponto percentual, para 7,75% ao ano.

Após a divulgação da prévia da inflação de outubro, que mostrou aceleração, alguns bancos passaram a estimar um aumento até maior do que 1,5 ponto no encontro do Copom desta semana.

Com isso, o juro passará a ficar maior do que o registrado no início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019 (6,5% ao ano).

Nos dois últimos encontros do Copom, em agosto e setembro, o elevação dos juros foi de um ponto percentual. Para este mês, havia uma indicação do BC de que esse ritmo de alta seria mantido.

Porém, o mercado passou a prever uma elevação maior após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter admitido na semana passada "furar" o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior).

Guedes tem dito que as mudanças no teto de gastos têm por objetivo ampliar a proteção social, por meio do Auxílio Brasil, programa social sucessor do Bolsa Família.

Mas analistas têm indicado que seria possível incrementar o programa sem estourar o limite para despesas, utilizando, por exemplo, recursos destinados às emendas parlamentares.

De acordo com relatório assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, as notícias sobre a alta dos gastos aumentaram as dúvidas sobre o futuro do teto de gastos no Brasil.

"Sem uma âncora fiscal crível, a tarefa do Banco Central de manter a inflação na meta se torna mais difícil", avaliou.

Na última semana, o mercado passou a prever juros mais altos também no futuro.

Para o fim de 2021, a expectativa dos analistas passou de 8,25% para 8,75% ao ano e, para o fechamento de 2022, os economistas do mercado financeiro subiram a expectativa para a taxa Selic de 8,75% para 9,5% ao ano.

Como a taxa Selic é definida

O principal instrumento do Banco Central para conter a propagação da alta de preços é a taxa básica de juros, que é definida com base no sistema de metas de inflação.

Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic, e a reduz quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas.

Para 2021, a meta central de inflação é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%.

Neste momento, o BC já está olhando para a meta de inflação de 2022 para definir os juros. No próximo ano, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

IPCA-15: Prévia da inflação em outubro tem maior alta para o mês desde 1995
IPCA-15: Prévia da inflação em outubro tem maior alta para o mês desde 1995

Inflação

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 1,16%. Esta foi a maior taxa para um mês de agosto desde o início do plano real, em 1994. Em 12 meses, a inflação atingiu o patamar de dois dígitos: 10,25%, a mais alta desde fevereiro de 2016.

De acordo com levantamento do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), mais da metade da inflação, neste ano, é resultado da disparada dos combustíveis, energia e carne. Esses estão entre os itens que mais têm pesado no bolso do brasileiro e na inflação.

O mercado financeiro estima que a inflação medida pelo IPCA somará 8,96% neste ano, mais do que o dobro da meta central (7,5%) e acima do teto de 5,25% do sistema de metas. Para 2022, a previsão de inflação do mercado está em 4,40%, acima da meta central mas ainda dentro do intervalo de tolerância.

Estagflação

Com o aumento do chamado "risco fiscal" — as incertezas sobre as contas públicas no futuro — e o reflexo disso na economia (alta do dólar, da inflação e, consequentemente, das taxas de juros bancárias), analistas vislumbram a possibilidade de estagflação na economia brasileira no próximo ano.

Esse fenômeno se caracteriza por estagnação na economia, ou seja, sem crescimento do nível de atividade, ou até mesmo retração, associada ao aumento do desemprego e da inflação.

"Aumentou a possibilidade de ter estagflação ano que vem, mas não é ainda uma certeza", avaliou Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco Alfa.

Segundo ele, a confirmação desse cenário vai depender do quanto o BC terá de elevar os juros e do desempenho da economia no quatro trimestre deste ano (que gera um efeito estatístico para 2022). Leal estimou uma alta de 4,5% para a inflação no próximo ano.

Em relatório, o Itaú estimou que o Copom terá de elevar os juros para até 11,25% ao ano nos primeiros meses de 2022, o que levará a atividade econômica para um "recuo moderado" — um tombo de 0,5% para o PIB em 2022.

"Um real mais fraco [dólar a R$ 5,50 no fim de 2021 e 2022] aumentará as pressões inflacionárias, mas o controle de danos do BCB deve limitar um contágio maior, com a inflação recuando para 4,3% em 2022, de 9% em 2021", acrescentou, no documento.

Consequências da alta dos juros

De acordo com economistas, o aumento do juro básico da economia, tem vários reflexos na economia. Veja abaixo os principais:

  • A elevação da taxa de juros, o aumento do juro básico da economia, já está resultando em taxas bancárias mais elevadas e a tendência é de que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. Em setembro, a taxa média dos bancos foi a maior desde abril de 2020. Além do juro básico, o aumento do IOF anunciado pelo governo também impacta o custo final dos empréstimos.
  • O aumento da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos, impactando, assim, o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Economistas estão baixando há semanas a previsão de crescimento da atividade econômica em 2022.
  • O aumento da taxa básica da economia gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. Gabriel Leal de Barros, da RPS Capital, calculou que o ciclo de alta da Selic de 2% ao ano, em março de 2021, para 7,5% ao ano, se confirmada, geraria uma despesa adicional de quase de R$ 180 bilhões com juros da dívida (se mantida em 12 meses).
  • Aplicações financeiras em renda fixa, como a caderneta de poupança, tendem a render um pouco mais. Com o juro básico em 7,5% ao ano mais taxa referencial (TR), por exemplo, a poupança passará a render 5,25% ao ano, contra 4,375% ao ano, mais TR (com taxa Selic em 6,25% ao ano). Mesmo assim, o rendimento da poupança segue perdendo da inflação.
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