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terça-feira, 30 de março de 2021

País cria 401 mil vagas de emprego formal em fevereiro; saldo é o melhor para o mês em 30 anos

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Informações foram divulgadas pelo Ministério da Economia nesta terça-feira (30). No primeiro bimestre, foram geradas 659.780 vagas com carteira assinada.
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Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

Postado em 30 de março de 2021 às 15h05m

 .*  Post. N. = 0.239  *. 

O Brasil gerou 401.639 empregos com carteira assinada em fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta terça-feira (30) pelo Ministério da Economia.

Essa é a diferença entre as contratações, que somaram 1.694.604 no mês passado, e as demissões, que totalizaram 1.292.965.

De acordo com o Ministério da Economia, esse é o melhor resultado para fevereiro desde o início da série histórica, em 1992, ou seja, em 30 em anos.

Até então, o melhor resultado para meses de fevereiro, havia sido registrada em 2011, quando foram criadas 280.779 vagas formais de emprego.

Emprego Formal
para meses de fevereiro
209.425209.425280.799280.799150.600150.600123.446123.446260.823260.823-2.415-2.415-104.582-104.58235.61235.61261.18861.188173.139173.139225.414225.414401.639401.639201020112012201320142015201620172018201920202021-200k-100k0100k200k300k400k500k
Fonte: Ministério da Economia

O resultado positivo ocorre em meio à pandemia de Covid-19 e ao aumento no número de contaminados e de mortes provocadas pela doença, que gerar reflexos negativos na economia.

Primeiro bimestre

Nos dois primeiros meses deste ano, ainda de acordo com o Ministério da Economia, foram geradas 659.780 vagas com carteira assinada. Em igual período do ano passado, foram abertos 277.517 empregos com carteira assinada.

Esse resultado do primeiro bimestre, informou o governo, engloba declarações enviadas fora do prazo legal, em meses e anos anteriores. De acordo com a série histórica atualizada pela área econômica., este é o melhor resultado para primeiro bimestre desde 2010.

Com o resultado de fevereiro, o Brasil tinha saldo de 40.022.748 empregos com carteira assinada ao final do mês passado. Isso representa um aumento na comparação com janeiro deste ano e, também, com fevereiro de 2020 - quando o saldo estava, em ambos os meses, em 39,6 milhões.

Setores da Economia

Saldo de empregos por setor da economia
Dados de fevereiro de 2021
173.547173.54723.05523.05568.05168.05143.46943.46993.62193.621ServiçosAgropecuáriaComércioConstruçãoIndústria050k100k150k200k
Fonte: Caged

Regiões do país

Emprego em fevereiro, por região

Número de vagas

203.213203.21340.86440.864105.197105.19740.07740.07712.33712.337SudesteNordesteSulCentro-OesteNorte025k50k75k100k125k150k175k200k225k
Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia

Sem trabalhadores informais

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, divulgados nesta terça-feira, consideram apenas os trabalhadores com carteira assinada, ou seja, não inclui os informais.

Os números do Caged são coletados das empresas e abarcam o setor privado com carteira assinada, enquanto que os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são obtidos por meio de pesquisa domiciliar, e abrangem também o setor informal da economia.

Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado do emprego formal em fevereiro e voltou a defender a vacinação em massa dos brasileiros como forma de permitir um retorno seguro ao trabalho.

Temos de vacinar em massa, para que o brasileiro informal, os 40 milhões de brasileiros invisíveis, não fiquem entre essa escolha cruel de sair e ser abatido pelo vírus, ou ficar em casa e ser abatido pela fome, declarou.

Segundo ele, o governo já iniciou o protocolo de combate à essa segunda onda da pandemia, com o início da liberação do auxílio emergencial em abril, postergação no pagamento de tributos de pequenas e médias empresas.

Guedes informou, ainda, que o governo segue trabalhando para renovar o programa de proteção ao emprego, que possibilitou suspensão e redução de jornada com contrapartida do governo, mas que terminou em 2020. E que o Pronampe (crédito às pequenas empresas) também será retomado.

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segunda-feira, 29 de março de 2021

PIB do Brasil em 2021 deve crescer abaixo da média da região, diz Banco Mundial

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Em relatório divulgado nesta segunda, instituição manteve previsão de crescimento de 3% do PIB brasileiro neste ano, enquanto previsão para América Latina passou para alta de 4,4%.
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Por Jamile Racanicci, TV Globo — Brasília

Postado em 29 de março de 2021 às 18h25m

 .*  Post. N. = 0.238  *. 

O Banco Mundial informou nesta segunda-feira (29) que a previsão da instituição é que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 3% em 2021, abaixo da média prevista para a América Latina, de 4,4%.

A informação consta do relatório "Voltar a crescer". O PIB é a soma de bens e serviços que o país produz num período de tempo. Em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do Brasil caiu 4,1%.

O Banco Mundial já havia divulgado a previsão de crescimento de 3% do PIB brasileiro em 2021, mas, na ocasião, a expectativa de alta para a América Latina era de 3,7%.

Conforme o relatório divulgado nesta segunda-feira, países vizinhos devem ter desempenho percentual superior ao do Brasil, por exemplo:

  • Argentina: 6,4%;
  • Chile: 5,5%;
  • Colômbia: 5%.

Para o Banco Mundial, a América Latina e o Caribe sofreram os maiores danos na economia e na saúde durante a pandemia da Covid-19 (veja detalhes no vídeo mais abaixo). A queda do PIB da região foi de 6,7% em 2020.

O economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Martín Rama, disse nesta segunda-feira que a pandemia transformou as economias da região e que a desigualdade pode ser ampliada.

"A pandemia iniciou um processo de destruição criativa, que pode levar a um crescimento mais rápido, mas ao mesmo tempo ampliar a desigualdade dentro dos países na região e entre eles", disse.

Banco Mundial diz que América Latina é a região do mundo mais afetada pela pandemia
Banco Mundial diz que América Latina é a região do mundo mais afetada pela pandemia

Auxílio emergencial

Durante a entrevista de apresentação do relatório, Martín Rama afirmou também que a pobreza no Brasil praticamente não aumentou em 2020 em razão de alguns fatores, entre os quais o auxílio emergencial. O programa, avaliou Rama, funcionou "notavelmente" bem.

O programa pagou no ano passado parcelas de R$ 600 e, depois, de R$ 300. Neste ano, será retomado com quatro parcelas de R$ 250.

"O negócio é começar correndo como se fosse um sprint [prova de cem metros], e outra é ter que correr uma maratona. A essa altura é visível que estamos correndo uma maratona, porque vivemos a segunda onda e a vacinação vai lentamente", afirmou.

"O tema fiscal, em algum momento, precisa tomar o rumo de certa consolidação", acrescentou.

Para o economista, é difícil precisar qual é o momento ideal para aumentar o rigor fiscal. "Por ora, as taxas de juros no mundo têm sido muito baixas. Isso ajuda, mas é algo que se deve pensar efetivamente", disse.

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sexta-feira, 26 de março de 2021

Indústria brasileira teve 21º melhor desempenho em 2020 entre 42 países, mostra estudo

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Levantamento realizado pelo Iedi mostra que os melhores desempenhos foram observados na Irlanda, Noruega e China. Na outra ponta, Itália, Luxemburgo e Alemanha apresentaram as quedas mais expressivas.
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Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1
26/03/2021 06h00 
Postado em 26 de março de 2021 às 11h30m

 .*  Post. N. = 0.237  *. 

A indústria brasileira encerrou o ano passado com o 21º melhor desempenho entre 42 economias, mostra um levantamento realizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O ranking do Iedi usa como base o desempenho da indústria brasileira medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e faz a comparação com indicadores de outros países colhidos pela OCDE, pela Eurostat e pelo National Bureau of Statistics of China.

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil despencou 4,1%, e a produção industrial do país recuou 4,5%.

PIB encolhe 4,1% em 2020, o maior tombo em 25 anos
PIB encolhe 4,1% em 2020, o maior tombo em 25 anos

Segundo o levantamento do Iedi, o melhor desempenho industrial foi observado por Irlanda, segura por Noruega e China. Na lanterna, ficaram Itália, Luxemburgo e Alemanha.

Os 10 melhores países — Foto: Economia G1
Os 10 melhores países — Foto: Economia G1

"No fundo, a economia brasileira registrou metade da queda projetada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) projetava em junho, na virada do semestre", afirma Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.

Os 10 piores países — Foto: Economia G1
Os 10 piores países — Foto: Economia G1

Em julho, o FMI chegou a prever queda de 9,1% para a economia brasileira. Segundo Cagnin, o PIB registrou uma queda menos intensa por causa dos programas governamentais destinados para empresas e famílias.

"Com condições de câmbio e juros mais favoráveis e com o dinamismo doméstico sustentável pelas medidas emergenciais, o setor industrial reagiu na metade do ano, com destaque para o terceiro trimestre", afirma o economista-chefe do Iedi. 
O que esperar

Para 2021, a expectativa do Iedi é que o Brasil caminhe para o final do ranking diante do descontrole da pandemia e da lenta vacinação no país.

No setor automotivo, por exemplo, várias montadoras já suspenderam a produção com o agravamento da doença, o que deve prejudicar o desempenho do setor industrial.

"A expectativa é que o Brasil caminhe para o final do ranking neste ano", diz o economista-chefe do Iedi. "Há uma piora da pandemia, sobretudo, a partir de março, e, ao mesmo tempo, houve o encerramento de todos os programas emergenciais.".

O governo planeja pagar um novo Auxílio Emergencial em abril, mas ele será bem mais modesto do que a versão do ano anterior. O benefício vai custar agora R$ 44 bilhões. Em 2020, o auxílio injetou R$ 300 bilhões na economia.

"Há ainda dois fatores que podem agravar a situação: a inflação, que corrói o orçamento das famílias, e a sinalização do Banco Central de uma elevação da taxa de juros", afirma Cagnin.

Neste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, e indicou mais aumentos pela frente – juros mais alto encarecem a tomada de crédito, afetando o consumo das famílias e os investimentos das empresas.

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quinta-feira, 25 de março de 2021

IPCA-15: prévia da inflação oficial acelera para 0,93% em março

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É o maior resultado para um mês de março desde 2015. Em 12 meses, alta acumulada chega a 5,57%. Gasolina foi o item que mais pressionou a inflação no mês, com alta de 11,18%.
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Por Darlan Alvarenga, G1

Postado em 25 de março de 2021 às 12h05m

 .*  Post. N. = 0.236  *. 

Gasolina foi o item que mais pressionou a inflação no mês de março, com alta de 11,18%. — Foto: Pilar Olivares/Reuters
Gasolina foi o item que mais pressionou a inflação no mês de março, com alta de 11,18%. — Foto: Pilar Olivares/Reuters

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, saltou para 0,93% em março, segundo divulgou nesta quinta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se do maior resultado para um mês de março desde 2015 (1,24%) e da maior taxa mensal desde dezembro (1,06%).

IPCA-15: prévia da inflação oficial acelera para 0,93% em março
IPCA-15: prévia da inflação oficial acelera para 0,93% em março

O indicador teve uma forte aceleração na comparação com fevereiro, quando ficou em 0,48%.

Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 5,57%, acima dos 4,57% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e da meta de inflação para 2021.

IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal)   — Foto: Economia G1
IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal) — Foto: Economia G1

O resultado ficou levemente abaixo das projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que projetavam alta de 0,96% em março. O intervalo das estimativas era de 0,83% a 1,06%.

A gasolina foi o item que mais pressionou a inflação no mês, com alta de 11,18%, representando sozinha um impacto de 0,56 ponto percentual no índice. Foi o nono mês consecutivo de alta.

Também houve alta nos outros combustíveis: etanol (16,38%), óleo diesel (10,66%) e gás veicular (0,39%).

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 8 tiveram alta em março. A maior taxa foi verificada em Transportes (3,79%), que aceleraram em relação a fevereiro (1,11%), sobretudo em decorrência do aumento nos preços dos combustíveis.

A segunda maior pressão no resultado do IPCA-15 de março veio do grupo Habitação, com alta de 0,71%. O destaque foi o gás de botijão, que aumentou 4,60% e registrou o 10º mês consecutivo de alta.

Em um ano, etanol teve alta maior que gasolina, segundo ANP
Em um ano, etanol teve alta maior que gasolina, segundo ANP

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: 0,12%
  • Habitação: 0,71%
  • Artigos de residência: 0,55%
  • Vestuário: 0,03%
  • Transportes: 3,79%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,24%
  • Despesas pessoais: 0,10%
  • Educação: -0,51%
  • Comunicação: 0,02%
Preço das carnes sobe 1,72%

Entre os alimentos, o destaque de alta foram as carnes (1,72%).

O grupo de alimentação e bebidas subiu 0,12% em março, desacelerando em comparação com fevereiro (0,56%). Os alimentos para consumo no domicílio caíram 0,03% após 7 meses consecutivos de alta, sobretudo por conta das quedas nos preços do tomate (-17,50%), a batata-inglesa (-16,20%), o leite longa vida (-4,50%) e o arroz (-1,65%).

O custo da alimentação fora do domicílio também desacelerou em comparação com o mês anterior, registrando 0,49% em março frente 0,56% de fevereiro. O índice foi influenciado pelo lanche (0,64%) e pela refeição (0,33%), itens que, em fevereiro, aumentaram 1,20% e 0,37%, respectivamente.

Todas as regiões pesquisadas tiveram alta em março

Todas as regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram alta no mês. A maior foi na região metropolitana de Belém (1,49%). A menor foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,52%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de fevereiro a 15 de março de 2021 e comparados com aqueles vigentes de 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Perspectivas e meta de inflação

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 2,75% ao ano.

Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 4,71% no ano, acima da meta central do governo, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. O mercado também elevou a expectativa para taxa Selic ao final de 2021, de 4,5% para 5% ao ano.

Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.

Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1 


Carne bovina para o consumidor sobre quase seis vezes mais do que a inflação
Carne bovina para o consumidor sobre quase seis vezes mais do que a inflação

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domingo, 21 de março de 2021

Com aumento de incertezas, pessimismo com a economia já atinge estimativas para 2022

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Alguns analistas apontam que economia brasileira terá dificuldade para crescer mais de 2% no próximo ano. País enfrenta quadro de piora fiscal, lida com aumento de juros e incerteza política e vê cenário externo mais desafiador.
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Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1

Postado em 21 de março de 2021 às 12h30m

 .*  Post. N. = 0.235  *.  

Depois do tombo de 4,1% no PIB no ano passado, a expectativa era que a economia mostrasse uma recuperação significava este ano e no próximo. Mas o pessimismo está se alastrando, e não se restringe a este ano: nas últimas semanas, parte dos bancos e das consultorias começou a revisar para baixo a projeção para o desempenho para 2022.

No relatório Focus, do Banco Central, os analistas consultados projetam que a atividade econômica deve crescer 2,5% no ano que vem. Mas já há economistas que avaliam que o PIB deve ter dificuldade para superar o patamar de 2% no próximo ano.

O banco Itaú, por exemplo, reduziu a projeção de crescimento de 2022 de 2,5% para 1,8%. Num movimento similar, a consultoria MB Associados diminuiu de 2,4% para 1,8% a previsão de alta do PIB.

A dificuldade prevista para 2022 se soma a um cenário de bastante cautela já presente neste ano diante do descontrole da pandemia de coronavírus. Com a disparada de mortes provocadas pela Covid-19 e o lento ritmo de vacinação, os economistas avaliam que o PIB deve crescer pouco mais de 3% em 2021, sem recuperar as perdas de 2020.

São vários os fatores que têm contribuído para uma visão mais pessimista para o Brasil no médio prazo. Nessa lista estão a piora fiscal enfrentada pelo país, o aumento da taxa de juros, a incerteza com a eleição presidencial do próximo ano e o comportamento da economia global.

Por ora, os efeitos diretos da pandemia de coronavírus, como a abertura e fechamento de atividades consideradas não essenciais, não são vistos como uma grande ameaça para 2022. A expectativa é que a economia comece um processo de reabertura mais consistente a partir do segundo semestre de 2021. Mas, se o Brasil falhar no ritmo de vacinação, o cenário para o próximo ano pode ser ainda mais difícil.

Piora fiscal

A situação das contas públicas tem preocupado analistas desde 2014, quando o endividamento do país passou a crescer.

No ano passado, com todas as medidas adotadas para mitigar o avanço da pandemia de coronavírus, a dívida bruta do Brasil chegou a 89,3% do PIB – o patamar é considerado elevado para uma economia emergente como brasileira.

Com o descontrole da pandemia e a lenta vacinação, a dívida bruta deve crescer ainda mais em 2021 diante da necessidade do governo de socorrer famílias e empresas afetadas pela crise sanitária. Embora haja espaço no orçamento, a equipe econômica decidiu, por exemplo, bancar a nova rodada do Auxílio Emergencial com crédito extraordinário, ou seja, com mais endividamento. Neste ano, o benefício deve custar R$ 44 bilhões.

A expectativa de piora das contas públicas e a falta de clareza com o futuro das finanças do país preocupam e afastam os investidores. Como consequência, a percepção de risco sobre a economia brasileira cresce, desencadeando uma desvalorização do real e um aumento da inflação.

"O principal ponto é o problema fiscal do Brasil", diz Luka Barbosa, economista do banco Itaú. "O país tem uma dívida pública muito elevada para um país emergente. Esse problema eleva o prêmio de risco da economia brasileira, faz a taxa de câmbio depreciar, aumenta a inflação e torna necessária a subida de juros." 
Alta dos juros

Na quarta-feira (17), o BC deu início ao ciclo de alta da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu boa parte dos analistas e aumentou a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano – a aposta majoritária era de uma subida de 0,50 ponto.

Juros mais alto encarem a tomada de crédito, afetando o consumo das famílias e os investimentos das empresas.

Copom eleva taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano
Copom eleva taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano

Mesmo com uma atividade enfraquecida, o Banco Central tem sido pressionado pela inflação. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,2% em 12 meses e ficou próximo do teto da meta do governo, que é de 5,25%.

Nas projeções da consultoria MB Associados, a Selic deve encerrar este ano em 5,5% e vai chegar a 6,5% em 2022.

"O aumento dos juros tira efeitos de crescimento especialmente de consumo e investimento", afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. "O setor imobiliário, por exemplo, que se beneficiou da taxa de juros a 2% terá na taxa de 5,5% e 6,5% um momento mais difícil para vendas financiadas." 
Dúvida eleitoral

Com tantos problemas na economia, o Brasil caminha para a próxima a eleição presidencial com uma serie de desequilíbrios. No debate político, a principal dúvida será como o país vai encaminhar uma agenda de reformas, sobretudo na área fiscal, para acertar as contas públicas.

Por ora, na leitura dos analistas, os principais candidatos serão o atual presidente Jair Bolsonaro e o petista Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a ser elegível no início deste mês.

"O cenário eleitoral deve se consolidar numa disputa entre Bolsonaro e Lula. A gente acha bastante difícil uma construção de centro porque não está fácil achar um nome", afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Os dois candidatos despertam incerteza. Depois de mudar o comando da Petrobras, o mercado passou a questionar se Bolsonaro vai adotar uma posição intervencionista na economia e, para o futuro, qual será a cara da equipe econômica num eventual segundo mandato. Na quinta-feira (18), uma nova névoa sobre o rumo da política econômica. Foi a vez de André Brandão deixar o cargo de presidente do Banco do Brasil.

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Com Lula, a dúvida também é qual deve ser a cara do programa econômica apresentado pelo petista se ele participar da disputa.

"O cenário de 2022 vai ser de bastante volatilidade e de aumento de riscos, seja por essas potenciais novas políticas (econômicas) do Bolsonaro e, claro, pela disputa eleitoral, com uma dúvida de qual será a política apresentada pelo Lula", diz Alessandra.

A consultoria Tendências projeta que o PIB de 2022 deve crescer 2,5%, mas, diante de todas as incertezas, avalia que há um risco dessa previsão ser revisada para baixo.

"A questão é se haverá uma condução da política minimamente responsável", afirma Marcelo Fonseca, economista do Opportunity Total. "O sistema político tem de entender que é a solvência do estado brasileiro que está em xeque." 
Cenário externo

O Brasil também lida com um cenário internacional mais desafiador.

Com a economia dos Estados Unidos dando sinais de aquecimento, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) pode promover um aumento das taxas de juros antes do esperado pelo mercado com o objetivo de controlar a inflação.

FED mantém taxa de juros e faz previsões otimistas para a econmia dos EUA
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Uma alta dos juros nos EUA tem potencial para atrair recursos aplicados em economias consideradas mais arriscadas, como a brasileira.

"É mais um fator de incerteza, e os países que apresentam riscos maiores vão sofrer muito mais", diz Alessandra, da Tendências.

O governo do presidente Joe Biden conseguiu aprovar um pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão, o que deve dar um fôlego extra para a economia norte-americana.

Na quarta-feira (19), o Fed decidiu manter as taxas de juros próximas de zero até 2024 e aumentou a projeção de crescimento para este ano de 4,5% para 6,5%.

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