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terça-feira, 31 de agosto de 2021

Desemprego recua para 14,1% no 2º trimestre, mas ainda atinge 14,4 milhões, aponta IBGE

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Em 1 ano, população ocupada cresceu em 4,4 milhões de trabalhadores; alta foi puxada pelo trabalho por conta própria, que bateu recorde no país. Já o rendimento médio caiu 6,6% na comparação anual.
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Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1

Postado em 31 de agosto de 2021 às 10h25m

  .*  Post. N. = 0.319  *.  

Desemprego tem leve queda e fica em 14,1% no 2º trimestre
Desemprego tem leve queda e fica em 14,1% no 2º trimestre

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,1% no 2º trimestre de 2021, mas ainda atinge 14,4 milhões de brasileiros, informou nesta terça-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado representa uma redução de 0,6 ponto percentual em relação à taxa de desemprego do 1º trimestre (14,7%) e a menor taxa de desemprego no ano, com o mercado de trabalho tentando buscar uma recuperação da crise provocada pela Covid-19.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego ficou em 14,6%, atingindo 14,8 milhões de pessoas.

Taxa de desemprego cai em junho de 2021 — Foto: Economia/G1
Taxa de desemprego cai em junho de 2021 — Foto: Economia/G1

O resultado veio melhor do que o esperado. O intervalo das estimativas captadas pelo Valor Data para a taxa de desemprego do 2º trimestre ia de 14,1% a 14,6%, com mediana de 14,5%.

Recuperação ainda distante

"Esse recuo na taxa foi influenciado pelo aumento no número de pessoas ocupadas (87,8 milhões), que avançou 2,5%, com mais 2,1 milhões no período", destacou o IBGE.

Com o aumento, o nível de ocupação subiu 1,2 ponto percentual, para 49,6%, mas isso ainda indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. No trimestre terminado em dezembro de 2019, eram 94,5 milhões de ocupados no país – 6,7 milhões a mais que o contingente atual.

Embora o número de desempregados tenha caído em cerca de 400 mil entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, na comparação com junho do de 2020 ele aumentou em 1,6 milhão de pessoas – um crescimento de 12,9% em um ano.

Brasil gerou 316,5 mil empregos formais em julho, diz governo
Apesar de recuo, país fechou o primeiro semestre do ano com 14,4 milhões de desempregados — Foto: Economia/G1
Apesar de recuo, país fechou o primeiro semestre do ano com 14,4 milhões de desempregados — Foto: Economia/G1

A pesquisa também mostrou que:

  • Em um ano, aumentou em 1,6 milhão o número de desempregados no país;
  • No mesmo período, população a ocupada aumentou em 4,4 milhões de pessoas;
  • 71% das novas ocupações foram de trabalhadores por conta própria;
  • O trabalho por conta própria bateu recorde, atingindo 24,8 milhões de trabalhadores;
  • rendimento médio dos trabalhadores foi de R$ 2.515, o que representa uma queda de 3% frente ao 1º trimestre e redução de 6,6% na comparação anual;
  • Número daqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar atingiu recorde de 7,5 milhões, um aumento de 34,4% na comparação anual;
  • Os desalentados somaram 5,6 milhões, um recuo de 6,5% em relação ao 1º trimestre;
  • população subutilizada somou 32,2 milhões de pessoas;
  • taxa de informalidade foi de 40,6% da população ocupada, contra 36,9% há 1 ano;
  • A construção foi o segmento com maior crescimento da ocupação, com 1 milhão de novos trabalhadores;
  • A taxa de desemprego foi de 11,7% para homens e 17,1% para mulheres, e ficou abaixo da média para brancos (11,7%) e acima para pretos (16,6%) e pardos (16,1%);
  • Os mais jovens e os trabalhadores com baixa escolaridade seguem os mais afetados. A taxa de desemprego para a faixa etária de 18 a 24 anos foi de 29,5%, enquanto que para o grupo dos 25 a 39 anos foi de 13,8%;
  • Para trabalhadores com ensino médio incompleto, taxa de desemprego foi de 23%, enquanto que para profissionais com ensino superior completo foi de apenas 7,5%; para o grupo com ensino superior incompleto ficou em 16,5%.
Das 4.444 pessoas que entraram para o mercado de trabalho, 3.175 eram trabalhadores por conta própria — Foto: Economia/G1
Das 4.444 pessoas que entraram para o mercado de trabalho, 3.175 eram trabalhadores por conta própria — Foto: Economia/G1

Na comparação com o trimestre terminado em junho do ano passado, aumentou em 4,4 milhões o número de trabalhadores ocupados no mercado de trabalho brasileiro. Dentre eles, 3,1 milhões ingressaram como trabalhadores por conta própria.

Diante disso, o trabalho por conta própria bateu recorde no país, atingindo 24,8 milhões de trabalhadores, o que corresponde a 28,3% de toda a população ocupada. De cada 10 novos postos de trabalho gerados no país no último ano, 7 foram por conta própria.

Embora mais intenso entre o trabalho por conta própria, o aumento da população ocupada ocorreu de forma disseminada entre os demais tipos de ocupação. As exceções foram entre os trabalhadores no setor público e os empregadores, únicos a registrarem queda no número de ocupados em um ano.

Na comparação com o primeiro trimestre do ano, também houve aumento disseminado da ocupação, com destaque para o emprego com carteira assinada.

O crescimento da ocupação ocorreu em várias formas de trabalho. Até então vínhamos observando aumentos no trabalho por conta própria e no emprego sem carteira assinada, mas pouca movimentação do emprego com carteira. No segundo trimestre, porém, houve um movimento positivo, com crescimento de 618 mil pessoas a mais no contingente de empregados com carteira, destacou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

País encerrou junho com 87,7 milhões de trabalhadores ocupados, a maioria como empregados com carteira assinada — Foto: Economia/G1
País encerrou junho com 87,7 milhões de trabalhadores ocupados, a maioria como empregados com carteira assinada — Foto: Economia/G1

O avanço da vacinação contra a Covid-19 também foi considerado pela pesquisadora um fator bastante favorável para o aumento da ocupação.

Segundo ela, avançar a vacinação da 2ª dose para os grupos etários mais jovens pode contribuir ainda mais para o avanço do emprego no país. A gente sabe que o mercado de trabalho responde a outras variáveis econômicas. Entre elas, o consumo da família, o aquecimento da demanda, para que haja o chamado círculo virtuoso, disse.
Somente o setor público registrou queda do número de trabalhadores ocupados na comparação com junho de 2020 — Foto: Economia/G1
Somente o setor público registrou queda do número de trabalhadores ocupados na comparação com junho de 2020 — Foto: Economia/G1

Construção lidera geração de vagas

Entre os segmentos de atividades profissionais, a construção foi a que mais se destacou na geração de vagas em um ano. O setor contratou cerca de um milhão de novos trabalhadores na comparação anual, um aumento de 19,6% e que representa 23,5% do total de novos ocupados no país.

Em seguida, os setores que mais contrataram foram o de agricultura e pecuária, com cerca de 945 mil novos trabalhadores, o comércio e o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, cada um com cerca de 700 mil novas vagas.

A administração pública foi o único segmento profissional que registrou queda do número de ocupados em um ano – foram fechadas 227 mil vagas no setor público.

Faltam oportunidades para 32,2 milhões

O levantamento do IBGE mostrou ainda que faltavam oportunidades no mercado para cerca de 32,2 milhões de trabalhadores. Este contingente forma o que o instituto classifica como trabalhadores subutilizados.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, aumentou em 264 mil o número de trabalhadores nesta condição. Já na comparação com o primeiro trimestre do ano, esse contingente foi reduzido em quase um milhão de pessoas.

Formam o contingente de subutilizados:

  • 14,4 milhões de desempregados (1,6 milhão a mais que em junho de 2020): pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias;
  • 7,4 milhões de subocupados (1,9 milhão a mais que em junho de 2020): pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
  • 10,2 milhões de pessoas na força de trabalho potencial (3,3 milhões a menos que em junho de 2020), composta por pessoas que poderiam trabalhar mas não trabalham: este grupo inclui 5,6 milhões de desalentados (100 mil a mais que em junho de 2020), ou seja, que desistiram de procurar emprego, e outras 4,6 milhões que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
Pernambuco e Bahia lideram desemprego

As maiores taxas de desemprego no 2º trimestre foram registradas em Pernambuco (21,6%), Bahia (19,7%), Sergipe (19,1%) e Alagoas (18,8%). As menores foram as de Santa Catarina (5,8%), Rio Grande do Sul (8,8%), Mato Grosso (9%), Paraná (9,1%) e Mato Grosso do Sul (9,9%). Em São Paulo foi de 14,4%.

Frente ao trimestre anterior, os maiores recuos ocorreram nas taxas de do Amazonas (-1,9 ponto percentual), Espírito Santo (-1,5 p.p.), Rio de Janeiro (-1,5 p.p) e Minas Gerais (-1,3 p.p.). Nos demais estados, as variações foram classificadas pelo IBGE como estabilidade.

Perspectivas

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu pelo 5º mês seguido em agosto e atingiu o maior nível desde junho de 2013, segundo divulgou nesta terça-feira a Fundação Getulio Vargas, indicando uma aceleração da atividade econômica no terceiro trimestre.

Nesta quarta-feira, o IBGE divulgará o resultado oficial do PIB (Produto Interno Bruto) do 2º trimestre.

expectativa atual do mercado financeiro para o PIB é de uma alta de 5,22% em 2021, após o tombo de 4,1% no ano passado. Para 2022, a projeção é de crescimento de 2%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Apesar de a economia ter mostrado reação no fim de 2020 e no começo deste ano, a inflação persistente, a tensão política e "riscos fiscais" (dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas) têm elevado o nível de incerteza em relação à economia nas últimas semanas.


Os analistas elevaram a projeção de alta da inflação no ano pela vigésima primeira semana seguida, de 7,11% para 7,27%, segundo boletim Focus. Já a perspectiva da taxa básica de juros (Selic) ao final de 2021 permanece em 7,50% ao ano, o que pressupõe novas elevações nos próximos meses.
Sardenberg: Brasil caminha para um 2022 de inflação alta e desemprego elevado
Sardenberg: Brasil caminha para um 2022 de inflação alta e desemprego elevado

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Petrobras anuncia resgate antecipado de US$ 1,3 bilhão em títulos globais

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Global Notes têm vencimento em 2023, e precificação do resgate será em 24 de setembro deste ano.
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TOPO
Por Valor Online

Postado em 30 de agosto de 2021 às 14h15m

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Sede da Petrobras, localizada na Avenida Chile, no Centro do Rio de Janeiro, passará pela sua primeira reforma completa desde que foi inaugurado, no começo dos anos 1970 — Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras
Sede da Petrobras, localizada na Avenida Chile, no Centro do Rio de Janeiro, passará pela sua primeira reforma completa desde que foi inaugurado, no começo dos anos 1970 — Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras

A Petrobras informou nesta segunda-feira (30) que sua subsidiária Petrobras Global Finance B.V. enviou notificações de resgate antecipado aos investidores dos títulos 4,375% Global Notes e 4,25% Global Notes, ambos com vencimento em 2023.

Conforme o comunicado divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o valor total do resgate equivale a aproximadamente US$ 1,3 bilhão, excluindo juros capitalizados e não pagos.

A precificação do resgate será em 24 de setembro deste ano e a liquidação ocorrerá cinco dias depois, em 29 de setembro.

Petrobras registra lucro de R$ 42,8 bi no 2º trimestre e surpreende mercado
Petrobras registra lucro de R$ 42,8 bi no 2º trimestre e surpreende mercado

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domingo, 29 de agosto de 2021

Conta de luz está cada vez mais cara – entenda por que ela sobe e quais os problemas dessa escalada de preços

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Ministro da Economia questionou esta semana qual seria o problema de a "energia ficar um pouco mais cara porque choveu menos". Alta impacta direta e indiretamente o bolso dos brasileiros, e prejudica retomada econômica.
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Por Daniel Silveira, Darlan Alvarenga e Luiz Gerbelli, G1 — Rio de Janeiro e São Paulo

Postado em 29 de agosto de 2021 às 11h00m

  .*  Post. N. = 0.317  *.  

O ministro da Economia, Paulo Guedes, questionou nesta semana qual seria o problema de a "energia ficar um pouco mais cara porque choveu menos". Na fala, que gerou críticas, ele afirmou ainda que "não adianta ficar chorando", pois a população terá de arcar com o aumento do custo da produção de energia diante da seca que atinge o país (assista no vídeo abaixo).

Guedes: 'Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?'
Guedes: 'Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?'

Quem paga conta de luz todos os meses, no entanto, conhece alguns dos problemas dessa alta: a energia consome um fatia cada vez maior dos orçamentos domésticos, pressiona outros preços e aperta as contas das famílias. E não deve parar por aí: o governo já sinalizou que as contas de luz devem ficar ainda caras até o final do ano.

O impacto no bolso dos brasileiros é consequência, especialmente da crise hídrica pela qual o Brasil atravessa. O preço da energia elétrica já subiu quase três vezes mais que a inflação ao longo dos primeiros oito meses de 2021, refletindo em aumento disseminado nos preços de diversos produtos e serviços.

Abaixo você confere porque a energia elétrica tem aumentado tanto, qual a relação dela com a inflação, o impacto sobre o bolso dos brasileiros, em especial os mais pobres, e quais as perspectivas de aumento nas contas de luz para o próximos meses.

Energia sobe três vezes mais que a inflação

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, avançou 0,89% na passagem de julho para agosto, enquanto a alta da energia elétrica foi de 5%.

No ano, enquanto o IPCA-15 acumulou alta de 5,81%, a alta acumulada nas contas de luz chegou a 16,07%, quase o triplo do índice geral. Já em 12 meses, a energia elétrica acumulou alta de 20,86%, mais que o dobro da inflação acumulada no período, que foi de 9,3%.

Alta acumulada no ano nos preços da energia elétrica é quase o triplo da inflação oficial do país — Foto: Economia/G1
Alta acumulada no ano nos preços da energia elétrica é quase o triplo da inflação oficial do país — Foto: Economia/G1

O aumento de 5% na energia elétrica em agosto ainda reflete o reajuste de 52% aplicado em julho sobre a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos.

A bandeira tarifária é um sistema criado em 2015 que aplica uma cobrança adicional nas contas de luz sempre que aumenta o custo da produção da energia no país. Ela ficou suspensa em 2020 ao longo de seis meses, mas foi retomada em dezembro e desde então tem encarecido, cada vez mais a conta de luz dos brasileiros.

Entenda as bandeiras tarifárias — Foto: Arte G1
Entenda as bandeiras tarifárias — Foto: Arte G1

De fevereiro a maio vigorou a bandeira amarela e, em junho, passou a vigorar a bandeira vermelha.

O que explica a alta no preço da energia elétrica?

O expressivo aumento das contas de luz é consequência da crise hídrica que afeta os reservatórios das usinas hidrelétricas. O Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Na pior crise hídrica em 91 anos, Governo promete desconto pra quem reduzir consumo de energia
Na pior crise hídrica em 91 anos, Governo promete desconto pra quem reduzir consumo de energia

Os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia do país, estão com 23% da capacidade de armazenamento, nível menor que o registrado em agosto de 2001, quando o país enfrentou racionamento de energia. Em novembro, quando começa o período chuvoso, o ONS prevê que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste vão chegar a 10% da capacidade.

Para preservar água nos reservatórios das hidrelétricas, a primeira alternativa do governo é acionar as usinas termelétricas, que são mais caras e mais poluentes.

Diante da atual crise, medidas excepcionais estão sendo adotadas no país, em parceria com as agências reguladoras e com o ONS, tais como o acionamento de usinas termelétricas adicionais e o aumento da importação de energia da Argentina e Uruguai, que aumentam ainda mais os custos de produção da energia no país.


Grande vilã da inflação

Segundo o coordenador de Índice de Preços ao Consumidor da FGV-Ibre, André Braz, a energia elétrica, juntamente com a gasolina, tende a ser a grande vilã da inflação em 2021. Isso porque ela é o segundo item de maior peso sobre a inflação, atrás apenas do combustível mais usado no país, dada a relevância dela na vida da população.

"A energia elétrica se manifesta na inflação de forma direta, encarecendo a tarifa de energia, e aparece indiretamente no preço de muita coisa que a gente consome e nem sabe. Qualquer produto industrializado, seja um carro ou um alimento, passa por uma fábrica que consumiu energia, formando sua parte de custos, que pode ser transmitida ao consumidor final, apontou Braz.

É por essa relevância, segundo Braz, que ocorre oespalhamento [da alta de preços] e a pressão inflacionária que a gente vê agora.

O economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, destacou que, além da geração de energia, a crise hídrica também afeta o setor agropecuário, encarecendo o preço de grãos e da carne, devido à seca que afeta lavouras e pastagens.

Já ocorreu um impacto grande na safra do milho e da cana, o que faz subir o preço do açúcar e do etanol, apontou Oliveira.

Impacto maior para os mais pobres

Segundo o coordenador de Índice de Preços ao Consumidor da FGV-Ibre, André Braz, a energia elétrica compromete, aproximadamente, 4,5% do orçamento familiar. Para as famílias mais pobres, o comprometimento é ainda maior, podendo chegar a 6,5% ou 7%.

Apesar das famílias de baixa renda terem casas menores e menos equipadas, tendo consumo elétrico proporcional, a energia pesa mais para eles que para as famílias mais ricas, afirmou.

Dois fatores explicam essa dinâmica que confere aspecto mais perverso do reajuste nas contas de luz para as famílias de baixa renda:

  • Os mais pobres consomem menos que os mais ricos. Portanto, qualquer aumento de um item que faça parte do orçamento familiar desse grupo vai ter um impacto maior.
  • Quem ganha menos também tem uma capacidade menor de absorver esses choques. Os mais ricos podem, por exemplo, deixar de comprar bens supérfluos ou reduzir o valor poupado todo mês para arcar com custos elevados.

Desde que começou esse ciclo de alta de energia elétrica, a inflação das famílias mais pobres é maior do que a inflação das famílias mais ricas, apontou Maria Andreia Parente, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 "No ano passado, esse quadro ocorria por causa do alimento, mas, agora, se dá pela energia elétrica, enfatizou a pesquisadora

De acordo com o Ipea, até julho a inflação acumulada em 12 meses para as famílias de renda muito baixa (menos de R$ 1.650,50 por mês) chegou a 10,05%. Entre os mais ricos (renda maior que R$ 16.509,66 por mês), o avanço no mesmo período foi de 7,11%.

Contas podem ficar ainda mais caras

O agravamento da crise hídrica deve fazer com que o patamar 2 da bandeira tarifária vermelha da conta de luz seja reajustado novamente em setembro, conforme adiantou nesta quarta-feira (25) o Blog da Ana Flor.

A decisão será tomada na próxima terça-feira, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em agosto, a opção da agência foi não reajustar o valor, mesmo com defasagem na conta das distribuidoras.

Especialistas a par das discussões afirmam que o reajuste pode levar o atual patamar 2 de R$ 9,49 por kw/h consumido para R$ 11 ou até R$ 15, o que corresponderia a um reajuste, respectivamente de 20% ou mais de 50%.

Segundo André Braz, a FGV-Ibre prevê que o novo valor da referida bandeira tarifária seja fixado em R$ 11,50 - montante defendido pela equipe técnica em junho, quando a Aneel acabou decidindo por um reajuste menor.

"Se o valor da bandeira vermelha patamar 2 passar dos atual R$ 9,50 para R$ 11,50, será um aumento de 21% sobre a tarifa, mas que terá impacto e 3% nas contas de luz dos consumidores", apontou Braz.

Freio adicional à recuperação econômica

Para o economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, o agravamento da crise hídrica pode afetar o ritmo de recuperação da economia, freando o crescimento, sobretudo, do agronegócio e da indústria.

A crise hídrica gera problemas também nas expectativas, tanto em expectativas de recuperação da economia quanto de investimentos. Quem estiver pensando em fazer um grande talvez prefira retardar um pouco para ver o que vai acontecer. É um freio no PIB, disse Oliveira.

Ela avalia que o governo tem sido lento em transmitir para a sociedade a gravidade do problema.

É análogo à crise sanitária: Não, é uma gripezinha, pode deixar, é tranquilo, isso é normal. E de repente, tem a pandemia. O governo deveria conscientizar as pessoas e falar: Olha, há um problema sério no regime de chuvas e nós tomaremos medidas e vai ser necessário um consumo consciente, afirma.

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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

'Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?', indaga Guedes

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Ministro da Economia participou do lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo nesta quarta (25). Guedes disse também que crise hídrica pode ‘causar perturbação’, mas que Brasil vai vencer a crise.
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Por Ana Paula Castro, TV Globo — Brasília

Postado em 25 de agosto de 2021 às 23h25m

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Guedes: 'Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?'
Guedes: 'Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?'

O ministro da Economia, Paulo Guedes, questionou nesta quarta-feira (25) qual seria o problema de a "energia ficar um pouco mais cara porque choveu menos". De acordo com o ministro, o país conseguiu se organizar em meio à pandemia, então não haveria razão para "ter medo".

A alta no preço da energia é consequência da crise hídrica que afeta os reservatórios das usinas hidrelétricas. O Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos e nesta quarta (25) o governo federal anunciou medidas para estimular a redução do consumo de energia elétrica no país.

"Se ano passado que era um caos, nos organizamos e atravessamos, por que vamos ter medo agora? Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?", disse Guedes durante o lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, na Câmara dos Deputados, nesta quarta (25).

A energia elétrica exerceu o maior impacto individual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta quarta (25), respondendo sozinha por 0,23 ponto percentual no índice do mês. E, segundo o blog da Ana Flor, o patamar 2 da bandeira tarifária vermelha da conta de luz deve aumentar ainda mais a partir de setembro.

Para o ministro, o Brasil irá "enfrentar essa crise". Segundo Guedes, a falta de chuvas vai causar "perturbação", que pode levar a inflação um pouquinho pra cima e o Banco Central (BC) terá que correr um pouco” para conter o aumento.

"Vamos ter que enfrentar o problema do choque hídrico, isso vai causar perturbação, empurra inflação um pouquinho pra cima, BC tem que correr um pouco mais atrás da inflação, mas nós vamos enfrentar essa crise.

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